Médicos de Manaus já precisam escolher entre quem vai viver ou morrer
Colapso da rede de saúde muda protocolo de atendimento: agora, prioridade é para quem tiver mais chance de sobrevivência

Com o colapso da rede municipal de saúde, amplamente noticiada nas últimas semanas, os médicos do Serviço de Atendimento de Móvel de Urgência (Samu) de Manaus, capital do Amazonas, já precisam fazer a dura escolha entre quem vai viver e os que se tornarão estatística na conta de vítimas do novo coronavírus no país.
A lotação dos leitos de UTI no município de mais de dois milhões de habitantes obriga os profissionais a adotarem protocolos de atendimento usados apenas em situações extremas, como nos casos de acidentes graves com múltiplas vítimas: ganha prioridade de atendimento quem tem mais chance de sobrevivência. “É triste, mas é assim que está sendo”, diz Domício Melo de Magalhães, diretor médico do Samu de Manaus.
Com a explosão de casos na capital amazonense, a central de regulação define quando e qual tipo de atendimento será feito. “Se a pessoa consegue falar, não mandamos mais ambulâncias”, conta ele. “Estamos tentando concentrar nosso efetivo para atender aqueles que estão em situação muito crítica, com falta de ar extrema, em que se nada for feito, a pessoa morrerá”, diz.
A crise causada pelo novo coronavírus mudou inclusive práticas tradicionais para os profissionais do Samu manauara, diz o profissional. “Antes se eu chegasse em uma residência e encontrasse um idoso em parada cardio-respiratória eu tentaria a reanimação por até 40 minutos. Hoje apenas atesto o óbito, porque se eu tentar reanimá-lo e houver retorno espontâneo do pulso, não tenho para onde levá-lo.”
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