Maniçoba é prato indispensável dos paraenses no Círio; veja como consumir a iguaria com moderação

"A maniçoba é o aroma do Círio e tem que ser feita com amor”, disse a cozinheira Bruna Araújo, 36 anos

Dilson Pimentel
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A maniçoba é o aroma do Círio. É assim que a cozinheira Bruna Araújo, de 36 anos, se refere a um dos principais pratos da culinária do Pará. Às vezes do Círio, a iguaria ganha destaque nos cardápios dos lares paraenses. E o cheiro da comida já começa a ser sentido em Belém. É o anúncio de que o Círio está chegando. A maniçoba não pode falar na reunião familiar nas celebrações da festividade nazarena.

Bruna começou a preparar maniçoba na época da pandemia da covid, quando seu pai teve a doença. O preparo da comida surgiu como uma terapia para ela. “Meu pai (Lima Araújo) é fanático por maniçoba”, contou. Como a maniva leva sete dias fervendo, ela imaginou que, após esse período, seu pai já estivesse bem de saúde e, assim, poderia comer a maniçoba.

“É o tempo que o senhor vai ficar sarado e vai comer a minha maniçoba”, disse ela para o pai. E, de fato, foi o que ocorreu. São sete dias fervendo a maniva para que seja retirado totalmente o ácido cianídrico da folha, por ser altamente tóxico e letal.

A cozinheira prepara a maniçoba para a família, mas também vende a iguaria. No começo, pesquisou bastante sobre o assunto. Também pegou a receita das avós. E começou preparando quatro quilos. No ano passado, foram 300 quilos. E, neste ano, essa quantidade deve aumentar. “Sempre foi uma tradição da família”, disse. Bruna geralmente começa a preparar uns 15 dias antes do Círio. E gosta, ela mesmo, de preparar pessoalmente todos os ingredientes. Sua preocupação não é a quantidade, mas, sim, a qualidade.

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No dia do Círio, além do almoço em família, os parentes e amigos também levam um pouco para as suas casas. “É o brinde do almoço do Círio. Eles almoçam e levam a marmitinha da maniçoba”, contou. Ela prefere comprar a maniva e os ingredientes no supermercado: toucinho, paio, bacon, calabresa. “Eu uso carne suína e carne bovina. Também preparo a carne assada, acompanhada de um molho. Eu jogo ela antes de jogar o molho e ele acrescenta um gosto especialzinho na maniçoba”, contou.

Bruna disse que não há como falar em Círio sem associar essa época à maniçoba. “O cheiro da maniçoba não tem igual. Sete dias antes já fica aquela ‘perturbação’ de vizinho”, brincou. “É o aroma do Círio”, disse. “Para fazer a maniçoba tem que ter cuidado e toque especial. Você tem que fazer com amor”, disse.

image A cozinheira Bruna Araújo preparando os ingredientes: "Maniçoba tem que ter o cuidado e toque especial. Você tem que fazer com amor” (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

Nutricionista orienta sobre como comer maniçoba na medida certa

A nutricionista Jamile Barros deu dicas sobre como comer a maniçoba na medida certa, sem exageros. Ela disse que é sabido que não é hábito do paraense iniciar a refeição com um prato de salada, mas que essa prática ajuda bastante a aumentar a saciedade e evitar exageros na hora do prato principal. “Quando falamos de maniçoba, essa iguaria de nossa culinária, sabemos que é um prato normalmente gorduroso e calórico. Dessa forma, começar a refeição com uma salada vai ajudar a reduzir a porção”, explicou.

Outra orientação é consumir a maniçoba em apenas uma refeição do dia (de preferência no almoço) para controlar a ingestão calórica. E, na hora do jantar, opte por outra preparação mais leve, sugeriu. A nutricionista disse que não se deve comer maniçoba todo dia. “No preparo da maniçoba comum, são usados ingredientes muito gordurosos, ricos em gordura saturada (carnes, bacon, chouriço, paio), e o alto consumo desses ingredientes eleva os riscos de doenças cardiovasculares, assim como os índices de colesterol LDL (colesterol ruim). Portanto, coma maniçoba no almoço do Círio, congele algumas porções e vá consumindo com o tempo”, afirmou.

Jamile Barros também disse que o acompanhamento ideal é o arroz, seguindo a cultura regional paraense. “A maniçoba é um prato que remete às nossas raízes. Então devemos preservar a tradição. Pode-se utilizar arroz integral, cozido com folhas de jambu. Fica muito bom”, contou. “Porém, como sabemos que almoço de Círio significa mesa farta, com muitas preparações diferentes, como pato ou frango no tucupi, lasanhas e sobremesas, é importante tentar equilibrar a quantidade de comida até mesmo para evitar desconfortos no estômago e problemas intestinais”, acrescentou.

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