Doação de sangue: ato demonstra amor e respeito com a vida
Cerca de 250 pessoas dependem, diariamente, de captação de sangue no Pará
A afirmação de que quem doa sangue doa vida não se tornou um clichê à toa. Diariamente, cerca de 250 pessoas precisam de transfusão para, literalmente, sobreviver. Mas, atualmente, uma média de 150 captações ocorrem por dia por dia. Ou seja, há um déficit de 100 doações para que seja possível atender a todas as demandas no estado do Pará. Em todo o Estado, há 11 pontos de captação de doadores, três só na capital paraense.
A dona de casa Luciele Martins tem 23 anos e vem quase que mensalmente de Cachoeira do Arari, no Marajó, para trazer o filho Raylan, de 6, para acompanhamento, em Belém. Diagnosticado com hemofilia, uma condição rara em que o sangue não coagula normalmente, ele costuma precisar de transfusão, já que a doença confere hematomas grandes ou profundos, dor nas articulações e inchaço, sangramento inexplicável e sangue na urina ou nas fezes.
VEJA MAIS
Ela conta que o serviço realizado em Belém, mais de uma vez, representou a segurança de que o filho de Luciele ficaria bem. “Ele e meu sobrinho de 15 anos, Luan, tem hemofilia, então o serviço aqui representa uma segurança”, diz. “Quando ele tinha um ano, ele caiu e teve um hematoma grave, teve que operar e ficou muito fraquinho e precisava de sangue. Fui tentar ser compatível e não podia, porque estava sem me alimentar direito porque ele estava doente, e não podia doar. Mas em dois dias conseguiram para ele aqui. Acho importante esse incentivo a mais para doação no mês de junho”, afirmou a jovem, que também faz o acompanhamento da criança para asma.
O mês seis do ano, desde 2015, é marcado pela campanha Junho Vermelho, iniciativa em todo o Brasil, pelo Ministério da Saúde. A campanha junina de doação de sangue, com o tema “Um ato de amor que salva vidas. Doe sangue” visa o reforço do estoque técnico de sangue captado no Pará, que está com déficit de 25% para atendimento da demanda transfusional da rede hospitalar. A ação contará com programações variadas, alusivas à campanha nacional e também pelo Dia Mundial do Doador de Sangue, lembrado neste dia 14 de Junho. Hoje, são atendidas no Estado 75% das solicitações transfusionais, quando o ideal é 100%.
Ao longo do mês de junho, várias ações são realizadas para chamar a atenção da sociedade para o ato de doar sangue, especialmente antes do período das férias escolares, quando há uma evasão muito grande para os balneários. Atualmente, além dos 11 pontos espalhados em território paraense, existem, consolidadas para a campanha deste mês, 15 parcerias com outras instituições para que essa captação alcance outras áreas e públicos, como em universidades e escolas técnicas.
A servidora pública municipal Elcione Rodrigues entra no percentual de 30% hoje correspondente às doações de sangue por parte do gênero feminino. Hoje com 38 anos, ela conta que começou a doar logo que atingiu a maioridade, aos 18, após assistir campanhas incentivando o ato de solidariedade. Depois de tanto tempo, ela já perdeu as contas de quantas vezes foi doadora.
“Hoje incentivo o meu filho de 17 anos a doar. A intenção é fazer bem, fazer alguma coisa para o bem do próximo. São pessoas que precisam. Todas as vezes que vejo a necessidade de alguém que está hospitalizado, precisando de sangue, toca a gente indiretamente. Então é uma forma simples, singela até, que temos, enquanto cidadãos, de ajudar o próximo”, pontua. “Eu tento vir pelo menos uma vez ao ano”, complementa.
Elcione conta que uma única vez, há sete anos, a mãe dela ficou internada e passou por cirurgia, por isso, precisou de doação de sangue. Foi quando ela viu a real necessidade do ato. “Fiquei até meio triste de saber que as mulheres não têm uma participação tão grande nos índices de doação. Nós temos que ter sensibilidade para ajudar o próximo, mas eu vou continuar doando sempre que puder”, concluiu.
O jovem de 19 anos, Vanderlei Maia Costa, doou pela primeira vez essa semana. Por indicação da coordenação de um processo seletivo para a Aeronáutica, ele disse que foi um pontapé para fazer algo que já queria fazer há um tempo. “Eles nos indicam para doar, sugerem, né? Aí você doa se você quiser”, explica.
“É muito bom, porque com uma bolsa de sangue você pode ajudar até quatro pessoas. E é bom até para nós, jovens, porque a gente pode precisar. Jovens sofrem acidentes o tempo todo e é muito importante ter esse estoque de sangue. Fora que eu pensei que fosse demorar, não demora, não dói, é muito simples. Pensei que ia ficar nervoso, mas foi de boa”, garantiu.
A coordenadora de Gestão de Pessoas do Grupo Liberal, Renata Souza, ressalta a contribuição da empresa nas captações, o que ocorre sempre no segundo semestre, com a campanha interna de doação de sangue. “Fazemos geralmente no mês de setembro, dentro da nossa Semana da Sipat-Semana Interna de prevenção de acidentes. A empresa já está indo para o terceiro ano de campanha, e a partir do segundo ano, abrimos a ação para a população em geral, com divulgações em nossas redes sociais, rádio e TV”, detalha.
De acordo com ela, é uma das ações anuais mais gratificantes do Recursos Humanos do Grupo. “Importante contribuir com a doação de bolsas de sangue e cadastro de medula óssea, e nossos funcionários são super engajados em ajudar, se preparando meses antes para participar deste evento. Desde de maio iniciamos a organização deste evento e fazemos geralmente um pré-cadastro de doadores”, finaliza.
Cenário no Brasil
Os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que para manter os estoques regulares é preciso que 1,5% a 3% da população doem regularmente e o Brasil tem hoje 1,8% de doadores. Um estudo apontado pela farmacêutica Abbott apontou, em novembro do ano passado, que no Brasil apenas 19% da população doa sangue com regularidade, isto é, uma vez por ano. Os dados também mostram que 23% doam sangue pontualmente, apenas quando algum familiar ou conhecido necessita, e que 48% não tem o hábito de doar sangue.
VEJA MAIS
Ainda, a pesquisa aponta que a pandemia impactou nas doações de sangue no Brasil e revela que apenas 21% afirmam ter continuado a doar no período. O estudo foi realizada em 8 países. No Brasil foram ouvidos 1052 pessoas de todas as regiões, com idades entre 16 e 64 anos. Também foi analisado o perfil dos entrevistado. Entre o percentual dos que mais doam estão mais presentes homens, entre 25 e 34 anos, de classe social média a alta, com ensino superior e com renda fixa.
Mulheres são maioria entre os não doadores. Elas representam 54% das pessoas que nunca doaram e nem pretendem. Ainda, de acordo com os resultados, elas têm idade entre 16 e 44 anos, de classe social intermediária a baixa, com renda fixa. O estudo também revelou que os brasileiros sabem da importância da doação, mas que não compreendem bem o assunto. Entre as principais preocupações, os entrevistados destacaram: não saber para onde o sangue vai e a quantidade coletada. O medo e o desconforto também são os sentimentos mais expressos.
Durante a pandemia da Covid-19, os estoques de sangue dos hemocentros ficaram baixos. De acordo com o Ministério da Saúde, no ano passado as doações diminuíram em, pelo menos, 10%. Em 2019, foram 3,27 milhões de doações. Já no primeiro ano da Covid-19, no país, foram 2,95 milhões.
O que é preciso para doar sangue?
O procedimento para doação de sangue é simples, rápido e totalmente seguro. Não há riscos para o doador, porque nenhum material usado na coleta do sangue é reutilizado, o que elimina qualquer possibilidade de contaminação. Os requisitos para doar sangue é estar com bom estado de saúde e seguir os seguintes passos:
- Estar alimentado. Evite alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação de sangue. Caso seja após o almoço, aguardar 2 horas.
- Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas.
- Ter entre 16 e 69 anos – os menores devem estar acompanhados do responsável legal
- Pessoas com idade entre 60 e 69 anos só poderão doar sangue se já o tiverem feito antes dos 60 anos.
- A frequência máxima é de quatro doações de sangue anuais para o homem e de três doações de sangue anuais para as mulher.
- O intervalo mínimo entre uma doação de sangue e outra é de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres.
- É preciso estar bem de saúde
- Estar munido de documento de identidade original
- Pesar mais que 50 quilos
OBS: os interessados em doar sangue que fizeram tatuagem, piercing ou até micropigmentação podem doar sangue, mas é preciso ter um ano do procedimento, para a liberação
Quais são os impedimentos temporários para doar sangue?
- Gripe, resfriado e febre: aguardar 7 dias após o desaparecimento dos sintomas;
- Período gestacional;
- Período pós-gravidez: 90 dias para parto normal e 180 dias para cesariana;
- Amamentação: até 12 meses após o parto;
- Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação;
- Tatuagem e/ou piercing nos últimos 12 meses (piercing em cavidade oral ou região genital impedem a doação);
- Extração dentária: 72 horas;
- Apendicite, hérnia, amigdalectomia, varizes: 3 meses;
- Colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, redução de fraturas, politraumatismos sem seqüelas graves, tireoidectomia, colectomia: 6 meses;
- Transfusão de sangue: 1 ano;
- Vacinação: o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de vacina;
- Exames/procedimentos com utilização de endoscópio nos últimos 6 meses;
- Ter sido exposto a situações de risco acrescido para infecções sexualmente transmissíveis (aguardar 12 meses após a exposição).
Endereços e contatos das unidades disponíveis à doação de sangue no Pará:
- Belém - Travessa Padre Eutíquio, nº 2109, Bairro Batista Campos. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 18 h, e no sábado, das 07h30 às 17 h. Contato: 0800 280 8118.
- Posto de coleta do Castanheira - Rodovia BB-316, KM-01 – Pórtico Belém, Bairro Castanheira (em frente à entrada do Shopping Castanheira). Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 18 h, e no sábado, das 07h30 às 17 h. Contato: 0800 280 8118
- Posto de coleta do Pátio Belém - Tv. Padre Eutíquio, n° 1078, Bairro Batista Campos (Estação Cidadania, 1º Piso do Shopping Pátio Belém). Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 10 às 16h30.
- Castanhal - novo endereço: Rua Quincas Nascimento, nº 521, Bairro Saudade. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 13 h.
- Santarém - Avenida Frei Vicente, nº 696, entre as alamedas 30 e 31 (Aeroporto Velho). Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 13 h. Fone: (93) 3524-7550
- Marabá – Rodovia BR-230 (Transamazônica), Quadra 12, s/n (Agrópole do Incra). Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 13 h. Contato: (94) 3312-9150 / 99234-0264 (SOMENTE WHATSAPP).
- Abaetetuba - Avenida Santos Dumont, s/n, Bairro São Lourenço. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 12h30. Contato: (91) 98568-3396.
- Altamira - Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, s/n, Esplanada do Xingu. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 12h30. Contato: (93) 98415-6282.
- Capanema - Rodovia BR-308, KM-0, s/n, São Cristóvão. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 12h30. Contato: (91) 98568-3339.
- Redenção - Avenida Santa Tereza, s/n, Centro. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 12h30. Contato: (94) 98414-3955.
- Tucuruí - Avenida Veridiano Cardoso, s/n, BR-422, Santa Mônica. Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 07 às 13 h. Contato: (94) 98415-9006.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA