COP 27: Abaetetuba participa de debate sobre desafios das cidades na Amazônia
Centros urbanos vão concentrar 60% da população até 2030 e serão decisivos no esforço de combater crise climática, aponta Instituto
A prefeita de Abaetetuba, Francineti Carvalho, é uma das convidadas a participar de uma mesa de debates na COP 27 sobre os desafios de buscar um desenvolvimento que concilie as pessoas e o meio ambiente nas cidades amazônicas. A 27ª Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27) é realizada na cidade de Sharm El-Sheikh, no Egito, até o dia 18.
A COP 27 é o mais importante evento sobre ação climática no mundo e reúne autoridades, empresas, pesquisadores e lideranças de diversas áreas para definição de acordos climáticos e metas para garantir o desenvolvimento sustentável.
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A mesa que terá participação de Abaetetuba tem como tema “Prefeitas Amazônicas construindo caminhos rumo à transição justa” e, além da prefeita Francineti, a discussão contará ainda com participação das prefeitas Eliene Liberato, do município de Cáceres, no Mato Grosso e Cinthia Ribeiro, de Palmas, capital do Estado do Tocantins.
A programação integra uma série de atividades de grupos brasileiros na COP 27 e será realizada na “Brazil Climate Action Hub”. O debate é organizado pelo Instituto Alziras, que coordena a Delegação de Prefeitas e Parlamentares Brasileiras que estarão presentes no evento.
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Para Francineti, o evento será uma oportunidade de adquirir conhecimento a partir de outras experiências, mostrar o que vem sendo feito e buscar parcerias de investimentos. “Vamos mostrar as nossas potencialidades, o que o município tem de potencial para ajudar a combater as mudanças climáticas a partir da nossa experiência. Abaetetuba é um exemplo para o mundo pois nós estamos entre os municípios que menos desmatam no Pará e na Amazônia. Temos uma grande parcela da nossa população, quase a metade vive na zona rural e ribeirinha. E sabemos que nas cidades é que está o excesso de consumo e produção de resíduos. Então estamos levando nossas experiências positivas e o exemplo de um povo que cuida sim bem do nosso meio ambiente”, diz a gestora.
Prefeitura Francinete também considera a COP 27 oportunidade para buscar investimentos em projetos que possam aliar desenvolvimento com sustentabilidade (Instagram / Francineti Carvalho)
Para ela, a COP 27 também servirá para buscar novos investimentos em projetos que possam aliar desenvolvimento com sustentabilidade. “Vamos também buscar parcerias e investimentos para desenvolver mais. O maior desafio é aliar desenvolvimento econômico com preservação do meio ambiente e fazer isso principalmente olhando para as pessoas. O desenvolvimento e a preservação não podem acontecer sem pensar nas pessoas. Tem que encontrar soluções ambientais, mas pensando nos territórios que as pessoas vivem”, avalia Francineti.
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Entre os principais desafios atuais, segundo a prefeita, é a gestão de resíduos e a mudança de cultura das comunidades. “A mesa terá três mulheres prefeitas, com diferentes perspectivas. E um desafio comum é a questão do descarte de resíduos, que é um problema vivido por todos. Nós temos a coleta nas comunidades ribeirinhas, que é mais complicada. Temos que encontrar financiamento, superar as burocracias de financiamento e implementar soluções técnicas viáveis”, diz. “Vejo que a COP 27 é uma oportunidade de firmar parcerias. E conhecer mais experiências para que possamos aplicar, com a devida adaptação para a nossa realidade, soluções. O conhecimento é a maior ferramenta de poder e vamos buscar isso”, complementa.
Ela também destaca projetos que possam educar crianças e adolescentes desde cedo a ter boa relação com o meio ambiente em que vivem. “Temos projetos que começam na infância, como o agente ambiental mirim, já com orientação de educação ambiental, o descarte correto e a criação de uma nova cultura para que elas sejam multiplicadoras dessa visão de preservação com sustentabilidade e desenvolvimento”, afirma.
Dados - De acordo com o instituto Alziras, mais da metade da população mundial vive em centros urbanos e a previsão da Organização das Nações Unidas (ONU) é de que esse número irá saltar para 60% até 2030. “Por sofrerem diretamente os impactos das mudanças climáticas, as cidades têm um importante papel a desempenhar para seu enfrentamento. Este painel tem como objetivo promover o debate sobre o que está sendo feito concretamente para que a crise climática seja enfrentada de forma equitativa nas cidades amazônicas, sob a liderança de mulheres, entendendo que elas têm um papel fundamental na construção de novos paradigmas de desenvolvimento centrado nas pessoas e na natureza”, diz o texto assinado por Clara de Sá e Michelle Ferreti Codiretoras do Instituto Alziras.
“Os governos subnacionais possuem grande centralidade nesta agenda, já que muitas das soluções para os desafios climáticos se dão no âmbito das cidades. Da mesma forma, o protagonismo das mulheres à frente das soluções climáticas tem se mostrado imprescindível para moldar um futuro mais saudável, sustentável e inclusivo. Neste sentido, a participação de mulheres chefes do executivo municipal de cidades brasileiras na COP27 é estratégica para que a comunidade supere, de modo mais efetivo, os desafios da crise climática na esfera local”, afirma o comunicado do Instituto Alziras sobre o debate.
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