Deputada Lucinha e assessora se reuniram 15 vezes com milicianos, aponta MP e PF
Zinho, dono da maior milícia do RJ, esteve presente em alguns desses encontros
Relatório de investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Federal (PF) aponta que a deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros, a Lucinha (PSD), ou sua assessora, Ariane de Afonso Lima, se reuniram ao menos 15 vezes pessoalmente com milicianos do grupo chefiado por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, dono da maior milícia do Rio de Janeiro, em 2021. As reuniões contavam com a presença de integrantes da milícia que atua na região de Campo Grande, Paciência e Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade. O próprio Zinho chegou a participar de alguns desses encontros.
Segundo agentes do MP e da PF, Lucinha e Zinho evitavam se falar por telefone, para não ficar demonstrado que a parlamentar integrava a milícia da Zona Oeste. Ela foi afastada do cargo por tempo indeterminado pela Justiça do Rio, nesta segunda-feira (18), por suspeita de ligação com a milícia comandada por Zinho. A Justiça entendeu que a deputada tem se valido de seu cargo integralmente para patrocinar os interesses da milícia privada da Zona Oeste.
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Cinco episódios foram destacados pelo MP e a PF como demonstração da interferência de Lucinha e de sua assessora para favorecer os criminosos. Veja quais
- Em um deles, a deputada intermediou a soltura de milicianos presos em uma operação do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões.
- Ariane, em uma conversa por telefone com o miliciano Domício Barbosa de Souza, o Dom, um dos homens de confiança de Zinho, informou sobre a data em que o prefeito Eduardo Paes (PSD) visitaria a Zona Oeste. Com essa informação, o miliciano teve como “se programar” e “retirar das ruas sua tropa armada”, impedindo, assim, a atuação do Poder Público na identificação e prisão dos integrantes do grupo.
- Lucinha sabia que seria interessante para o grupo "manter o sistema de brecha da P5", que se refere ao Sistema de Transporte Público Local (STPL) da Área de Planejamento 5 (AP-5), que corresponde ao transporte de vans nos bairros da Zona Oeste. Segundo a investigação, o controle ilegal do transporte alternativo é a maior fonte de recursos da milícia na região. Os diálogos travados entre Lucinha e o miliciano Dom demonstram que a deputada atuou junto ao Poder Executivo para a manutenção da “brecha da P5”.
- O outro caso envolve a morte do empresário Alberto César Romano Junior, cujo corpo estaria na área dominada pela milícia de Zinho. Dom teria contado para a assessora de Lucinha que Alberto foi morto pelo grupo rival, conhecido como Bonde do Tandera. Ele fala do interesse que de fosse realizada uma operação policial contra esse grupo e pede que Lucinha fale sobre isso com o presidente da Alerj, na época, o deputado André Ceciliano (PT).
- Mensagens mostram também que a deputada e sua assessora com o miliciano Domício atuaram para influenciar na troca do comando do 27º Batalhão de Polícia Militar, em Santa Cruz.
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