Refém na Augusto Montenegro: entenda a relação do sequestro com o caso do Ônibus 174
O epsódio é muito semelhante ao sequestro no Rio de Janeiro, quando passageiros do ônibus ficaram quase 5 horas, sob a mira de um revólve do sequestrador
Na noite desta quarta-feira (8), uma mulher e os três filhos – um bebê de colo, mais duas crianças de 7 e 12 anos – foram feitos reféns dentro de um carro de aplicativo, na avenida Augusto Montenegro, sentido Belém-Icoaraci, no bairro da Marambaia. O caso teve início por volta de 19h. Às 23h45, duas crianças já haviam sido liberadas. Às 9h40 desta quarta-feira a terceira criança, de 3 anos, foi liberada, mas a mãe ainda continua na mira do sequestrador. O sequestro já passa de 16 horas e já é considerado o caso mais demorado registrado o Pará.
Esse épsódio é muito semelhante ao sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, quando o ônibus da empresa Amigos Unidos ficou detido no bairro do Jardim Botânico por quase 5 horas, sob a mira de um revólver, por Sandro Barbosa do Nascimento.
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Como aconteceu o sequestro no ônibus 174?
O sequestro no ônibus 174 que fazia a linha 174 teve início às 14h20 do dia 12 de junho de 2000. No bairro do Jardim Botânico, Sandro do Nascimento fez sinal para subir. Com bermuda, camiseta e um revólver calibre 38 à mostra, ele pulou a roleta e se sentou próximo a uma das janelas. Vinte minutos depois, um dos passageiros conseguiu sinalizar para um carro da polícia que passava pela rua. O ônibus, então, foi interceptado por dois policiais. Nesse momento, o pânico já se havia instalado.
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O motorista e o cobrador abandonaram o veículo e alguns passageiros também conseguiram escapar, pulando pelas janelas e pela porta traseira. Dez passageiros, porém, foram tomados como reféns pelo sequestrador.
Luciana Carvalho foi uma das primeiras que teve a arma colocada na cabeça. Sandro a levou para a frente do ônibus e queria que ela dirigisse o veículo. Foi ali que o sequestrador fez o primeiro disparo, um tiro contra o vidro do ônibus, feito para intimidar os fotógrafos e cinegrafistas que estavam no local. Ao longo do dia, o sequestrador foi liberando os reféns. Sandro apontou uma arma na cabeça de Janaína Neves, uma das passageiras e a fez escrever nas janelas, com batom, frases como: "Ele vai matar geral às seis horas" e "ele tem pacto com o diabo". Um dos momentos de maior tensão foi quando o assaltante andou de um lado para o outro com um lençol na cabeça de Janaína.
Qual o desfecho do caso Ônibus 174
Momentos de tensão e diálogo fizeram cenário entre as reféns e Sandro por muito tempo. Às 18h50, no horário de Brasília, Sandro decidiu sair do ônibus, usando a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo. Ao descer, um policial do Grupamento de intervenção tática tentou alvejar Sandro com uma submetralhadora e acabou errando o tiro, acertando a refém de raspão no queixo. Geísa acabou também levando outros três tiros nas costas, disparados por Sandro.
Com sua refém morta, Sandro foi imobilizado enquanto uma multidão correu para tentar linchá-lo. Ele foi colocado na viatura com outros policiais que seguraram. Sandro foi morto por asfixia ali dentro.
Segundo sua tia Julieta Rosa do Nascimento, a assistente social Yvone Bezerra e a avó Dona Elza da Silva (a única pessoa que participou de seu enterro), Sandro não era capaz de matar ninguém, mas de acordo com a polícia do Rio, Sandro tinha um comportamento nervoso e agressivo e chegou a quebrar o braço de um policial e morder outros ao tentar, supostamente, tirar uma arma deles.
Veja um dos momentos tensos durante a negociação:
Veja imagens da ação envolvendo reféns que durou mais de 17 horas:
Tia de Yan alegou que ele não é criminoso:
(Luciana Carvalho, estagiária sob supervisão de Heloá Canali, coordenadora de O Liberal.com).
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