Mega Sena: Mulher ganha R$ 103 milhões na loteria, se separa e ex cobra metade do valor na Justiça
O casamento do ex-casal durou cerca de nove meses; ela era dona de barraca de lanchonete e ele era motorista de kombi
Uma mulher ganhou na Mega Sena mais de R$ 103 milhões de reais e, ao se separar de seu ex-marido, acabou entrando em uma longa briga judicial. Isso porque, segundo o homem, os dois teriam gahado o prêmio.
A versão da mulher conta que os dois sequer eram casados quando ela ganhou na loteria. Além disso, os dois se casaram depois que a sorte bateu à porta e o casamento durou apenas nove meses por conta das grosserias por parte dele. Na perspectiva dele, os dois já tinham uma união estável antes do sorteio acontecer e que a mulher teria agido de maneira "sorrateira" depois que ganhou o prêmio da Mega Sena, pois tirou a quantia milionária de uma suposta conta conjunta que os dois mantinham.
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Durante o processo judicial, o juízo mandou bloquear a parte que caberia ao homem, ou seja R$ 66 milhões. O caso ainda segue em tramitação na Justiça.
História do ex-casal milionário
Os dois moravam na Região Metropolitana de Recife e começaram a namorar em abril de 2020 e noivaram pouco tempo depois, em agosto do mesmo ano. Enquanto ela era dona de barraca e ele era motorista de kombi, a sorte chegou no dia 7 de outubro daquele ano, já que o sorteio do concurso 2306 da Mega Sena foi anunciado pela Caixa Econômica Federal com os seguintes números: 03 - 19 - 28 - 33 - 57 - 58. A única aposta vencedora foi realizada na cidade de Abreu e Lima, município de Pernambuco com cerca de 100 mil habitantes. A vencedora recebeu mais de R$ 103 milhões e vinte e dois dias depois da grande sorte, os dois casaram, no dia 29 de outubro. A mulher conta que ganhar na Mega foi "um milagre".
Apesar de o casal ser milionário, o casamento durou apenas nove meses. Assim, veio o divórcio e a disputa pelos bens, principalmente sobre o valor do prêmio da loteria.
O valor de mais R$ 103 milhões ficou para a mulher, que chegou a dar R$ 10 milhões para o ex-marido e R$ 1 milhão para cada filho dele, além de se mudar por conta da sua própria segurança. A mulher, agora empreendedora, disse que tomou a decisão de se separar por conta das grossesrias que o ex fazia. "Eu decidi pelo simples fato de que ele era uma pessoa muito grossa, não me tratava bem". "Ele não tinha modos", explicou.
Depois que o casal já estava separado há cerca de um ano, ele resolveu entrar com uma ação contra a mulher para receber R$ 66 milhões, valor que entende ser devido por ser metade do prêmio, além de danos morais e materias. Segundo ele, ela não agiu de boa-fé. "Agindo de má-fé, sendo maquiavélica e sorrateira com relação aos valores do casal, de forma que logo após transferir todo o dinheiro do casal, de forma cruel, imediatamente pediu a separação, queria o divórcio, deixando o requerido sem nenhum meio de sobreviver, pois o mesmo ainda precisava fazer uma cirurgia, e agora se encontrava sem ter condições financeiras para fazer a cirurgia", explicou a defesa dele.
Os dois estavam numa união estável?
Uma das teses levantadas pelo advogado do ex-marido é a de que o relacionamento podia ser caracterizado como união estável. Desta forma, ele teria direito a mais de R$ 50 milhões (valor correspondente à metade do prêmio da loteria que ela ganhou), pois os bens adquiridos durante este tipo de relacionamento pertencem aos dois e no momento da separação cada um ficaria com 50% do que foi acumulado.
De acordo com a lei, uma união estável pode ser registrada em cartório ou não. No caso de não ser registrada, ela pode ser comprovada na Justiça depois que houver a separação dos companheiros, que é, supostamente, o caso do ex-casal milionário.
O que caracteriza uma união estável?
A união estável é um relacionamento que precisa ser público, duradouro e que os companheiros tenham a intenção de constituir família. No caso dos dois, o relacionamento durou apenas sete meses entre o início do namoro e o casamento, em que eles nem moravam juntos. Ela morava dentro da sua própria barraca de lanchonete, pois foi despejada de uma casa alugada em que morava. Já o homem morava na casa do irmão, em outro bairro da cidade.
Na tentativa de comprovar a união estável, o homem alegou que os tinham relacões sexuais antes do casamento e disse ainda que dormiam juntos em um colchonete de solteiro dentro da barraca da ex-esposa. "Às vezes, você tem uma mulher que é fogosa, né? Não tem como segurar", disse ele. A mulher nega qualquer intimidade antes do casamento, pois ela explicou que é evangélica e assegurou que "não teve nenhum contato" com ele antes do casamento. "A igreja não quer que demore muito tempo para não fazer ato sexual antes de se casar", explicou ela sobre o fato deles terem ficado noivos com pouco tempo de namoro.
Briga judicial continua
No processo, o homem alegou que os dois tinham um conta bancária conjunta, mas que eles não faziam movimentações financeiras. Documento da Caixa que serve como prova no processo indica que se trata de uma conta individual.
Além disso, ele afirma que os números apostados e o valor para pagar o bilhete eram dele. A mulher nega todas as alegações.
Por conta do processo ter iniciado apenas um ano após o fim do relacionamento, o ex-marido justifica que ele estava com medo do "poderio econômico" da ex-mulher. Em dezembro de 2023, o advogado dele pediu para que os bens dela fossem bloqueados. A Justiça aceitou o pedido e mandou bloquear 50% dos bens dela, o que corresponde a R$ 66 milhões. Apesar da decisão favorável, só foi encontrado R$ 22, 5 milhões em contas diferentes. No início de 2024, uma decisão liberou 10% desse valor.
Segundo depoimento da mulher no processo do ex-casal, ela teria feito doações para o ex-marido e os filhos dele. Algumas amigas também receberam doações nos valores que variam entre R$ 100 mil a R$ 120 mil.
Além disso, o advogado dela reforçou que a ex-esposa se mudou da cidade por razões de segurança, tendo em vista a fortuna e que ela vive apenas com parte do valor do prêmio, pois a Justiça bloqueou o restante, conforme foi pedido pelo ex-marido.
O processo judicial continua e parece estar longe de ter um fim. É importante lembrar que os dois podem fazer um acordo para colocar fim a briga.
(Escrito por Rafael Lédo, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Mirelly Pires, editor web de Oliberal.com)
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