Azerbaijão defende petróleo e gás na reunião do clima COP29: 'presente de Deus'

Declaração foi dada no primeiro dia do evento em Baku, capital do Azerbaijão

Jordi ZAMORA / AFP
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O petróleo e o gás são "presentes de Deus" e os países que possuem estes combustíveis não devem ser culpados, afirmou nesta terça-feira (12.11) o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, ao receber quase 75 líderes mundiais na COP29, a reunião de cúpula do clima.

Os países pobres, que constituem a maioria na 29ª conferência do clima, não devem deixar a reunião com as mãos vazias, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Os dois discursos, que se sucederam na tribuna da COP29, refletiram o grande contraste sobre a atitude em relação aos recursos naturais que divide a comunidade internacional. "O petróleo, o gás, o vento, o sol, o ouro, a prata, o cobre, todos (...) são recursos naturais e não se deve culpar os países por tê-los, nem por levar esses recursos ao mercado, porque o mercado precisa deles", disse Aliyev.

"Podem me citar quando eu digo que é um presente de Deus. Quero repetir hoje, diante desta plateia", declarou.

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O evento começou nesta segunda-feira (11) em Baku, capital do Azerbaidjão, e segue até o dia 22 de novembro

Embora os climatologistas e ecologistas insistam que os hidrocarbonetos são incompatíveis com a luta contra a mudança climática, Aliyev recordou que a própria União Europeia (UE) pediu há dois anos que o Azerbaijão duplicasse as exportações de gás. "Eles nos pediram ajuda e dissemos que sim, que ajudaríamos a Europa com sua segurança energética", recordou.

Financiamento climático

Guterres discursou após o presidente anfitrião e destacou o objetivo essencial da COP29, que reúne quase 53.000 participantes: um acordo sobre um novo financiamento para a luta climática.

Atualmente, os países industrializados, que se desenvolveram graças às energias fósseis, fornecem na forma de empréstimos e ajudas, de maneira bilateral ou através de instituições internacionais, pouco mais de 100 bilhões de dólares (575 bilhões de reais) por ano aos países em desenvolvimento.

O dinheiro serve para mitigar a mudança climática e para a adaptação às consequências dos fenômenos meteorológicos.

Os países vulneráveis e os especialistas afirmam que o valor da ajuda deve ser multiplicado em pelo menos 10 vezes. "Os países em desenvolvimento não devem sair de Baku com as mãos vazias. Um acordo é indispensável", disse Guterres.

Dificuldades

A cúpula do clima de Baku, que prosseguirá até quarta-feira, conta com a presença de apenas alguns líderes do G20, o grupo das principais economias do mundo. A COP29 começou na segunda-feira com dificuldades: a aprovação da agenda exigiu um dia inteiro de deliberações, mas os diplomatas do clima conseguiram aprovar regras para organizar o mercado de carbono, um tema que estava pendente há quase uma década.

A reunião de Baku quase coincide com o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que acontecerá em Lima de 14 a 16 de novembro, com as presenças dos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping.

A COP29 tem ausências notáveis, como o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Recorde de temperatura

Nos Estados Unidos, o presidente eleito Donald Trump é um declarado cético das mudanças climáticas, um defensor das energias fósseis como parte das fontes de abastecimento do país, sem menosprezar as fontes de energia limpa. O discurso é similar ao de outros países produtores de petróleo, incluindo o Brasil.

O Azerbaijão é o segundo país rico em hidrocarbonetos a receber uma COP, depois dos Emirados Árabes Unidos no ano passado.

Porém, como líder da maior potência mundial, Trump vai mais longe e é hostil ao grande Acordo de Paris de 2015, que estabeleceu as bases para as atuais negociações climáticas. Os Estados Unidos já abandonaram brevemente o acordo, durante a primeira presidência de Trump.

O mundo está a caminho de bater seu recorde de temperatura média em 2024, como aconteceu no ano passado. Um dos pilares do Acordo de Paris é fazer com que o aumento da temperatura média do planeta não supere +1,5ºC, algo que acontecerá pela primeira vez este ano, segundo o observatório europeu do clima Copernicus.

E, ao mesmo tempo, o mundo não diminui o consumo de energias de origem fóssil (carvão, petróleo, gás), que são as que garantem mais estabilidade e rapidez de combustão, às custas da poluição e da emissão de gases do efeito estufa.

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