Varig 254, Chapecoense e Eduardo Campos: relembre acidentes aéreos marcantes na história do Brasil

Entre as tragédias está o Voo 3054 da TAM Linhas Aéreas, que deixou 199 mortos

Lívia Ximenes
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Acidentes aéreos são parte das vivências infelizes de uma sociedade, independente da proporção de perdas e danos. Nessa sexta-feira (9), um avião ATR-72-500 caiu em Vinhedo (São Paulo), resultando na morte dos 58 passageiros e quatro tripulantes presentes. Relembre outros acidentes com aviões tragicamente memoráveis na história do Brasil.

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Varig 254: de Marabá à Floresta Amazônica

image Acidente aéreo Varig 254 (Reprodução)

Por erro na interpretação de números, o Voo Varig 254 se tornou uma tragédia da aviação brasileira no dia 3 de setembro de 1989. Saindo de Marabá com rumo a Belém, a aeronave foi levada à mata fechada em meio à Floresta Amazônica pelo comandante Cesar Augusto Padula Garcez e o copiloto Nilson de Souza Zille.

A Varig estava em processo de modernização e, por isso, inseriu uma nova quarta decimal no painel de controle do avião Boeing 737-200. O padrão era diferente do interncional, seguido pelo comandante e copiloto. Garcez e Zille interpretaram a escrita como “0270” e descartaram o primeiro numeral, quando, na verdade, o que estava definido era “027,0” - último número definia o símbolo de grau. Ao adicionarem “270º” e não “27º”, levaram a aeronave, que deveria seguir para o nordeste do Pará, ao oeste.

O voo Marabá - Belém costumava durar 50 minutos e, após 45 minutos no ar, Garcez e Zille notaram que estavam em rota errada. Um passageiro, que frequentemente fazia a rota, avisou à aeromoça de que algo estava errado, mas foi ignorado pelo piloto, conforme relato do jornalista Roberto Cabrini no livro “No Rastro da Notícia”. Com pouco combustível, comandante e copiloto foram obrigados a pousar em mata fechada. De 54 passageiros no avião, 12 morreram e 17 ficaram feridos gravemente.

Perda do Chapecoense no LaMia 2933

image (BRUNO ALENCASTRO / AG. RBS / AE)

A Chapecoense (Chapecó, Santa Catarina), em novembro de 2016, disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional (Mellin, Colômbia). O avião, com 77 pessoas, fez um pouso forçado na região colombiana de Antióquia. O Voo 2933 era da empresa LaMia.

Essa era a primeira final internacional do Chape, marcada para o dia 30 de novembro daquele ano. Com origem na Bolívia, o voo foi interrompio a poucos quilômetros da pista do aeroporto José María Córvoda, na cidade La Unión. A área, antes denominada Cerro Gordo, atualmente é chamada de Chapecoense.

A causa do acidente foi falta de combustível, chamada de pane seca, devido ao planejamento de voo equivocado. Ao todo, 71 pessoas morreram, sendo 19 jogadores, 14 membros da comissão técnica, 11 dirigentes e convidados, oito tripulantes e 19 profissionais da imprensa.

Eduardo Campos e Cessna Citation 560XLS+

image (Reprodução)

Em 13 de agosto de 2014, Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, e outras seis pessoas morreram no acidente do avião Cessna Citation 560XLS+. A aeronave saiu do Rio de Janeiro (RJ) rumo ao aeroporto de Guarujá, em São Paulo. A queda aconteceu em Santos, interior paulista.

Três dias antes, Eduardo completeu 49 anos. Neto do político Miguel Arraes, o ex-governador morreu no dia do avô. Filho da ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes e de Maximiano Campos, poeta e cronista, Eduardo deixou a esposa, Renata Campos, e cinco filhos: Maria Eduarda, João, Pedro, José e Miguel.

Segundo a Polícia Federal, em 2018, quatro motivos podem ter levado ao acidente, sendo eles colisão com elemento externo, desorientação espacial, falha de profundor e falha de compensador de profundor. O avião caiu em um terreno baldio e os destroços atingiram casas e prédios vizinhos, resultando em 10 pessoas com ferimentos leves.

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Interrupção dos Jogos Pan-Americanos com o Voo 3054

O dia 17 de julho de 2007 seria lembrado pelos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, mas o acidente do Voo 3054 deu outra memória à data. O Airbus A320 da TAM Linhas Aéreas faz parte de uma das maiores tragédias da aviação brasileira, com mortes de passageiros, tripulantes e pessoas em solo. A transmissão dos jogos foi interrompida para noticiar o acidente.

Havia 187 pessoas a bordo da aeronave, mas ninguém sobreviveu. O voo era responsabilidade dos pilotos Kleyber Lima e Henrique Stefanini Di Sacco, que receberam autorização de pouso da torre de comando. Entretanto, ao acionarem o freio, não houve resposta do avião e o controle foi perdido.

O Airbus A320 ultrapassou a pista de pouso do aeroporto, cruzou a avenida Washington Luís e atingiu o prédio da TAM e um posto de combustível. A causa do acidente foi erro na posição das alavancas de comando da aceleração e potência, chamadas de manetas. Além dos 187 que estavam no voo, o acidente vitimou mais 12 pessoas, resultando em 199 mortes.

O AF447 não chegou em Paris

image (Reprodução / Vídeo / TV Globo)

A mais trágica rota aérea Brasil-França completou 15 anos em 2024. No dia 31 de maio de 2009, o Voo AF447, da Air France, saiu do Rio de Janeiro com rumo a Paris em uma viagem comum. Entretanto, por problemas técnicos, a aeronave caiu no Oceano Atlântico.

As causas do acidente foram determinadas por falhas nas sondas pitot do avião Airbus A330. Esses aparelhos, também chamados de tubos de pitot, medem a velocidade do avião em relação ao ar e enviam dados aos computadores de bordo, auxiliando na determinação da sustentação da aeronave. As informações repassadas aos computadores são utilizadas pelo piloto automático.

As sondas, porém, poderiam acumular cristais de gelo e foi isso que aconteceu. Ao chegar em Paris, os aparelhos seriam trocados por outros mais modernos. Em casos como esse, os pilotos podem optar por um desvio de rota para evitar turbulências, mas a decisão foi tomada de forma tardia por Pierre-Cédric Bonin e David Robert. O comandante, Marc Dubois, descansava no momento do acidente.

Após diversas intercorrências na aeronave, o voo AF447 não concluiu a rota devida e deixou 228 mortos no dia 1 de junho de 2009.

(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora de OLiberal.com)

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