Quem é o empresário preso por atirar em assaltante já rendido; veja
Tanto o atirador quanto o suspeito possuem antecedentes criminais
O empresário João Henrique Marfim Stakoviak, de 38 anos, foi preso em flagrante, na última sexta-feira (26) por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma, ao atirar contra um suspeito já rendido por um policial civil. O atirador é proprietário de uma farmácia e ex-dono de uma loja de vestuários. As informações são do portal UOL.
Entenda o caso
O empresário estava abastecendo o seu Porsche em um posto de combustível quando foi abordado por um homem identificado como Sidney Fernandes, de 40 anos, que tentou levar o seu relógio avaliado em R$ 40 mil com um simulacro de arma de fogo. O suspeito fugiu do local, mas foi abordado por um policial civil, que o rendeu após disparar na perna de Fernandes. Já rendido, o suspeito foi atingido por um tiro disparado pelo empresário.
O caso aconteceu na região do Campo Belo, zona sul de São Paulo. O agente disse à Polícia Civil que o empresário se aproximou do suspeito já caído com a arma em punho e disse: "você ia me matar no posto". Em seguida, atirou, atingindo Fernandes. O disparo atravessou o braço, atingindo as costas do suspeito. Em seguida, o policial civil desarmou o empresário, que foi preso em flagrante no local e levado para o 27º DP (Campo Belo). Já o suspeito foi preso em flagrante por tentativa de assalto e foi hospitalizado, sob custódia policial.
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Por que o empresário estava armado?
Ele tem liberação para posse de arma por ter licença de CAC (colecionador, atirador esportivo ou caçador), mas não tem permissão para porte de arma. Ou seja, ele pode ter uma arma, mas não andar com ela.
Por que ele foi indiciado por porte ilegal de arma?
Por lei, o CAC tem direito de transportar a arma de casa até o clube de tiro. Porém, o empresário foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito "pois utilizou o armamento para promover justiça com as próprias mãos, sem demonstrar em momento algum que eventualmente estaria se dirigindo para um clube de tiro", segundo o inquérito elaborado pela Polícia Civil.
Como o suspeito foi baleado por um policial civil?
Em meio à fuga, Fernandes passou a ser perseguido por um policial civil em uma viatura. Segundo o agente, Fernandes não obedeceu a ordem de prisão e saiu correndo com o simulacro de arma de fogo em mãos.
Para parar o suspeito, o policial atirou na perna dele, ainda do carro. Depois, ele desembarcou da viatura e rendeu Fernandes.
O que disse o empresário?
Em depoimento à Polícia Civil, Stakoviak disse ter sacado a arma após ser abordado e iniciado a perseguição ao suspeito. Em seu relato, informou ter feito dois disparos durante a ação. Em seguida, confirmou ter atirado novamente ao ver o suspeito sentado no chão.
Questionado, disse não ter visto o policial civil e "acreditou ser um cidadão que estava sendo roubado". O empresário justificou os disparos por acreditar que o suspeito ainda estava armado. "Em nenhum momento tinha intenção de matá-lo. Somente de me defender", falou, em um dos trechos do depoimento.
Vídeo desmente versão
Imagens captadas por uma câmera de segurança anexadas ao inquérito da Polícia Civil desmentem a versão do empresário. O vídeo mostra o momento em que o atirador se aproxima do suspeito para abrir fogo.
Nas imagens, é possível ver que o assaltante, caído no chão, está rendido pelo policial civil, de arma em punho. O empresário se aproxima correndo e atira à queima-roupa. O agente fala algo ao atirador, que aponta para o pulso, possivelmente indicando que o suspeito tentou roubar o seu relógio. Em seguida, o empresário se aproxima do homem caído no chão e dá um chute na sua cabeça. Veja:
Ambos têm antecedentes criminais
O empresário tem um inquérito policial registrado na 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com medida protetiva, aberto em dezembro de 2021. Stakoviak também tem dois processos por ameaça, um de junho de 2015 e outro de junho de 2022.
Já Fernandes tem passagens pelo sistema prisional por roubo em 2005 e 2007, e uma medida protetiva de 2015. Ele havia cumprido todas as penas anteriores.
O que disse a Justiça?
O Tribunal de Justiça de São Paulo decretou a prisão de Fernandes, por roubo, e do empresário, por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma.
O que diz a defesa do atirador?
Nos autos do processo, o escritório Pupo Mazzieiro, responsável pela defesa do empresário, afirmou que a prisão do empresário é um equívoco. A defesa afirma que Stakoviak não praticou o crime de porte ilegal de arma por ser CAC e estava com a arma durante o trajeto para o tiro esportivo.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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