Mandantes da morte de Marielle Franco ficarão em penitenciárias distintas
Na capital federal, os três foram submetidos a exames de corpo de delito e, em seguida, encaminhados para o presídio de segurança máxima
Os três suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes serão alojados em diferentes penitenciárias. O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, chegaram à Brasília (DF) na tarde deste domingo (24), após uma audiência de custódia no Rio de Janeiro. Escoltados por agentes da Polícia Federal, eles foram submetidos a exames de corpo de delito e, em seguida, encaminhados para o presídio de segurança máxima.
Segundo informações obtidas pelo portal CNN, Rivaldo Barbosa deverá permanecer na penitenciária federal, em Brasília. Já Domingos Brazão será transferido para o presídio federal de Porto Velho (RO), enquanto o irmão, Chiquinho Brazão, poderá ser encaminhado para um presídio em Campo Grande (MS). Contudo, ainda não há uma data definida para essas transferências, pois dependem de decisões dos juízes corregedores.
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A Operação Murder Inc, que resultou na prisão dos três suspeitos, é uma colaboração entre a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Questão fundiária teria sido a motivação para o crime
Em coletiva à imprensa na tarde deste domingo (24), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, relacionou a disputa envolvendo o Projeto de Lei 174/2016 na Câmara Municipal do Rio de Janeiro à morte da vereadora Marielle Franco (PSol) e de seu motorista, Anderson Gomes.
De acordo com informações da Polícia Federal, o embate teve um agravamento no segundo semestre de 2017. A votação do PL 174/2016 provocou uma "reação descontrolada" por parte de Chiquinho Brazão contra Marielle. "Ficou evidente a divergência no campo político, especialmente em questões relacionadas à regularização fundiária e ao direito à moradia", ressaltou o ministro.
Enquanto Marielle buscava a regularização das terras para fins sociais, os irmãos Brazão, conforme o relatório da PF, estavam associados a um grupo político com posição contrária. Os suspeitos de serem os mandantes do crime pleiteavam a regularização de um condomínio em Jacarepaguá, porém Marielle, na sua função de vereadora, trabalhava para que a ocupação do terreno fosse acompanhada pela Defensoria Pública e pelo Instituto de Terras e Cartografia do Rio.
O relatório da PF servirá de base para novas investigações. Segundo o ministro da Justiça, essas investigações expõem o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro, que demonstram uma sofisticação considerável, abrangendo diversas áreas de atividade.
“Tenho a impressão que, a partir desse caso, nós podemos talvez desvendar outros casos, ou pelo menos seguir o fio da meada de um novelo cuja dimensão ainda não temos clara, mas essa investigação é a espécie de uma radiografia de como operam as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro, e como há um entrelaçamento inclusive com alguns órgãos políticos e alguns órgãos públicos”, complementou Lewandowski.
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