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Falsa central telefônica usava robôs para golpes em médicos e dentistas; veja como funcionava

Para convencer as pessoas enganadas, eram utilizados aplicativos falsos com mensagens via celular

José Maria Tomazela / Estadão Conteúdo

Uma quadrilha montou uma central telefônica clandestina, em Campinas, no interior de São Paulo, que usava até robôs digitais para aplicar golpes contra médicos e dentistas em escala nacional. Com informações privilegiadas, os criminosos abordavam profissionais de saúde e os compeliam a quitar dívidas inexistentes.

Já foram identificadas 475 vítimas em sete Estados, mas o número pode dobrar. Sete pessoas - quatro mulheres e três homens - foram presas em flagrante.

Nenhum dos suspeitos presos teve a identidade revelada. A reportagem não conseguiu localizar as defesas.

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Segundo a investigação, o bando é suspeito de aplicar golpes em Estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco e Bahia. "Eles tiveram acesso ao banco de dados de pelo menos uma grande cooperativa de serviços de saúde e, com essas informações, ligavam para as vítimas para informar e cobrar falsos débitos. Os suspeitos ora se apresentavam como funcionários do setor de cobrança da cooperativa, ora como servidores de cartórios, oferecendo a quitação supostamente vantajosa das dívidas inexistentes. Eles ameaçavam protestar a pessoa física das vítimas ou excluí-las da cooperativa", disse o delegado Sandro Jonasson, do 11º Distrito Policial de Campinas, responsável pela investigação.

Para convencer as pessoas enganadas, eram utilizados aplicativos falsos com mensagens via celular. As ligações fraudulentas eram feitas também por robôs que replicavam os recados automaticamente.

"Eles montaram uma estrutura empresarial, com computadores, robôs digitais, um grande número de celulares e chips. Ainda não temos o valor dos prejuízos, mas é um golpe de grande magnitude. São milhares de anotações, com nomes, telefones e valores. Alguns débitos eram reais, mas a cobrança era indevida. Em outros, eles simplesmente inventavam um valor e ameaçavam desligar o profissional da cooperativa se não pagasse em tantas horas", detalhou.

Para dar uma ideia do montante do golpe, o delegado citou que um médico da Bahia aceitou pagar aos criminosos uma suposta dívida de R$ 36 mil em 12 prestações de R$ 3 mil cada. Uma médica de Mato Grosso do Sul fez um Pix de R$ 8 mil para a quadrilha para quitar uma dívida falsa de R$ 80 mil.

"Foi a partir dessa transação que conseguimos identificar o primeiro suspeito e depois chegar à quadrilha. Quando falamos com a médica, ela insistiu que o pagamento era regular e custou a acreditar que tinha caído em um golpe", contou o delegado.

As investigações começaram há cerca de um ano e, com a identificação de um dos estelionatários, foi possível chegar ao endereço da central de golpes, em pleno centro de Campinas. Após monitorar o local, a equipe flagrou o suspeito entrando no imóvel.

Segundo Jonasson, as investigações apontam para a ação de uma facção criminosa. "Quando a equipe entrou, às 8h40 da manhã, eles estavam trabalhando a todo vapor e vimos que a central operava 24 horas por dia, sete dias por semana. Uma estrutura profissional assim, operando há quase um ano, não estaria em pé sem o aval de uma facção", disse.

Foram apreendidos 30 celulares, mais de 100 chips, seis computadores com unidades processadoras, telefones fixos e calhamaços com anotações e registros dos crimes. A central funcionava em uma casa alugada. "Era um escritório do crime com estrutura de empresa, balancetes diários e compliance, pois uma das pessoas confessou que eles operavam com cumprimento de metas", acrescentou.

Conforme o delegado, duas das mulheres envolvidas alegaram que não sabiam tratar-se de atividade criminosa. A alegação não foi aceita pela Justiça. "Como todos, elas receberam treinamento e sabiam bem o que estavam fazendo", afirmou.

Os sete suspeitos passaram por audiência de custódia nesta sexta-feira, 16, e o juiz decretou a prisão preventiva de todos por crimes como extorsão, estelionato e organização criminosa. Eles foram encaminhados para unidades prisionais.

Ainda segundo o delegado, como a investigação prossegue para apurar outros possíveis envolvidos, os nomes dos suspeitos não serão divulgados. "A partir da quebra dos sigilos bancário e telemático dos suspeitos, esperamos encontrar outras conexões desse escritório. Tudo indica que há outras centrais operando na Região Metropolitana de Campinas", disse.

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