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O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

O que deve marcar a história completa de cada pessoa por toda a vida?

Océlio de Morais

Se temos dinheiro, podemos comprar feijão, arroz, carne, frango, ovos, fruta, enfim, tudo o que é necessário à subsistência básica.  Temos aqui uma ideia de bem-estar material pelo tempo da existência de cada pessoa. Se temos dinheiro, como hipótese, o consideramos como resultante do trabalho honesto no âmbito de uma economia inclusiva ou economia ética. 

Isso é o que o humanista Amartya Sen aponta –  nas obras “Ética e economia” (Almedina, 2012) e “Sobre ética e economia” (Companhia das Letras, 2017) – como necessária à implementação da economia ética ou economia de bem-estar como uma questão de valoração da pessoa humana diante da economia divorciada da ética. 

Para Sen, a ética é o valor fundamental que deveria orientar a economia, o que representa que, em seu pensar, a economia possui em si mesma uma filosofia moral: o fundamento da filosofia moral – (as virtudes)– é a base para sua eficiência, objetivando colocar a pessoa humana como centro de suas prioridades. 

Um parêntesis: Com essa visão humanista, foi distinguido com o prêmio Nobel de Economia em 1998. Fecho o parêntesis. 

De modo bem simplificado, vamos do presente às origens: no cotidiano das pessoas, no senso comum, trabalhamos para o nosso sustento e conforto mínimo ou bem-estar desejável.  

Essa perspectiva indica que o trabalho é um valor ético; portanto, contém uma natureza valiosa que se apresenta como um pressuposto necessário à promoção da economia ética referida por Amartya Sen– condição moral que se contrapõe a toda espécie de trabalho e economia desonestos. 

O resultado do trabalho não é, por esse viés, uma mera “mais valia” como apontada no materialismo histórico da ideologia marxista de Karl Marx – o psicanalista e filósofo Chileno Gómez, nas obras “Deus da Filosofia, Deus existe?” e “Os cavaleiros do ateísmo”, o incluiu dentre os cavaleiros do ateísmo – sobre a divisão de classes sociais. 

Ao contrário disso, na perspectiva do que estou tratando (a filosofia moral da economia ética), o fruto do trabalho honesto é, primordialmente, um valor ético com raízes teológicas. 

Observemos: o trabalho honesto traduz a moral (ou virtude) humana – virtude que, na ciência espiritualista da criação do homem e da mulher – é assim relatada na origem pelo próprio Divino Criador: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra (...).” (Gen, 3:19), o que significa que – com o trabalho árduo – estamos cumprindo a saga humana da criação Divina.  

Veja-se: este é o sentido do merecimento justo que deve marcar a história completa de cada pessoa por toda a vida – realidade que bem mais tarde também foi pensada pelo rei Salomão em Eclesiastes, 1: 3-4 – o livro foi escrito entre   450 e 180  antes de Cristo., assim expresso: 

“Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece”. (Eclesiastes, 1: 3-4).

A resposta na escatologia teológica à pergunta do “Pregador” – aquele que foi “rei sobre Israel em Jerusalém.” (Eclesiastes, 1:12) – é a seguinte: como espécie de sabedoria prática, o trabalho honesto é destinado à edificação moral e espiritual, porque é nele que se exercita a sabedoria (Eclesiastes, 1:13), visto que fora do trabalho honesto, “todas as obras que se fazem debaixo do sol”, equivalem ao fruto da “vaidade e aflição de espírito”, resultando na deturpação do valor espiritual do trabalho. 

Naquele contexto histórico, a “vaidade” relacionada ao serviço representava – mas é válido à nossa atualidade – que o trabalho executado sem sabedoria (sem virtude ou com desonestidade) constituía algo sem significado moral, porque é reduzido a uma “enfadonha ocupação”, nas palavras do “Pregador”.

Por isso que o trabalho honesto (por palavras ou por obras) para ser uma virtude teológica, exige que tudo seja feito “em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses, 3:17).

Posso então concluir essa breve pensata filosófica, afirmando que a ideia do trabalho ético, como pressuposto para uma economia ética – e que pode gerar o bem estar humano – “é um dom de Deus” (Eclesiastes 3:13). 

Logo, o princípio motor do trabalho ético tem raízes inseridas na escatologia teológica da Criação, conforme também pode ser constatado em Eclesiastes 3:12-13: 

–“Já tenho conhecido que não há coisa melhor para eles do que se alegrarem e fazerem bem na sua vida; e também que todo homem coma e beba e goze do bem de todo o seu trabalho. Isso é um dom de Deus.”

 

ATENÇÃO: Em observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

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