Aids matou uma pessoa por minuto no mundo em 2022, aponta relatório da ONU
Os números são do relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, que destaca que a pandemia de aids pode acabar até 2030
Em 2022, a cada minuto, uma pessoa morreu em decorrência da aids no mundo. Cerca de 620 mil pessoas que foram a óbito em decorrência de doenças oportunistas relacionadas à aids. No Brasil, a estimativa aponta para 13 mil mortes por esse motivo ano passado. Por outro lado, o número de novos diagnósticos de infecções pelo vírus HIV alcançou a marca de 1,3 milhão no mundo, menor índice registrado em décadas. Os números são do relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, que destaca que a pandemia de aids pode acabar até 2030.
Intitulado “O Caminho que põe fim à aids”, o relatório mostra que há um caminho claro para acabar com a aids como ameaça à saúde pública. O apontamento é que esse caminho também ajudará o mundo a estar mais bem preparado para enfrentar futuras pandemias e a avançar no progresso em direção à conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O relatório traz dados e estudos de caso que destacam que o fim da Aids é uma escolha política e financeira, e que os países e lideranças que já estão seguindo esse caminho estão obtendo resultados extraordinários.
Metas 95-95-95
Países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, a República Unida da Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas “95-95-95”. Isso significa que, nesses países, 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida. Outros 16 países, oito dos quais na África subsaariana, região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV, também estão próximos de alcançar essas metas.
Dados do Brasil
O Brasil, por sua vez, também está no caminho, com atingimento, respectivamente, em 88-83-95. Mas, segundo o relatório, o país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas.
“Ao mesmo tempo assistimos o movimento em casas legislativas municipais, estaduais e até mesmo no Congresso de apresentar legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIA+, especialmente pessoas trans”, alerta Ariadne Ribeiro Ferreira, oficial de Igualdades e Direitos do Unaids Brasil. “Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a aids até 2030.”, acrescenta.
Mais investimentos e avanço na descriminalização
O relatório do Unaids mostra que o progresso rumo ao fim da aids tem sido mais forte nos países e regiões que têm maior investimento financeiro. Na África Oriental e Austral, por exemplo, as novas infecções por HIV foram reduzidas em 57% desde 2010 e o número de pessoas em tratamento antirretroviral triplicou, passando de 7,7 milhões em 2010, para 29,8 milhões em 2022.
O relatório, no entanto, também enfatiza que o fim da Aids não ocorrerá automaticamente. Cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com HIV. Mulheres e meninas ainda são desproporcionalmente afetadas, especialmente na África subsaariana.
“Estamos esperançosos de acabar com a aids, mas não é ainda o otimismo tranquilo que surgiria se tudo estivesse indo como deveria. Pelo contrário, é uma esperança fundamentada em ver que existem oportunidades de sucesso, mas que dependem de ação”, diz Winnie Byanyima, diretora executiva do Unaids. “Os fatos e os números compartilhados neste relatório não mostram que o mundo já está no caminho certo, mas indicam claramente que podemos chegar lá. O caminho a seguir é muito claro.”, completa.:
Estimativas para 2022
Mundo:
Pessoas Vivendo com HIV: 39 milhões
Pessoas em tratamento antirretroviral: 29,8 milhões
Novas infecções pelo HIV: 1,3 milhão
Óbitos em decorrência da aids: 620 mil
Brasil:
Pessoas Vivendo com HIV: 990 mil
Pessoas em tratamento antirretroviral: 723 mil
Novas infecções pelo HIV: 51 mil
Óbitos em decorrência da AIDS: 13 mil
FONTE: UNAIDS
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