Câmara de São Paulo reúne assinaturas para instaurar CPI com foco no padre Júlio Lancellotti
Padre refuta qualquer influência sobre entidades que podem ser alvos da comissão parlamentar
A Câmara Municipal de São Paulo decidiu iniciar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para analisar Organizações Não Governamentais (ONGs) dedicadas à assistência a pessoas em situação de rua, com foco no padre Júlio Lancellotti. A solicitação da CPI partiu do vereador Rubinho Nunes (União), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), e obteve as 24 assinaturas necessárias.
O padre Júlio Lancellotti, conhecido por sua atuação junto a pessoas em situação de rua, é um dos principais alvos dessa investigação. Proximidade do padre com Guilherme Boulos (PSol), um dos pré-candidatos a prefeito de São Paulo, pode complicar mais a vida de Julio em ano eleitoral.
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Em resposta às acusações, padre Júlio Lancellotti resgatou um vídeo antigo de dom Hélder Câmara (1909-1999), explicando os desafios enfrentados por aqueles que, mesmo ajudando os pobres, ousavam falar em justiça durante a ditadura militar no Brasil.
Em entrevista em 1987, após a redemocratização, dom Helder, disse: "Houve um tempo em que aqui, no Brasil, era assim: se um leigo, uma religiosa, um padre, um bispo trabalhava diretamente com o povo, 'meu Deus, é um santo', 'é uma santa religiosa'. Mas, quando a pessoa mesmo continuando a ajudar o pobre tinha a audácia de falar em justiça. Já viu palavra mais perigosa: justiça? [se] Falar em promoção humana, imediatamente era chamado de comunista".
A iniciativa de Rubinho Nunes foi alvo de críticas por parte de vereadores da oposição, como Luna Zarattini e Hélio Rodrigues, ambos do PT, que apresentaram denúncia na Corregedoria da Câmara.
Duas ONGs estão na mira, mas Julio afirma que não tem ligação
O vereador Nunes planeja direcionar a investigação para as ONGs Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, e o coletivo Craco Resiste, ambas atuantes na região central da cidade, especialmente na cracolândia. A Bompar, ligada à igreja católica e da qual o padre Júlio foi conselheiro, é uma entidade filantrópica, enquanto o coletivo Craco Resiste combate a violência policial na cracolândia.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, em dezembro, Lancellotti refutou qualquer influência sobre as mencionadas entidades, afirmando não estar envolvido em projetos conjuntos com elas. O padre sugeriu que os responsáveis pela investigação deveriam focar em convocar autoridades como o prefeito Ricardo Nunes e a Secretária de Assistência Social, responsáveis pelo uso de recursos públicos.
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