Gêmeos idênticos terão que fazer exame complexo para resolver processo de paternidade
Exame de DNA deu positivo para os dois, mas nenhum quer assumir paternidade de menina.
Dois gêmeos terão de se submeter a exame complexo e de alto custo, realizado por laboratório estrangeiro, para descobrir quem é o pai de uma menina de dez anos. A decisão foi tomada pela Justiça de Goiás, após os irmãos confundirem a mãe da criança e se negarem a dizer quem é o pai.
Ainda de acordo com a Justiça, os dois são gêmeos univitelinos e se aproveitavam da extrema semelhança física, desde crianças, para aprontar. A partir da adolescência, a dupla passou a se valer ainda mais da aparência idêntica para ocultar traições e angariar maior número de mulheres.
Como gêmeos monozigóticos, ou univitelinos, têm o código genético igual, os exames laboratoriais de DNA identificaram a compatibilidade da criança com os dois irmãos, pois são incapazes de fazer distinção de códigos genéticos idênticos.
Mesmo com o resultado, eles continuaram se negando a admitir a paternidade da menina, de forma espontânea. Por isso, o primeiro juiz do caso determinou a dupla paternidade, em decisão proferida em 2019, impondo aos dois irmãos o pagamento solidário de pensão alimentícia.
Insatisfeitos com a decisão do magistrado, os gêmeos recorreram à Justiça. A 3ª Câmara Cível do TJ-GO, então, reformou a sentença e determinou a realização do exame conhecido como DNA Twin Test, mais detalhado, com a procura por mutações que possam identificar o verdadeiro pai e análise de 3 bilhões de letras do DNA. Este exame não está disponível no Brasil e custa R$ 60 mil.
Em seu voto, o desembargador-relator Anderson Máximo de Holanda considerou que a ausência de prova quanto à paternidade “impõe à criança o encargo de suportar dúvida perene a respeito da sua ascendência”. Ele foi seguido, por unanimidade, pelos demais magistrados da câmara.
CASO
A mãe da criança contou que teve um relacionamento breve com o pai da sua filha, que acreditava ser o primeiro réu, após conhecer o homem em uma festa de amigos em comum. Na ocasião, ele disse que tinha um irmão gêmeo, mas a mulher não percebeu nada de errado.
“O estranho, no dia, é que ele se apresentou com um nome, mas estava com a motocicleta amarela do irmão”, revelou. Inicialmente, a mulher havia ajuizado a ação de reconhecimento de paternidade contra o primeiro réu. Ele se submeteu ao exame de DNA e, quando o resultado deu positivo, indicou o irmão como o verdadeiro pai e o resultado também deu positivo.
Na nova decisão, a assistência material será paga apenas pelo primeiro réu, enquanto não houver resultado do novo exame.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA