'Querem me prender, me prendam. Estou cansado', declara sócio da Kiss sobre repercussão da tragédia
Oito anos após o caso, o empresário afirma que já pensou em tirar a própria vida por não aguentar culpa
O interrogatório do sócio da boate Kiss Elissandro Spohr, realizado pelo tribunal do júri, foi marcado por fortes emoções, na última quarta-feira (8). Ele esteve envolvido na tragédia que vitimou 242 pessoas, em 2013. Oito anos após o caso, o empresário afirma que já pensou em tirar a própria vida e, agora, sente-se cansado por tudo o que ocorreu. As informações são da GZH.
VEJA MAIS
Emocionado, Spohr contou em detalhes como foi o dia do acidente. Segundo ele, um funcionário teria vindo avisar sobre o fogo e, na hora, Elissandro teria tentado entrar na boate, mas avistou uma multidão correndo para fora.
“Eu não sabia o que fazer. Eu disse pra alguém ‘Me leva pra delegacia’, eu disse: 'Está pegando fogo na boate, está morrendo gente, eu não sei o que fazer'. Ela me perguntou: ‘Os bombeiros estão lá?’, e eu disse: ‘Estão’", disse, em um trecho do depoimento.
O empresário afirmou que passou mal ao constatar que havia 30 mortos no incêndio, até o momento. Inclusive, ele desabafou que chegou a receber mensagens de conhecidos que sugeriram que ele se matasse. “Querem me prender, me prendam. Eu estou cansado”, declarou, aos prantos.
Problemas que levaram ao acidente
Em um dado momento do depoimento, Spohr abriu o jogo e contou como foi instalada a espuma de isolamento acústico no local, que na noite do acidente, ajudou a propagar o fogo. De acordo com o sócio, o objeto foi colocado para ajudar no barulho que incomodava uma vizinha da boate .
“Levei o Samir [o engenheiro] comigo lá. Samir disse que estava cheio de trabalho e que me indicaria um engenheiro [Miguel Angelo Pedroso]. A gente não botou espuma em toda a boate por conta do Pedroso. Ele disse: ‘Eu não trabalho com espuma’, Samir dizia que tinha que fazer um tratamento acústico e ele me deu uma opção de fazer com tijolo na época”, explicou.
O show pirotécnico levou à tragédia
O empresário disse não ter se lembrado de conversar com a banda Gurizada sobre uma possível autorização para realizar manobras com os artefatos pirotécnicos. Principalmente, porque o grupo já havia tocado na Kiss antes do acidente e nada havia ocorrido.
“É possível que nesse palco novo tenha sido a primeira vez. É possível que com as espumas ali tenha sido a primeira vez. Talvez essa vez do dia tenha sido a segunda vez que eles tenham tocado nesse palco”, disse.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA