Relembre os principais casos de ataques a creches e a escolas no Brasil e no mundo
O ataque em Blumenau (SC), na manhã desta quarta-feira (5) é mais um dos tristes epsódios de ódio ocorrido em instituições de ensino que vitimou adultos e crianças
Um homem invadiu uma creche particular na manhã desta quarta-feira (5) em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e matou quatro crianças e deixou outras quatro em estado grave. O crime ocorreu na unidade de ensino Cantinho Bom Pastor, que fica localizada na rua dos Caçadores, no bairro Velha.
O ataque em Blumenau, Santa Catarina, é mais um dos tristes epsódios de ódio que já ocorreram no Brasil e no mundo. A autoria da maioria dos crimes é de alunos ou ex-alunos da unidade escolar e ex-funcionários. Relembre os principais casos:
Ataques a Creches
O crime ocorrido em Blumenau, na manhã desta quarta-feira (5), se assemelha com o que aconteceu em maio de 2021, quando três bebês e duas funcionárias foram assassinados na creche municipal Aquarela de Saudades, também em Santa Catarina. O autor da chacina, na época com 18 anos, chegou de bicicleta à creche, no centro de Saudades. Ao entrar na instituição de ensino, começou por atacar uma professora de 30 anos que, apesar de estar ferida, correu para uma sala onde estavam quatro crianças e uma funcionária da escola, na tentativa de alertar sobre o perigo.
O criminoso atacou então as crianças que estavam na sala e a funcionária. Duas meninas de menos de dois anos e a professora que sofreu o ataque inicial morreram no local. Outra criança e uma agente educacional morreram posteriormente no hospital. O autor do crime foi preso.
Em outubro de 2017, um segurança de 50 anos ateou fogo à creche municipal Gente Inocente, em Janaúba, na região Norte de Minas Gerais. Na ocasião, dez crianças, três profissionais da educação e o autor do incêndio morreram no maior atentado a uma escola ocorrido em toda a história de Minas Gerais.
VEJA MAIS
Ataques a escolas
No dia 27 de março desse ano, uma professora morreu depois de ter sido esfaqueada por um aluno em uma escola estadual na zona oeste de São Paulo. A vítima era Elisabeth Tenreiro, de 71 anos. De acordo com o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, outras três professoras e dois alunos foram vítimas deste episódio.
Em janeiro deste ano, um adolescente de 17 anos foi apreendido após jogar bombas de fabricação caseira contra uma escola de Monte Mor, interior de São Paulo. O autor do crime carregava uma suástica no braço e já havia estudado na instituição de ensino quando mais novo. Com ele, a polícia encontrou uma machadinha, coquetéis molotov e combustível.
Em novembro de 2022, um adolescente matou três pessoas e feriu outras 13 em ataques a duas escolas em Aracruz, no Norte do Espírito Santo.
No dia 5 de outubro de 2022, um aluno de 15 anos atirou em três estudantes de uma escola pública em Sobral, no Ceará. A arma de fogo usada estava registrada em nome de um colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC), que, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Estado, supostamente pertence a um familiar do autor do ataque.
Um estudante armado entrou na Escola Municipal Eurides Sant’Anna, no dia 26 de setembro, e atirou contra dois alunos na cidade de Barreiras, interior da Bahia. Uma aluna cadeirante, de 20 anos, morreu durante o ataque. Não há informações sobre a motivação do crime.
Uma estudante de 12 anos foi esfaqueada por um colega de classe no Colégio Floresta, zona leste de São Paulo, no dia 22 de março de 2022. Um colega de 11 anos que tentou protegê-la acabou ferido também. O agressor era outro estudante, de 13 anos, e, segundo a polícia, disse que sofria bullying.
Em outro ato violento, em março de 2019, dois ex-alunos entraram na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, e mataram 10 pessoas, incluindo cinco estudantes e duas funcionárias da instituição de ensino. Os autores se suicidaram após a tragédia.
Em abril de 2011, um jovem, que tinha problemas psicológicos e poucos amigos, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, na periferia do Rio de Janeiro, identificando-se como um palestrante. Dentro de uma sala de aula disparou mais de 100 tiros contra vários alunos, com a intenção de imobilizar os meninos e matar as meninas. Um policial que patrulhava a região foi avisado por um dos estudantes que ficou ferido e conseguiu alcançar Wellington, que se matou em seguida. Doze adolescentes morreram.
Ataques pelo mundo
Creche Fabeltjesland (Bélgica, 23 de janeiro de 2009)
Em janeiro de 2009, um jovem de 20 anos pintou os cabelos de vermelho, aplicou uma maquiagem parecida com a do personagem Coringa e entrou armado num berçário em Dendermonde, na Bélgica. Segundo sites de notícias da época, ele esfaqueou 15 pessoas e matou três. Duas delas eram bebês com menos de um ano. A outra vítima foi uma mulher de 54 anos, que trabalhava no lugar. O crime aconteceu exatamente um ano depois da morte de Heath Ledger. O autor confessou o crime.
Escola Ikeda (Japão, 8 de junho de 2001)
A escola Ikeda é uma instituição filiada à Universidade Osaka Kyoiku, no Japão. Em 2001, um homem de 37 anos que já havia trabalhado como zelador na escola entrou no estabelecimento com uma faca. Ele feriu 15 pessoas e matou 8. Todas as vítimas eram crianças de 7 e 8 anos. O responsável pelo atentado foi executado em 2004.
Massacre de Erfurt (26 de agosto de 2002)
Um dos ataques armados a escola que mais chocou a população alemã terminou com 17 mortos e outras sete pessoas feridas em 2002, quando um ex-aluno que havia sido expulso um ano antes da Escola Gutenberg por falsificar documentos, arquitetou um plano de vingança. O jovem, que tinha 19 anos na época do crime, entrou na escola com roupas de ninja, uma máscara e duas armas, e atirou em diversos professores que encontrou pelo caminho. Só parou quando um dos professores o enfrentou e conseguiu encurralá-lo em uma sala de aula. Lá dentro, o jovem se matou.
Universidade Virginia Tech (16 de abril de 2007)
Nenhum outro ataque a escolas terminou com tantas vítimas quanto o que aconteceu na Universidade Virginia Tech em 2007. Segundo notícias da época, havia um estudante que demonstrava sinais de instabilidade emocional e perseguia duas colegas da faculdade. O jovem já havia recebido uma advertência pelo comportamento meses antes. Mas nada superaria o que ele viria a fazer no dia 16 de abril. Depois de matar dois estudantes no dormitório da universidade, o estudante voltou para seu quarto e gravou um vídeo confessando o crime. Cerca de 20 minutos depois, entrou em um prédio onde ficavam salas de aulas, trancou todas as portas e atirou em todo mundo que encontrou no caminho. Ao todo, 32 pessoas morreram. A polícia só conseguiu entrar no prédio 10 minutos depois. Mas o jovem se matou assim que foi encontrado pelos policiais.
Columbine (20 de abril de 1999)
Outro caso de grande repercusão teve como autores dois jovens que entraram no Instituto Columbine, nos Estados Unidos, onde estudavam, e dispararam várias vezes contra outros alunos com armas compradas pela internet. No final do ataque, os dois se mataram. Além da dupla, 12 pessoas morreram e outras 25 pessoas ficaram feridas. O caso inspirou uma discussão a respeito da cultura das armas nos Estados Unidos, abordada no documentário 'Tiros em Columbine', de Michael Moore, o filme 'Elefante', de Gus Van Sant, e o seriado American Horror Story. Além da repercussão internacional, os crimes também foram citados em depoimentos de outros adolescentes que mataram pessoas em escolas, inclusive alguns citados nesta lista.
(*Luciana Carvalho, estagiária sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política).
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