Presença feminina em cursos de ciência no Brasil cresceu 132% em 11 anos

Em 11 de fevereiro comemora-se o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

O Liberal
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O número de mulheres que ingressaram em cursos superiores ligados às áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática saltou de 108.522 para 242.275, em 11 anos. Os valores apontam para um aumento de 132% na participação de mulheres nas áreas citadas. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre 2010 e 2021, o número de alunas que concluíram esses cursos aumentou 96%, saindo de 37.005 para 72.791.

A análise Evolução das Mulheres no Ensino Superior, realizada pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que, entre 2010 e 2021, as mulheres foram maioria no ingresso (88%) e se igualaram aos homens na conclusão (35%) de curso de formação superior

Em 11 de fevereiro comemora-se o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Como homenagem, a CNI reuniu histórias de sete mulheres que cresceram em áreas ligadas à ciência e tecnologia.

Monalisa Cristina Moura dos Santos, de 27 anos é engenheira de produção e, desde 2021, pesquisadora industrial assistente do Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias da Informação e Comunicação, de Pernambuco. A formação acadêmica da doutoranda pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) possibilita atuações em projetos ligados, por exemplo, a modelos de Inteligência Artificial de baixos custos e confiabilidade de sistemas, com foco na indústria.

“Desde o Ensino Médio tive vontade de ter experiência na área de inovação e pesquisa, e sempre contei com apoio familiar, especialmente da minha mãe, para ser uma profissional que transitasse em vários ambientes. Na faculdade fui orientada por uma mulher cientista e isso me deu ainda mais motivação para seguir na especialização”, conta Monalisa.

Engenharia e sistemas

 

Maria Fernanda Torres Lins Faiçal tem 43 anos, nasceu e mora em Salvador e é graduada em Engenharia Civil e em Engenharia de Segurança do Trabalho. Ela atua há 17 anos no Departamento Regional do SESI na Bahia e atualmente ocupa o cargo de Gerente de Negócio da área de Segurança do Trabalho. O que mais gosta na profissão que escolheu, conta, é a possibilidade de fazer parte de um movimento, um processo de transformação. “Eu sempre gostei muito de modificar, e acho que a Engenharia me dá isso. Não quero fazer o mesmo de sempre, quero transformar para melhorar, quero deixar um legado”.

O trabalho de Maria Fernanda tem impactos sociais e econômicos, como a redução dos riscos de acidentes de trabalho, a redução de contenciosos legais e a melhoria da produtividade.

Saúde

 

Em 2018, quando entrou no Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Avançados de Saúde, na Bahia, a pesquisadora líder Milena Botelho Soares já era uma referência em pesquisa avançada sobre imunologia no Brasil. Ela participou da criação da Associação Brasileira de Terapia Celular e Gênica (ABTCel-Gen), concluiu doutorado sanduíche na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Harvard (EUA), além de ter participado de estudo pioneiro, no país, sobre o uso de células tronco como tratamento para doenças crônicas e lesões traumáticas.

image Milena Botelho Soares participou de um estudo pioneiro nos EUA sobre o uso de células tronco como tratamento para doenças crônicas e lesões traumáticas (Arquivo pessoal)

Para Milena, a abdicação faz parte da ciência, principalmente quando se trabalha com ciências biológicas. “E mais do que isso. Quem tem envolvimento com a ciência nunca desliga, e sempre tem que estar à disposição por ser um trabalho criativo. A ciência é dinâmica e muito gratificante, sobretudo, quando alcançamos resultados que beneficia diretamente a vida de pessoas”, ressalta.

Marla Dias começou no Serviço Social da Indústria (SESI) José Carvalho em Feira de Santana (BA). A jovem começou a pesquisar soluções para a catarata, em 2021, e descobriu o brócolis como um antioxidante que pode retardar em mais de 20 anos os efeitos da catarata. O projeto foi finalista da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e do 12º Encontro de Jovens Cientistas (EJC), realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente, o colírio passa pelos processos de extração dos antioxidantes – já tendo extraído com êxito um dos quatro – e testes in vitro. A jovem cursará biomedicina e pretende trabalhar com desenvolvimento de vacinas.

“Me aprofundar nesses estudos foi muito importante, pois foi a partir disso que me apaixonei por pesquisa e encontrei o meu maior objetivo: mudar a vida das pessoas a partir da inovação científica. Por isso, mesmo com dificuldades, é importante que meninas que querem ser cientistas confiem em seu potencial e continuem derrubando as barreiras impostas pela sociedade”, declara a futura biomédica.

Ao se depararem com índices sobre pobreza menstrual, as ex-alunas do SESI de Naviraí, em Mato Grosso do Sul, Ana Júlia Cavalcante e Ludmila Farias, ambas aos 17 anos, criaram o projeto EVA. Um absorvente natural produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar e do tecido de fibra de soja.

Com o projeto, as jovens conquistaram, em 2022, o 3º lugar da Febrace, na categoria Saúde. As duas pretendem ingressar na área da saúde para dar continuidade às pesquisas científicas, e acreditam que a persistência é a chave para todas as mulheres que desejam investir na carreira. “Se você é mulher e gostaria de seguir no âmbito científico, é necessário ter ainda mais persistência e determinação”, comenta Ludmila. “É um processo longo, mas satisfatório, porque você pode explorar o mundo que quiser”, acrescenta Ana Júlia.

Química

 


Com mais de 20 anos de carreira, Zenilde das Graças Guimarães é doutora em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem trajetória de destaque em órgãos ambientais do estado e, desde 2014, atua no Centro de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), de MG. Atualmente, ela é responsável por uma equipe de 225 profissionais, desde auxiliares de laboratório a analistas de pesquisa.

“A Química está presente em todos os meus projetos, desde muito cedo. Decidi me dedicar integralmente ao SENAI pela identificação com o trabalho, de atuar no operacional e estar em contato rotineiro com os laboratórios. E ainda conseguir seguir atuando em pesquisas na área ambiental”, ressalta a gerente de Metrologia, Serviços Tecnológicos, Consultoria e Treinamento do CIT SENAI/MG.

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