COP 29 começa nesta segunda (11) com críticas ao Azerbaijão e cobrança por ações climáticas reais

O evento começou nesta segunda-feira (11) em Baku, capital do Azerbaidjão, e segue até o dia 22 de novembro

Gabi Gutierrez, da Redação, e Fábia Sepêda, direto de Baku, Azerbaijão

A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29) começou no Azerbaijão, em meio a expectativas e críticas sobre a escolha do país como sede do evento, nesta segunda-feira (11). A cidade de Baku, onde a COP 29 está sendo realizada, abriga uma estrutura imponente e moderna para acolher cerca de 50 mil participantes ao longo das próximas duas semanas. Entre os temas centrais do encontro estão o financiamento climático, o avanço das energias renováveis, a adaptação às mudanças climáticas e o estabelecimento de novas metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Apesar da importância das pautas, a escolha do Azerbaijão, um dos principais produtores de petróleo e gás natural do mundo, levanta questionamentos sobre o compromisso real com o combate às mudanças climáticas.

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Alana Manchineri, liderança indígena da Amazônia e coordenadora de comunicação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), destacou a contradição de se realizar a COP 29 em um país cuja economia é altamente dependente de combustíveis fósseis, situação semelhante à da COP 28, realizada em Dubai. “São países cuja economia depende da exploração de petróleo, algo que nós, da Amazônia e da COIAB, temos combatido, defendendo a não proliferação de combustíveis fósseis e cobrando compromissos reais dos países. Muitas vezes, esses compromissos ficam só no papel e não têm efeito prático nos territórios,” afirma Alana. Segundo ela, as comunidades indígenas e as organizações de base enfrentam diretamente os impactos da exploração de petróleo, gás e potássio em seus territórios, ressaltando a urgência de ações concretas e efetivas.

A liderança indígena também falou sobre a expectativa para a COP 30, que será realizada em Belém, na Amazônia, no próximo ano. “Nosso objetivo para a COP 30 é que, se as autoridades, os presidentes dos países, não assumirem compromissos realmente eficazes para enfrentar as crises climáticas, nós, as autoridades indígenas, estaremos preparados para agir. Por isso estamos lançando uma troika indígena aqui na COP 29, que fortalecerá o processo de construção de uma NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada] indígena, com compromissos reais que precisamos estabelecer para evitar um futuro em que o planeta esteja em chamas,” reforçou Alana.

O jornalista norte-americano Victor Swezey compartilhou suas impressões sobre a peculiaridade de realizar uma conferência climática em um país tão dependente de combustíveis fósseis. “Acho que uma das minhas primeiras impressões sobre a conferência foi justamente o quão peculiar é realizar uma conferência climática em Baku. Quando você chega, dá até para sentir o cheiro do petróleo no ar e ver esses enormes prédios construídos com uma economia que depende tanto de combustíveis fósseis, como é o caso do Azerbaijão,” comenta. Ele também apontou os desafios que a conferência pode enfrentar, considerando as recentes tensões políticas e a falta de comprometimento de alguns países poderosos com o financiamento climático: “Parece que pode ser complicado alcançar algum tipo de avanço imediato.”

Apesar das questões logísticas e da grande estrutura montada, com corredores e salas dedicadas exclusivamente à conferência, Swezey revelou a dificuldade de se locomover no local. “Senti como se todo corredor fosse igual. Tudo é revestido por essas paredes verdes. Precisei ficar olhando o mapa o tempo todo. Realmente, é difícil me orientar por aqui,” descreveu o jornalista.

O ministro da Ecologia do Azerbaijão e presidente da COP 29, Mukhtar Babaiev, destacou em seu discurso de abertura a urgência do comprometimento global: “Isso não é fácil. Nós definimos essas expectativas porque acreditamos que são absolutamente necessárias. É uma corrida pelas nossas vidas.” A pressão pela adoção de medidas concretas aumenta, especialmente após a confirmação pela Organização Meteorológica Mundial de que 2024 deve ser o ano mais quente já registrado.

Para a comunidade indígena e outros ativistas ambientais, a COP 30 na Amazônia representa uma oportunidade histórica para que os países assumam compromissos significativos e respeitem as demandas das populações mais afetadas pelos impactos das mudanças climáticas. Enquanto isso, a COP 29 segue em Baku, com participantes e líderes globais sob constante vigilância dos que cobram ações reais.

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