Volkswagen se nega a pagar R$ 165 milhões de indenizações por trabalho escravo em fazenda no Pará

Empresa, acusada de ter praticado tráfico de pessoas durante ditadura, deixou as negociações

O Liberal
fonte

A Volkswagen se recusou a pagar indenização de R$165 milhões a trabalhadores da Fazenda Volkswagen, localizada no Pará. A empresa é acusada de trabalho escravo e tráfico de pessoas durante a ditadura militar no Brasil. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), a empresa abandonou a negociação em audiência nesta quarta-feira.

A fazenda de cerca de 140 mil hectares, conhecida como Fazenda Vale do Rio Cristalino, empregou trabalhadores em situação degradante, com violações de direitos humanos e falta de acesso a água potável, alimentação precária e tratamento médico nos casos de malária. Os trabalhadores eram impedidos de deixar o local em razão de vigilância armada ou de “dívidas” contraídas.

MPT: empresa participou diretamente da gravíssima violação

O MPT afirmou que a empresa participou diretamente da "gravíssima violação", que teria ocorrido durante mais de 10 anos. A proposta do MPT seria utilizar o valor da indenização para reparação dos trabalhadores vitimados e para a criação de um programa de levantamento histórico, identificação e busca de outros trabalhadores submetidos ao mesmo tratamento na fazenda.

A Volkswagen, em nota, informou que rejeita as alegações apresentadas nos registros da investigação e que "não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros".

VEJA MAIS

image Caseiro que usava tornozeleira eletrônica era controlado e mantido como escravo por dono de sítio
Trabalhador dormia no mesmo local que era usado como chiqueiro de porcos na propriedade

image Entre os 15 municípios do Brasil com mais infrações de trabalho escravo, 7 são do Pará
Historicamente, as regiões sul e sudeste paraense são onde mais o trabalho escravo está presente

image Vereador que ofendeu baianos vítimas de trabalho escravo é expulso do Patriota
Partido considerou que Sandro Fantinel desrespeitou a dignidade humana.

A investigação foi conduzida após reportagens da televisão pública ARD e do jornal Süddeutsche Zeitung, da Alemanha, publicadas em maio de 2022. O MPT afirmou que a empresa empregou trabalho escravo e cometeu tráfico de pessoas, entre as décadas de 1970 e 1980. Os trabalhadores narraram casos de tortura, violência por capatazes armados e aliciadores de mão de obra, além de relatos de estupro e morte de trabalhadores que tentaram fugir.

Resposta da Volkswagen

"O Ministério Público Federal do Trabalho iniciou um processo administrativo contra a Volkswagen do Brasil, em 2019, e notificou a empresa apenas três anos após o início das investigações. A Volkswagen do Brasil rejeita todas as alegações apresentadas nos registos da presente investigação sobre a Fazenda Vale do Rio Cristalino e não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros.

A empresa reforça o compromisso com a responsabilidade social, continua comprometida com os valores éticos e continuará participando e contribuindo para as adequadas condições de trabalho dos seus empregados, bem como para a evolução positiva da sociedade".

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Brasil
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BRASIL

MAIS LIDAS EM BRASIL