Militar da Aeronáutica acusado de matar esposa e ex-vizinho gay vai a júri popular
Justiça entendeu que existem indícios suficientes para que o sargento reformado seja julgado pelos crimes de homicídio qualificado e feminicídio
Um militar da Aeronáutica, acusado de matar a esposa e o ex-vizinho por ciúmes, vai ser submetido a um júri popular. A Justiça entendeu que existem indícios suficientes para que o sargento reformado seja julgado pelos crimes de homicídio qualificado e feminicídio, por motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.
A sentença de pronúncia foi publicada na última segunda-feira (29), pelo juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel. Na decisão, o magistrado determinou que Juenil Bonfim de Queiroz permaneça preso porque "não há fatos novos que autorizem a revogação da prisão preventiva do acusado". Ainda não há data para o julgamento.
O crime ocorreu em 12 de junho de 2019, Dia dos Namorados. Francisca Naíde e Juenil Bonfim estavam chegando ao prédio onde moravam e encontraram Francisco de Assis Pereira da Silva, o ex-vizinho de quem o militar tinha ciúmes. Francisco estava com o companheiro, Marcelo Brito.
De acordo com a Polícia Civil, o sargento da reserva da Aeronáutica chamou Francisco para conversar no apartamento onde vivia com a esposa, quando teve início a discussão que acabou com a morte de Francisco e de Francisca. Marcelo, o companheiro de Francisco, gravou o momento do crime.
Nas imagens, o militar dizia que sabia que a esposa e Francisco tinham um caso e que "queria esclarecer a traição." Em um determinado momento, o militar falou "matar ou morrer, tanto faz."
A voz de Marcelo, pedindo calma, é ouvida durante todo o tempo da discussão. Queiroz falava que tinha imagens dos encontros entre a esposa e o ex-vizinho. "Seu Queiroz, ele não fez isso. Eu ponho minha mão no fogo", dizia Marcelo.
O militar continuava afirmando que a esposa e o ex-vizinho tiveram um caso e que não iria perdoar. Francisca tentou pegar o celular para também gravar, mas Queiroz ameaçou a esposa. "Se você pegar esse telefone, você morre agora."
No vídeo, é possível ouvir Francisco chorando ao fundo. O militar perguntou se ele iria assumir o suposto relacionamento, no entanto a vítima afirmava que não havia feito nada.
Durante a discussão, Juenil Queiroz pegou uma arma e começou a carregá-la. O barulho das balas ficou registrado na gravação.
O militar perguntou, mais uma vez, se Francisco iria assumir o caso com a esposa dele. Francisco pediu ao companheiro, Marcelo, que avisasse aos pais dele de "qualquer coisa".
Marcelo repetiu que não houve traição. O sargento reformador pediu para o companheiro de Francisco sentar e disse: "A gente vai resolver assim", e dois tiros foram dados.
No vídeo, foi possível perceber que a arma do militar da Aeronáutica falhou. Depois, houve um terceiro disparo e um grito de Francisca.
Ouve-se ainda um quarto tiro. No áudio aparece uma pergunta de Queiroz, querendo saber se a esposa morreu – e um quinto disparo. Por fim, o militar falou: "é assim que a gente resolve".
Queiroz disse para Marcelo que ele poderia chamar a polícia. O companheiro de Francisco, muito nervoso, falou que procurava pelas chaves do carro. Alguém põe a mão sobre o celular que, em seguida, é desligado.
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