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Como surge a insegurança e o medo? Estudo com pesquisadores brasileiros explica

Um grupo realizou um estudo que buscava mapear os locais do cérebro responsáveis pela formação destes sentimentos.

Beatriz Rodrigues

O medo e a insegurança são sentimentos que fazem parte da vida de todos os seres humanos e, pensando neles, um grupo, que contou com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade do Estado de São Paulo (USP), realizou um estudo que buscava mapear os locais do cérebro responsáveis pela formação desses sentimentos.

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“Estávamos interessados em ver uma região do cérebro relacionada à sinalização de medo, como ela poderia identificar ambientes relacionados previamente a uma ameaça física ou predatória, como um local em que o indivíduo sofreu um estímulo físico eversivo [que causa destruição]”, explica o professor Newton Sabino Canteras.

O cientista do Departamento de Anatomia da USP, que também é um dos co-autores do artigo, explica que o hipocampo está envolvido na navegação espacial e orientação do corpo no ambiente – e também agrega as ameaças ambientais. O registro do que for perigoso vai ser “jogado” lá, de tal maneira que é possível computar no ambiente de onde vem a ameaça. Canteras explica que a estrutura do hipocampo que é a "estrela do espetáculo" é o subículo

“Ela transfere as informações ligadas à ameaça ambiental ao hipotálamo. Então nossa pergunta foi como essa estrutura se comporta quando o animal está frente a um ambiente previamente associado a um estímulo aversivo”, detalha Canteras.

Para observar a atividade desse núcleo, o grupo utilizou uma tecnologia para detectar a atividade de neurônios no cérebro de animais em movimento livre. “Colocamos um vírus que expressa uma proteína sensível à entrada de cálcio e pode registrar a atividade celular. Conforme há atividade celular, vai emitindo mais fluorescência", diz o estudo.

Como foi feito o estudo

Eles habituaram um camundongo em um aparato com duas caixas ligadas por um corredor. Em uma dessas caixas, o roedor foi confinado e recebeu choque nas patas. No dia seguinte, o animal foi colocado no aparato experimental para evitar a caixa aversiva.

Segundo Canteras: “Normalmente, quando é testado assim, ele estica o corpinho, vai e volta, mas não entra mais na caixa onde recebeu o choque, tem uma série de reações que a gente chama de evitação".

Na análise fotométrica, foi detectado que o PMd (núcleo pré-mamilar dorsal) fica particularmente ativo quando o animal se direciona ao local aversivo e apresenta um aumento ainda maior da atividade quando fica próximo da fonte ameaçadora.

“Trata-se, portanto, de um detector de ameaça muito claro, que interage de forma dinâmica com a fonte. Se o rato virar de costas, não é ativado, mas se olha para ela ou fica próximo, o PMd vai ‘apitar’, e esse é um dos grandes achados do trabalho”, relata Canteras.

Notou-se também que a inativação do PMd influencia tanto a expressão das respostas de defesa como o processo de reconsolidação da memória de medo. Ou seja, após a inativação do PMd o animal registra o ambiente como seguro e, no dia seguinte, navega pelo ambiente como se não houvesse qualquer risco.

O artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Current Biology e conta como primeiros autores Juliette Viellard, do Institut des Maladies Neurodégénératives da Universidade de Bordeaux, França e Fernando Melleu, do Instituto de Ciências Biológicas da USP.

(*Beatriz Rodrigues, estagiária sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de Oliberal.com)

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