Primeiro cardeal da Amazônia é empossado pelo Papa Francisco neste sábado

Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, passa a integrar o Colégio de Cardeais que tem entre suas atribuições a escolha do sucessor do Papa Francisco

O Liberal
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Neste sábado (27), o Brasil passou a ter oficialmente dois novos cardeais, um deles da Amazônia – o primeiro na história da Igreja Católica no país. Os brasileiros dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF), e dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (AM), passam a integrar o Colégio de Cardeais que tem entre suas atribuições a escolha do sucessor do Papa Francisco, caso este venha a morrer ou se aposentar. A posse foi marcada por meio da cerimônia do Consistório Ordinário Público, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, às 16h (11h em Brasília). As informações foram divulgadas por meio do Estadão e do Dia a Dia Notícia.

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Francisco nomeou 21 novos cardeais para o colégio, que passa a contar 227 membros, dos quais 132 são eleitores. O oitavo consistório do pontificado de Francisco acontece em um momento em que o próprio Papa, aos 85 anos, admitiu a possibilidade de uma renúncia, após retornar de exaustiva agenda no Canadá, no fim de julho.

Representante da Amazônia

Dom Leonardo Ulrich Steiner, de 71 anos, nasceu no dia 6 de novembro de 1950, em Forquilhinha, Santa Catarina. Se tornou arcebispo de Manaus em janeiro de 2020 e, em maio deste ano, já foi escolhido para integrar a importante lista do Papa.

O novo cardeal estudou Filosofia e Teologia nos Franciscanos de Petrópolis, é bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena e fez licenciatura e o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum de Roma.

Steiner fez sua profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores em 2 de agosto de 1976 e foi ordenado sacerdote em 21 de janeiro de 1978, foi bispo auxiliar de Brasília e já foi duas vezes secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Crítico das políticas do atual governo para a Amazônia, o franciscano dom Leonardo Steiner tem contato intenso com a Região Amazônica desde 2005, quando foi nomeado bispo pelo então Papa João Paulo II para a Prelazia de São Félix, no Mato Grosso. Após ser nomeado pelo Papa Francisco como arcebispo da Arquidiocese de Manaus, em 27 de novembro de 2019, ele participou da articulação para realizar o Sínodo da Amazônia.

Dom Leonardo considerou sua nomeação “uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e de cuidado do Papa Francisco para com toda a Amazônia”, disse. Ele lembrou que “a colaboração que posso dar ao Santo Padre é justamente fazer com que a Amazônia seja lembrada, pois em alguns momentos o papa sempre nos lembra que esta parte do Brasil está em seu coração”.

O arcebispo lembrou as mortes do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados em maio deste ano por criminosos que agem no Amazonas, e disse que os mandantes não foram presos. Citou ainda o assassinato da missionária americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, no Pará, caso em que também houve dificuldade para a punição dos mandantes. “Corremos até um pouco de perigo, diante da violência que existe, da apreensão que nós vivemos, de esquecermos dos nossos povos como índole, como cultura.”

Encontro dos cardeais

Na segunda (29) e na terça-feira (30) haverá um encontro dos cardeais para refletir sobre a nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que entrou em vigor em 5 de junho. A convocação para esse “pré-conclave” aumentou as especulações sobre uma possível renúncia de Francisco, que completa dez anos de papado em março de 2023 e está com a saúde debilitada. Francisco foi submetido a uma cirurgia do cólon em 2021 e tem mobilidade reduzida por causa de dores no joelho.

Dos novos nomeados, 16 têm direito a voto por terem menos de 80 anos. Além dos dois brasileiros, o papa argentino nomeou outros dois cardeais da América do Sul Paraguai e Colômbia – e de outros países considerados mais periféricos, onde a Igreja Católica vem crescendo, como Índia (dois), Nigéria, Timor Leste, Cingapura e Mongólia.

O número de cardeais eleitores variou ao longo da história. Em 1586, o Papa Sisto V fixou o número em 70. Em 1973, o Papa Paulo VI limitou o número a 120, o que foi mantido pelo Papa João Paulo II.

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