Vítimas foram soterradas pela lama quando decidiram sair de casa
Corpos foram encontrados junto a bolsas, no litoral de São Paulo, o que indica intenção de fuga
Sobreviventes relatam que vítimas foram atingidas no momento em que decidiram deixar suas casas, durante a tragédia no litoral norte de São Paulo, onde militares e voluntários ainda buscam dezenas de pessoas soterradas. As informações são da Folha de S.Paulo.
Na madrugada do último domingo (19), parte dos moradores da Vila Sahy permaneceu acordada, cientes do risco representado pela chuva fora do comum. Bolsas com mudas de roupa encontradas junto aos primeiros corpos reforçam os relatos de quem escapou por pouco. Rios de lama arrastaram quem tentava sair pelos dois becos que davam acesso às moradias mais altas do bairro.
Vítimas estavam com bolsas próximo á saída
Nathalia Cerqueira, 25, moradora do bairro e uma das primeiras voluntárias a ajudar no reconhecimento das vítimas, conta como seus vizinhos estiveram perto de escapar da morte. Uma mulher, a filha, a neta e o padrasto foram encontrados próximos à saída da casa, com mochilas e tudo, mas não deu tempo de escapar.
Em vez de sair, o vendedor Lício Mota da Silva, 45, permaneceu na sala de casa quando a terra desmoronou, levando parte da sua cozinha e arrastando carros.
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Ele ficou cercado por água e lama passando pelos dois lados da casa. Silva mora no topo da ladeira, numa casa em frente a uma dezena de imóveis cujos moradores foram soterrados. Enquanto trechos de encostas dos dois lados da casa desabaram por completo, o barranco logo acima da residência dele permaneceu firme.
Carro de ambulante é arrastado, mas foi preservado
Ambulante, Silva depende do Fiat Fiorino para vender acessórios para telefone celular nas feiras da região. Apesar de a garagem ter sido tomada pela água, o carro foi arrastado para fora da enxurrada e, por isso, não foi danificado. "Deus colocou a mão e segurou", diz.
O aposentado Geronaldo Santos, 59, morador da travessa São Jorge, relata que o bebê encontrado morto no local caiu do colo da mãe enquanto ela tentava sair da área atingida. Santos aponta para um trecho em que um carro modelo Paraty da década de 1980 está quase totalmente enterrado e diz acreditar que pode haver mais vítimas embaixo da terra.
Defesa Civil explica formas de reconhecer perigo
Com a retomada da chuva na região, a Defesa Civil pede que as pessoas deixem suas casas e que façam isso logo nos primeiros sinais. "É importante que todos tenham a percepção de risco", disse o coronel Henguel Pereira, secretário-chefe da Defesa Civil, em vídeo postado nas redes sociais.
Ele completou dizendo que é importante sair logo que perceberem sinais de risco, como água barrenta descendo muito forte do morro, uma inclinação de poste, uma inclinação de árvore, um talude que desceu, ou alguma rachadura na casa que aumentou.
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