O que se sabe sobre desabamento de ponte entre Maranhão e Tocantins
Acidente aconteceu na tarde de domingo (22) e deixou mortos e desaparecidos; entre as vítimas estão três paraenses
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que conecta os estados do Maranhão e Tocantins pela BR-226, desabou na tarde do último domingo (22), provocando uma tragédia com ao menos duas mortes confirmadas e 14 desaparecidos. Entre as vítimas, estão seis paraenses, incluindo uma criança de 11 anos.
Por volta das 14h, o vão central da ponte cedeu, levando parte da estrutura a despencar sobre o rio Tocantins. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), oito veículos caíram no rio, incluindo três motos, três carretas, um carro e um caminhão carregado com ácido sulfúrico. Este último agravou os riscos das operações de resgate devido à contaminação das águas.
Equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Científica foram acionadas imediatamente. As buscas por sobreviventes tiveram de ser interrompidas durante a noite por questões de segurança e condições climáticas adversas, sendo retomadas nesta segunda-feira (23) com restrições.
VEJA MAIS
Vítimas e desaparecidos
Até o momento, duas mortes foram confirmadas: Alana, de 25 anos, e Marçon Gley Ferreira, de 42 anos, ambos estavam em motocicletas no momento do desabamento. Em um dos carros, apenas um homem foi resgatado com vida e encontra-se internado em um hospital de Estreito, fora de perigo. Sua esposa e a criança permanecem desaparecidas. Os motoristas dos três caminhões também estão desaparecidos.
Entre as vítimas que ainda não encontradas estão três paraenses: Silvana, Aloísio e uma criança de 11 anos. A família estava a caminho de Estreito, no Maranhão, quando a tragédia ocorreu.
O prefeito de Tucuruí (PA), Alexandre Siqueira, divulgou um vídeo nas redes sociais confirmando que há moradores da cidade entre as vítimas do desabamento. “Passando para informar dessa tragédia que ocorreu lá na divisa do Maranhão com o Tocantins e que tem umas vítimas que são tucuruienses. Não vou citar nomes. As informações ainda são um pouco desencontradas”, afirmou o prefeito no vídeo.
O estado da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira
Construída na década de 1960, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira possui 533 metros de extensão e integra o corredor rodoviário Belém-Brasília. Relatos de más condições na estrutura vinham sendo registrados há anos.
Um vereador de Aguiarnópolis (TO) filmava rachaduras na ponte no momento em que a estrutura começou a ceder. Elias Junior fazia uma gravação denunciando os problemas na ponte e o risco que ela representavam quando foi surpreendido pelo desabamento.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. Além disso, foi anunciado a interdição total da ponte e a investigação das causas do desabamento.
Impacto ambiental
O desabamento também causou preocupação ambiental, já que um dos caminhões transportava ácido sulfúrico e outro herbicidas. As secretarias de estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e da Defesa Civil Estadual do Tocantins, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Maranhão (Sema) e Prefeitura de Estreito alertaram sobre o risco de contaminação no Rio Tocantins, pedindo que a população evite contato com a água, incluindo banhos e consumo.
As secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Tocantins e Maranhão, juntamente com equipes técnicas, avaliarão a qualidade da água e os possíveis impactos ambientais.
No Maranhão, nove municípios, incluindo Imperatriz e Estreito, receberam recomendações de evitar o uso da água do rio. A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) suspendeu temporariamente os sistemas de captação, tratamento e produção de água em Imperatriz, cidade localizada a mais de 120 km de Estreito.
Resgate e dificuldades nas buscas
Por conta da contaminação, as buscas relacionadas ao desabamento foram temporariamente suspensas na noite de ontem. Além disso, as chuvas fortes desta segunda-feira complicam ainda mais o trabalho das equipes de resgate, que têm usado botes em vez de mergulhadores para evitar riscos químicos.
A Defesa Civil informou que as buscas com mergulhadores só serão retomadas após análise técnica da água e destacou a necessidade de medidas de precaução até que o ambiente seja considerado seguro.
Reações e ações governamentais
O governador de Tocantins, Wanderlei Barbosa, solicitou ao ministro dos Transportes, Renan Filho, que seja decretado estado de emergência na região. O ministro visitará o local para acompanhar as investigações e planejar a reconstrução.
Em um vídeo publicado na noite de domingo, o ministro disse que cancelou seus compromissos para ir ao local para "verificar quais as causas, determinar uma apuração profunda do que ocorreu e iniciar as tratativas para reparação da ponte."
Junto do governador do Maranhão, Carlos Brandão, Renan Filho acompanhará os trabalhos de buscas e apuração das circunstâncias que levaram à queda da ponte.
O Presidente Lula também se pronunciou após a tragédia. No X, antigo Twitter, ele afirmou que prestará toda ajuda possível e acompanha os desdobramentos do caso.
"Acompanho com muita atenção os desdobramentos da queda da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, entre os estados do Tocantins e Maranhão", diz a publicação.
Situação atual
A Defesa Civil informou que as buscas por desaparecidos continuam, mas a forte chuva desta segunda-feira dificulta os trabalhos. A prioridade é garantir a segurança das equipes e monitorar os impactos ambientais.
Por enquanto, motoristas foram orientados a usar rotas alternativas. "Os usuários devem acessar a estrada que vai de Darcinópolis/TO a Luzinópolis/TO, chegar na BR-230/TO e seguir até o km 101 (cidade de São Bento/TO). Em seguida pegar a direita, sentido Axixá/TO e Imperatriz/MA.Maranhão: Os usuários devem acessar a BR-226/MA em Estreito/MA até Porto Franco/MA. De Porto Franco/MA os usuários devem seguir pela BR-010/MA até Imperatriz/MA", diz nota da DNIT.
Repercussão nas redes sociais
Imagens registradas e compartilhadas nas redes sociais mostram o estado da ponte após o desabamento. Confira:
*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Heloá Canali, coordenadora de OLiberal.com)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA