Em aula virtual, aluna diz estar nua e professor oferece ponto para ela abrir a câmera

Episódio se deu durante uma aula remota da Faculdade de Direito de Franca, em São Paulo. Os dois argumentam que não se tratou de assédio

Redação Integrada (Com informações do portal Metrópoles)

O que começou como uma brincadeira por pouco não terminou com a demissão de professor de direito penal da Faculdade de Direito de Franca, em São Paulo, identificado como William Tristão. Durante uma aula virtual, na última segunda-feira, 28, ao pedir para uma aluna abrir a câmera, ela disse que não poderia pois estava sem roupa, já que estava prestes a entrar no banho. Em seguida, ele comenta: “Meio ponto para você abrir a câmera”. 

O professor repetiu: “Abre a câmera aí”. Diante da recusa, Tristão insistiu e a aluna retrucou: “Sério que você me falou isso no meio da aula?”. “Meio ponto”, enfatiza o professor. “Obrigada”, diz ela, por entender que havia ganhado ponto extra. “Não, (o meio ponto) é para você abrir a câmera. Acha que eu vou te dar meio ponto para você abrir o áudio e vir me chatear?”, pergunta o professor.

A universitária argumenta e diz que “abrir a câmera não vale” a pontuação e que ela pode estudar para conseguir a nota.

Após o diálogo ter se tornado alvo de comentários e chegado ao conhecimento da faculdade, ambos foram procurados para falar sobre o assunto e negaram ter se tratado de um caso de assédio. Tristão se defendeu, disse que conhece a família da aluna e que o caso não passou de uma “brincadeira”. "Em nenhum momento houve assédio. A própria aluna me ligou e disse que não se sentiu assediada. Ela falou o mesmo para o vice-diretor. Eu já a conhecia, os nossos pais trabalharam juntos e existia um contato anterior. Nós temos uma amizade”, explicou.

A universitária também negou o assédio: “A situação foi distorcida e não mostrou toda a situação. Não quis e não quero me identificar pois estou sendo exposta. Eu sou a ‘ofendida’ e ninguém escuta o que eu falo. Parece que só querem aparecer e prejudicar tanto a mim quanto a faculdade e o professor”, afirmou.

Mesmo diante das explicações que ambos deram, o Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito de Franca emitiu nota em que repudiou as atitudes do professor e informou que protocolou um ofício requerendo a abertura de uma sindicância para avaliar a conduta do docente. William Tristão poderá sofrer punições que vão desde o afastamento até a exclusão.

“Reiteramos, como uma pauta já expressa, que todo e qualquer tipo de abuso agravado pela manipulação através das relações de poder instituídas na academia são absolutamente inaceitáveis. Tais práticas, apesar do tom de brincadeira, ferem não apenas a ética das relações educacionais, mas o próprio processo de construção científica e a responsabilidade das instituições na formação de recursos humanos”, diz a nota.

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