Especialistas explicam o que é sionismo, movimento que dá origem ao Estado de Israel

Professora da PUC afirma que sionismo é uma religião-política que une conceitos religiosos em uma moldura moderna

O Liberal
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Para compreender o movimento político subjacente à criação do Estado de Israel, a Agência Brasil realizou entrevistas com dois especialistas no assunto. A primeira entrevistada é Rashmi Singh, professora de pós-graduação em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais. Singh, de origem indiana, dedicou mais de duas décadas ao estudo da questão árabe-israelense, especializando-se em tópicos como terrorismo, radicalização, crimes transnacionais e violência política. O segundo entrevistado é Michel Gherman, historiador e professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de assessor do Instituto Brasil-Israel. Gherman, que é judeu, concentra suas pesquisas em temas como o antissemitismo e o sionismo.

Quando questionada sobre a definição do sionismo, Rashmi Singh explicou que o sionismo é uma religião-política que amalgama conceitos religiosos em uma moldura moderna, visando a objetivos contemporâneos específicos. Ela enfatizou que o sionismo é a conexão entre religião e política, uma fusão da fé e do pensamento religioso com metas políticas, notadamente o estabelecimento do Estado de Israel. Ela ressaltou que o movimento teve início em 1896 com Theodor Herzl, que advogou pelo direito dos judeus de possuir um Estado próprio na Palestina devido à ligação histórica e bíblica da região com o judaísmo.

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Michel Gherman acrescentou à definição de sionismo, afirmando que é um movimento que se fundamenta na construção da identidade nacional do povo judeu. "Note que eu não falo sobre Estado de Israel quando defino o sionismo porque algumas correntes do sionismo, que é um movimento diverso, não têm como objetivo final a construção do Estado de Israel. Tem correntes que falavam sobre uma confederação nacional árabe-judaica, algumas correntes falavam sobre autonomia nacional judaica e há correntes hegemônicas que falavam sobre um Estado nacional judaico", disse.

Sionismo ofereceu uma resposta à questão judaica

Gherman argumentou que o sionismo ofereceu uma resposta à questão judaica, tornando-se a solução mais aceita após o Holocausto, quando os judeus que emigraram para construir o Estado de Israel sobreviveram, enquanto aqueles que permaneceram na Europa enfrentaram o genocídio.

Ao ser questionada sobre o sucesso da criação do Estado de Israel e por que o sionismo prevaleceu na Palestina, Rashmi Singh explicou que o conceito de sionismo era profundamente enraizado na Europa devido à perseguição dos judeus.

"Então, Theodor Herzl fomentou uma organização sionista que promoveu a migração judia para a Palestina para construir um Estado para os judeus. Nessa época (final do século 19), era uma organização para juntar fundos e comprar territórios na Palestina para colocar as comunidades de judeus da Europa nesse local. Mas eles não conseguiram comprar muita terra porque já era uma área ocupada. A situação começou a mudar depois da 1ª Guerra Mundial com a criação do Mandato da Palestina do Reino Unido. Antes mesmo do Reino Unido ganhar o controle do território palestino, o governo britânico lançou a Declaração de Balfour, em 1917, que deu apoio total ao estabelecimento dos judeus nesse local. A partir daí, temos enormes migrações de judeus europeus para a Palestina e, ao mesmo tempo, começou uma reação dos árabes contra essa migração", expliciu Rashmi Singh.

Michel Gherman também contribuiu para a discussão do sucesso do sionismo, destacando a hegemonia da corrente migratória de esquerda dentro do movimento sionista. Essa corrente, de natureza trabalhista e social-democrata, promoveu a migração judaica da Europa para a Palestina sem a necessidade de acordos com as potências ou os palestinos. Ele explicou que a migração tornou-se uma necessidade devido ao antissemitismo crescente na Europa e ao surgimento do nazismo, que demonstrou a necessidade de um Estado judeu na Palestina, uma vez que as fronteiras para outros destinos se fecharam. Portanto, o sucesso da criação de Israel também se deveu a condições concretas e à influência do antissemitismo e do Holocausto.

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