Público LGBTQIA+ e mulheres mais velhas são os maiores alvos de golpistas em aplicativos de namoro
Um dos casos mais famosos de golpes de relacionamento on-line é o caso do suposto milionário Shimon Hayut
Encontrar alguém pra ter um relacionamento é um dos primeiros itens da lista de prioridades da maioria das pessoas e a tecnologia tem colaborado, cada vez mais, para que esse desejo seja realizado. Enquanto isso, os aplicativos de relacionamento têm se tornado uma ferramenta para cibercriminosos que criam perfis fakes na web para atrair e enganar suas vítimas, induzindo-os a encontros desastrosos, com direito a extorsão financeira ou, em casos mais graves, levando à morte. As informações são da CNN Brasil.
Um dos casos mais famosos de golpes de relacionamento on-line, também conhecidos como golpes de romance ou fraude de romance, é o caso do suposto milionário Shimon Hayut que usava fotos verdadeiras nas redes sociais, iniciava um namoro com as vítimas e, tempos depois, começava um período de extorsões financeiras até que as mulheres fossem à falência. A história virou um documentário produzido pela Netflix, que rapidamente se tornou um dos mais assistidos da plataforma este ano.
Além deste tipo de estelionato, as pessoas que buscam o parceiro ideal nos aplicativos de relacionamento também estão suscetíveis a encontrarem um catfish, aqueles perfis que têm informações e fotos falsas, que não condizem com o que a pessoa realmente é.
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O psicólogo Alexander Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami (UM), acredita que não há um tipo de vítima mais vulnerável para cair nestes dois tipos de golpes, mas salienta que o público LGBTQIA+ se torna um alvo mais fácil pelo histórico de preconceito que enfrenta, deixando-o mais frágil.
“São pessoas que, na sua grande maioria, têm uma sensibilidade maior por conta das experiências negativas que tiveram durante a vida. Muitas vezes também não possuem uma rede de apoio e em alguns casos possuem baixa autoestima, carência emocional e não sabem lidar com diversos eventos traumáticos. Isso pode sim torná-los mais vulneráveis a acreditarem em mentiras e golpes na internet”, diz.
David Vermeulen, CEO do Inner Circle, uma das principais plataformas de relacionamento atuantes no Brasil, diz que um levantamento feito pelo aplicativo apontou que mulheres heterossexuais mais velhas são o público mais vulnerável para golpes de sua plataforma e, somente em 2021, o aplicativo removeu mais de 50 mil perfis falsos, golpistas ou inapropriados.
De acordo com um relatório da empresa de cibersegurança Kaspersky, publicado em agosto de 2021, em que ouviu 18 mil pessoas em 27 países, 15% das pessoas já caíram em golpes. Além dessas, 31% não efetivamente caíram em fraudes, mas foram contatados por fraudadores, o que significa que quase metade dos usuários (46%) já foi abordado por estes criminosos.
Do total de casos, 61% dizem que foram vítimas de catfishing, e somente 2% dessas pessoas conseguiu identificar que o perfil era falso antes de cair no golpe.
Já existem leis para golpes na internet?
De acordo com o Serviço de Informações ao Cidadão (SIC) do governo do Estado de São Paulo, todo tipo de golpe na internet é previsto pela legislação brasileira e é tipificado como estelionato.
O artigo 171, parágrafo 2º do Código Penal diz que a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
Com relação ao catfish, a pessoa é criminalizada pelo Código Penal por meio do artigo 307, quando um sujeito atribui a si ou a outrem a falsa identidade e obtém uma vantagem ilícita. Ele ressalta a importância que a vítima faça uma denúncia formal em uma delegacia de crimes cibernéticos ou em qualquer delegacia da cidade.
O que fazer para não cair em golpes?
► Faça pesquisas online – pesquise no Google a pessoa com quem você está falando e veja se tudo parece certo
► Pesquisa reversa de imagens do Google – jogue a foto da pessoa na pesquisa de imagens do Google e veja se ela aparece em algum resultado de busca. Se alguém estiver usando a foto de outra pessoa, você poderá descobrir
► Verifique suas contas nas redes sociais– quando as contas foram criadas? Quão antigas são as fotos? As postagens parecem estranhas? Quantos amigos a pessoa tem? Quem e quais contas curtem e comentam as publicações?
► Veja o idioma que eles usam – muitos golpistas usam o Google Tradutor
► Profissionais confiáveis - são frequentemente usados como cargos, ou seja, médico, advogado, militar
► Bios extremas também podem ser um alerta vermelho - Algumas frases mais usadas são: quero encontrar o amor verdadeiro, fé em Deus e até falar sobre a morte de um parceiro. É claro que uma pessoa real pode ter uma profissão confiável e ter fé em Deus, mas essas são coisas para verificar novamente se você sentir que algo não está certo.
(Luciana Carvalho, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política)
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