Procuradoria vê 'fortes indícios' de que Bouboulina derramou óleo
Navio petroleiro, da empresa grega Delta Tankers, teria envolvimento com o vazamento de petróleo no Brasil
Na representação da Operação Mácula, deflagrada nesta sexta-feira, 1º de novembro, a Procuradoria do Rio Grande do Norte destaca a "'cristalina existência de fortes indícios" de que o navio petroleiro NM Bouboulina, da empresa grega Delta Tankers, teria sido o navio envolvido com o vazamento de petróleo que gerou "uma poluição marinha sem precedentes na história do Brasil".
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A representação do Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Norte é assinada pelos procuradores Victor Manoel Mariz e Cibele Benevides Guedes da Fonseca, que indicam ainda que há fortes indícios de que a Delta Tankers, o comandante do navio mercante e a tripulação deixaram de comunicar às autoridades acerca do derramamento de "petróleo cru" no oceano Atlântico.
Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal realizou buscas em dois endereços do Rio de Janeiro - da Lachmann Agência Marítima e da empresa Witt O Brien's. As companhias teriam relação com o navio petroleiro de bandeira grega.
As companhias, que teriam relação com o navio petroleiro de bandeira grega, não são vistas como suspeitas, segundo o delegado Agostinho Cascardo, mas podem ter arquivos, informações e dados que sejam úteis às investigações.
Mais de 100 megabytes de informações foram apreendidos durante as diligências no período da manhã.
Victor e Cibele classificaram as buscas como "necessárias e urgentes" para coletar documentos que auxiliem no esclarecimento dos fatos. O pedido foi acolhido pelo juiz Francisco Eduardo Guimarães, da 14ª Vara Federal de Natal, que autorizou as buscas nas empresas ligadas à Delta Tankers
"Ocorre que, com os dados que estão no inquérito, apesar de já ser possível falar sobre materialidade,
autoria e circunstâncias no crime do artigo 68, ainda restam dúvidas sobre as circunstâncias do crime do artigo 54, não sendo possível afirmar categoricamente se tal crime foi doloso ou culposo, se houve motivação, assunção de risco, negligência, imprudência ou imperícia, conclusões que poderão ser alcançadas no decorrer das investigações ora requeridas e de outras possíveis já na fase ostensiva da apuração", dizem os procuradores na ação.
De acordo com nota conjunta divulgada pelo Ministério da Defesa, pela Marinha e pela Polícia Federal, por meio de geointeligência a PF identificou uma imagem satélite do dia 29 de julho relacionada a uma mancha de óleo a 733,2 km (cerca de 395 milhas náuticas) a leste do estado da Paraíba. Segundo os órgãos, essa imagem foi comparada com imagens de datas anteriores, em que não foram identificadas manchas.
Considerando que análises de laboratório haviam indicado que o óleo coletado nas praias do Nordeste, as investigações trabalharam com dados de carga, portos de origem, rota de viagem e informações de armadores.
"Dos 30 navios suspeitos, um navio tanque de bandeira grega encontrava-se navegando na área de surgimento da mancha, na data considerada, transportando óleo cru proveniente do terminal de carregamento de petróleo San José, na Venezuela, com destino à África do Sul", informa a nota. O cruzamento das imagens de satélite com os outros dados apontaram esse navio como principal suspeito.
Segundo a Marinha, o Bouboulina ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias, devido a "incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo para descarga no mar".
De acordo com a Polícia Federal, a embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, onde permaneceu no País por três dias. Depois seguiu rumo a Cingapura, pelo oceano Atlântico, tendo aportado na África do Sul.
A reportagem tenta o contato com os citados e deixou o espaço aberto para manifestação.
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