Volkswagen se nega a pagar R$ 165 milhões de indenizações por trabalho escravo em fazenda no Pará
Empresa, acusada de ter praticado tráfico de pessoas durante ditadura, deixou as negociações
A Volkswagen se recusou a pagar indenização de R$165 milhões a trabalhadores da Fazenda Volkswagen, localizada no Pará. A empresa é acusada de trabalho escravo e tráfico de pessoas durante a ditadura militar no Brasil. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), a empresa abandonou a negociação em audiência nesta quarta-feira.
A fazenda de cerca de 140 mil hectares, conhecida como Fazenda Vale do Rio Cristalino, empregou trabalhadores em situação degradante, com violações de direitos humanos e falta de acesso a água potável, alimentação precária e tratamento médico nos casos de malária. Os trabalhadores eram impedidos de deixar o local em razão de vigilância armada ou de “dívidas” contraídas.
MPT: empresa participou diretamente da gravíssima violação
O MPT afirmou que a empresa participou diretamente da "gravíssima violação", que teria ocorrido durante mais de 10 anos. A proposta do MPT seria utilizar o valor da indenização para reparação dos trabalhadores vitimados e para a criação de um programa de levantamento histórico, identificação e busca de outros trabalhadores submetidos ao mesmo tratamento na fazenda.
A Volkswagen, em nota, informou que rejeita as alegações apresentadas nos registros da investigação e que "não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros".
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A investigação foi conduzida após reportagens da televisão pública ARD e do jornal Süddeutsche Zeitung, da Alemanha, publicadas em maio de 2022. O MPT afirmou que a empresa empregou trabalho escravo e cometeu tráfico de pessoas, entre as décadas de 1970 e 1980. Os trabalhadores narraram casos de tortura, violência por capatazes armados e aliciadores de mão de obra, além de relatos de estupro e morte de trabalhadores que tentaram fugir.
Resposta da Volkswagen
"O Ministério Público Federal do Trabalho iniciou um processo administrativo contra a Volkswagen do Brasil, em 2019, e notificou a empresa apenas três anos após o início das investigações. A Volkswagen do Brasil rejeita todas as alegações apresentadas nos registos da presente investigação sobre a Fazenda Vale do Rio Cristalino e não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros.
A empresa reforça o compromisso com a responsabilidade social, continua comprometida com os valores éticos e continuará participando e contribuindo para as adequadas condições de trabalho dos seus empregados, bem como para a evolução positiva da sociedade".
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