Ferramenta que usa inteligência artificial ajuda a diagnosticar câncer de fígado
Ferramenta criada no Hospital das Clínicas de São Paulo seleciona exames de tomografia de casos graves de cirrose e tumores hepáticos.
O Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) criou a ferramenta chamada "HepatIA", que usa a inteligência artificial para localizar precocemente lesões hepáticas em exames de tomografia de abdômen, agilizando o tratamento de casos mais graves.
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A plataforma foi construída a partir de exames de tomografias de 700 pacientes, entre pessoas saudáveis e casos de cirrose por hepatites e câncer. “É um trabalho que estamos desenvolvendo desde 2018 e conta com dados extremamente detalhados e acurados para desenvolver o algoritmo”, disse o médico radiologista Bruno Aragão à Galileu. “Já existem ferramentas do gênero para outros problemas, como trombose pulmonar, mas escolhemos o fígado porque é uma área pouco estudada por pesquisadores de inteligência artificial”, completa o pesquisador.
Ao inserir um novo exame na plataforma, a "HepatIA" faz uma triagem e sugere um possível diagnóstico que deve ser confirmado pelo profissional de saúde. Se houver suspeita de cirrose ou câncer, esse paciente ganha prioridade na fila de análise dos radiologistas.
Os resultados iniciais apontaram um resultado preciso de cerca de 94% para identificação automática da fase do contraste, 84% para triagem de alterações no formato de fígado que sugerem cirrose e 70% na triagem da presença de câncer no exame.
“Nosso objetivo é resolver problemas de fluxos e processos, principalmente num hospital com um grande número de exames para processar”, explica o médico. Segundo ele, a plataforma está em constante evolução para aprimorar a triagem de tumores pequenos em pacientes.
Também foi criada uma linha de pesquisa com alunos de doutorado e iniciação científica em torno do projeto, o que estimula o aprimoramento e a criação de novas funcionalidades.
Ainda, a ferramenta também aponta quando a tomografia detecta perda de massa muscular (sarcopenia). A identificação desse quadro é fundamental para pacientes oncológicos, segundo o médico, pois previne complicações e melhora a resposta ao tratamento e a sobrevida do paciente. “Ela mostra com rapidez um cálculo que acaba não sendo feito de forma rotineira. Assim, pode-se encaminhar esse paciente para acompanhamento nutricional, por exemplo”, explica.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria entre o Instituto de Radiologia e o Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas, o Núcleo de Inovação Tecnológica do HC (InovaHC), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a startup de tecnologia MaChiron.
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