Ministros responsabilizam plataformas pela morte de jovem vítima de fake news

Aos 22 anos, ela foi envolvida em notícias falsas sobre um romance com o humorista e a notícia teve repercussão em páginas de entretenimento

O Liberal
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[Alerta de gatilho: este texto contém informações que podem ser sensíveis a pessoas com depressão] 

Uma jovem de 22 anos morreu após ser alvo de ataques; sites nacionais com grande visibilidade, como o 'Choquei", nos últimos dias, postaram diversas notícias falsas sobre um suposto affair com o humorista Whindersson Nunes. Os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio de Almeida, e das Mulheres, Cida Gonçalves, defenderam a regulação das plataformas multimídias, consideradas por eles responsáveis pela morte de Jéssica Vitória Canedom, em Minas Gerais, na sexta-feira (22).

Para o ministro Sílvio Almeida, houve “irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e criminosos nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável”, afirmou o ministro.

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Sílvio Almeida tem argumentado que é necessária a regulação das redes sociais. Para o ministro, se a regulação não ocorrer, não há como falar em democracia ou mesmo em dignidade. “O resto é apostar no caos, na morte e na monetização do sofrimento", disparou ele no X (ex-Twitter).

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, disse que essa é mais uma tragédia “fruto da irresponsabilidade de perfis nas redes sociais que lucram com a misoginia e disseminação de mentiras e, igualmente, da falta de responsabilização das plataformas."

Para ela, "é inadmissível que o conteúdo mentiroso contra Jéssica, que fez crescer uma campanha de difamação contra a jovem, não tenha sido retirado do ar nem pelo dono da página nem pela plataforma X ao longo de quase uma semana, mesmo depois dos apelos da própria Jéssica e de sua mãe", escreveu a ministra nas redes.

O caso

No dia 18 deste mês, começaram a circular prints com uma suposta conversa entre Jéssica e Whindersson. Esses prints foram publicados em páginas de redes sociais com grande alcance, como 'Choquei'. O site tem 21 milhões de seguidores. Isso fez da jovem alvo de uma intensa campanha de ódio. 

Jéssica chegou a comentar sobre o assunto nas redes sociais dela. "Jamais imaginei ter que vir aqui me pronunciar sobre seja lá o que for. Afinal, não sou famosa e nem nunca quis ser”, disse. "Toda essa palhaçada não passa de uma brincadeira muito sem graça. Ficou bem óbvio que o intuito disso é me ridicularizar. (...) Não posso lidar com esse tipo de exposição. Esse foi o mais difícil ano da minha vida, só agradeço por ter chegado em dezembro com vida", publicou a jovem há seis dias.

A própria mãe de Jéssica publicou um vídeo chorando e implorando para que as pessoas parassem com os ataques. Ela afirmou que a filha sofria de depressão. 

A página “Choquei” divulgou nota assinada pela advogada Adélia de Jesus Soares, informando que, "não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações" e que "todas as publicações foram feitas com base em dados disponíveis no momento e em estrito cumprimento das atividades habituais decorrentes do exercício do direito à informação".

Whindersson Nunes também se manifestou. Ele divulgou uma nota através do escritório Nonstop Produções S.A.. "Perplexo com o desencadeamento desse novo massacre público proporcionado pelo uso negativo das redes sociais, o artista lamenta: 'Estou extremamente triste. Voltei ao dia em que perdi meu filho. Que ninguém passe pela dor de enterrar um filho'", afirma o texto.

Há três anos, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que criminaliza a divulgação em larga escala de fake news. O texto já foi aprovado no Senado e ficou pronto para ser votado na Câmara em maio, mas, apesar do apoio do Planalto e do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), acabou retirado da pauta por falta de consenso.

O texto defende ser crime, por exemplo, promover ou financiar com conta automatizada ou outros meios não autorizados pelos provedores a divulgação em massa de mensagens inverídicas que sejam capazes de comprometer o processo eleitoral ou que possam causar dano à integridade física.

Se você estiver passando por questões emocionais, busque ajuda. Disque 188 para o CVV - Centro de Valorização da Vida.

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