Passista de escola de samba se interna para retirar miomas no útero e tem braço amputado
Polícia investiga o caso. Em outubro do ano passado, também no Rio de Janeiro, outra mulher teve o braço amputado após ser internada para dar à luz
A Polícia do Rio de Janeiro investiga o caso de uma passista da Acadêmicos do Grande Rio que se internou para retirar miomas no útero e acabou tendo parte do braço esquerdo amputado. O caso foi registrado na 64ª DP (São João de Meriti) e os agentes requisitaram o laudo médico para fazer uma análise. A Secretaria Estadual de Saúde informou que vai abrir uma sindicância para apurar o que aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, que também é trancista, começou a sentir dores e sangramentos em agosto do ano passado. Ela realizou alguns exames que apontaram miomas no útero e foi recomendada a retirada imediata. No dia 30 de janeiro deste ano, o Hospital da Mulher Heloneida Studart entrou em contato com a passista convocando-a para a cirurgia.
Ela se internou no dia 3 de fevereiro e foi operada pela manhã. No mesmo dia à noite, médicos detectam uma hemorragia. A família foi avisada no dia seguinte Alessandra teria que fazer uma histerectomia total — a retirada completa do útero.
No dia 6 de fevereiro, com a passista ainda intubada, o Hospital avisa que ela terá que ser transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo. Parentes notaram que o braço da passista estava praticamente preto. Um médico avisa que iria drenar o braço, “que já estava começando a necrosar”.
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Quatro dias depois, o Iecac informa que a drenagem não deu certo e que “ou era a vida de Alessandra, ou era o braço”. A família, então, autoriza a amputação.
Apesar da cirurgia, o estado da trancista se agrava, com o rim e o fígado quase parando e com risco de uma infecção generalizada. Alessandra foi extubada no dia 12 de fevereiro e recebeu alta no dia 15 do mesmo mês.
Ela retornou ao Iecac para a revisão da cirurgia de amputação, mas o médico recomendou que a mulher voltasse ao Heloneida Studart, devido o estado dos pontos. Após ser recusada em diferentes hospitais, Alessandra é internada no Hospital Maternidade Fernando Magalhães e transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, em 4 de março. Um mês depois ela recebeu alta.
Agora, a família precisa da ajuda dos amigos para arcar com todos os medicamentos e com a fisioterapia. A advogada Bianca Kald contou em entrevista à TV Globo que já foi apresentado requerimento nos hospitais para pegar os prontuários. "A partir desse documento, a gente vai entrar com uma ação contra o Estado”, explica.
“Eu quero que os responsáveis paguem, que o hospital se responsabilize, porque eles conseguiram acabar com a minha vida. Destruíram meu trabalho, minha carreira, meu sonho... tudo”, lamentou a passista.
Outro caso
Em outubro do ano passado, Gleice Kelly Silva enfrentou uma situação parecida após ser internada no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá para dar à luz
Ela teve uma hemorragia depois do parto e, segundo os familiares, os médicos decidiram criar um acesso venoso na mão dela para introduzir a medicação. A jovem relata que começou a sentir muita dor e incômodo durante o procedimento e a mão foi ficando roxa e inchada.
Com o agravamento do quadro de saúde de Gleice, os médicos decidiram transferi-la para outro hospital da mesma rede, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
Três dias após o nascimento da bebê, a unidade informou que ela teria que amputar a mão.
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