Abertura da Conferência de Alto Nível da ONU em Belém destaca o apelo pela preservação da Amazônia
No evento, autoridades nacionais e internacionais discutem temas como justiça climática, criminalidade na Amazônia, inclusão social e desenvolvimento sustentável

Na manhã desta segunda-feira (7), teve início em Belém a Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Segurança Humana e Justiça Climática. Realizado no Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas, o evento reúne autoridades nacionais e internacionais para discutir temas como justiça climática, criminalidade na Amazônia, inclusão social e desenvolvimento sustentável. A conferência faz parte da preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro de 2025, também na capital paraense.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, declarou oficialmente a abertura da conferência. Estiveram presentes ainda o governador do Pará, Helder Barbalho; o procurador-geral de Justiça do Pará, César Mattar Jr.; e o coordenador do Comitê Permanente da América Latina para a Prevenção do Crime (Coplad), Edmundo Oliveira.
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Fachin destacou o papel do encontro como um espaço de preparação e reflexão conjunta. “Este evento internacional simboliza o início de uma travessia coletiva rumo a uma nova consciência sobre os direitos humanos e ambientais. É um chamado para que articulemos esforços em torno de soluções reais e duradouras para a crise climática, sobretudo a partir da perspectiva da Amazônia”, afirmou.
Disparidades globais
Durante a abertura, Edmundo Oliveira chamou atenção para as disparidades nos investimentos mundiais. “Gastamos 3 trilhões de dólares por ano com despesas militares, mas só 280 bilhões vão para países em desenvolvimento e 45 bilhões para os direitos humanos”, afirmou.
Oliveira alertou ainda que o custo total da violência no mundo gira em torno de 19 trilhões de dólares por ano, o equivalente a 3% do PIB mundial. “Esse dinheiro seria suficiente para erradicar a fome e a pobreza, dois grandes sons da humanidade que seguimos ignorando”, completou.
Em tom crítico e provocativo, ele relembrou o histórico das conferências climáticas e dos conflitos globais. “A primeira COP foi em 1995, em Berlim. Trinta anos se passaram e o planeta continua pedindo socorro. Há quanto tempo o mundo não comemora um acordo de paz?”, questionou. E completou: “Dois bilhões de pessoas vivem hoje em zonas de tensão, o que representa um quarto da humanidade.”
Ao comentar a importância da Amazônia no debate climático e humanitário, afirmou que a floresta não é apenas um bioma, mas um símbolo global. “A Amazônia pertence ao Brasil, mas o mundo depende da Amazônia. Ela não é só floresta. A Amazônia é um desafio humanitário.” Para ele, a conferência em Belém tem o papel de “dar substância à esperança” e fortalecer o papel das Nações Unidas na construção de alternativas geopolíticas e sociais. “Não temos outro órgão capaz de redesenhar a governança global. Só a ONU pode ser esse fio condutor entre governos e cidadãos”, concluiu.
Justiça ambiental e populações tradicionais
O procurador-geral de Justiça do Pará e coordenador regional do evento, César Mattar Jr., destacou a importância de um olhar especial às populações tradicionais. “Não se pode falar em injustiça climática, segurança humana, desenvolvimento sustentável ou prevenção à criminalidade se não tivermos em mente quem guarda a floresta. Muitos precisam do poder público, mas alguns precisam mais do que outros”, afirmou.
Para ele, o desafio está em combinar políticas integradas de governança e cooperação multilateral. “É preciso acelerar a Agenda 2030 da ONU, apoiar os compromissos assumidos no Acordo de Paris e garantir mais investimentos para projetos sociais, especialmente com apoio do Fundo Amazônia. Realizar esta conferência e a COP 30 em Belém é um sinal claro da escolha pela redução das desigualdades sociais na região”, disse.
Amazônia no centro do debate
Durante a cerimônia, o governador do Pará, Helder Barbalho, ressaltou a urgência de alinhar políticas públicas multissetoriais no combate à devastação ambiental e à criminalidade. “Unir políticas públicas com projetos estruturantes é ainda mais urgente diante das mudanças climáticas que nos desafiam. A COP 30 será a COP da floresta, da Amazônia, do Brasil. Será a oportunidade de discutir mudanças climáticas a partir da maior floresta tropical do mundo”, afirmou.
Segundo Helder, é preciso enfrentar o consórcio entre crimes ambientais e outras práticas ilegais, como o narcotráfico. “Estamos diante de uma pressão sobre nosso patrimônio natural e cultural. Preservar a floresta e seus recursos é essencial para que tragédias não se repitam”, completou.
Programação da Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Segurança Humana e Justiça Climática
14h45 - 15h42: Desenvolvimento de cidades inteligentes na Amazônia.
15h45 - 16h50: Esporte como ferramenta de inclusão social.
Encerramento (17h - 18h)
Sessão conduzida pelo ministro Kassio Nunes Marques, com leitura da Declaração de Belém – Pacto para o Futuro da Amazônia.
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