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Varíola dos Macacos: infectologista explica detalhes sobre a doença que tem preocupado o mundo

Primeira morte por monkeypox no Brasil foi confirmada na última sexta-feira, 29. Médico acredita que há subnotificação dos casos

Camila Guimarães
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Novos casos de monkeypox, doença conhecida como varíola dos macacos, têm surgido diariamente no Brasil. Na sexta-feira, 29, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte de um paciente em Minas Gerais. No Pará, a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) ressaltou, em nota, que ainda não há nenhum registro de varíola dos macacos no estado.

Para comentar sobre o cenário de avanço da monkeypox no Brasil e no mundo, a redação integrada de O Liberal entrevistou o infectologista Alessandre Guimarães, confira:

Como você avalia o avanço da doença no Brasil?

O Brasil saltou de 19 casos para mais de 1.000 em apenas cinco semanas. Acredito que pode estar havendo grande subnotificação. Por isso o alerta da Organização Mundial da Saúde, para mobilizar as autoridades e levar mais informações sobre a doença para a maior parte das pessoas, principalmente da área da saúde, para que definam os fluxos e protocolos de atendimento.

Como identificar a doença?

Nos três primeiros dias os sintomas são febre, dor no corpo e de cabeça. A partir do terceiro dia, surgem nódulos no pescoço e, depois, por volta do quinto dia, as erupções, que evoluem por duas ou quatro semanas. Na maior parte dos casos, as lesões são na face e na região genital.

Como acontece a transmissão?

A transmissão começa pelas gotículas de saliva. Por isso, a prevenção é o uso de máscara. Mas a maior parte dos contágios, atualmente, tem sido pelo contato direto com as secreções presentes nas lesões na pele da pessoa doente ou pelo contato indireto com as secreções, por meio de superfícies e objetos contaminados.

Como diagnosticar a monkeypox?

A testagem é bem similar a da covid-19. A diferença é que a coleta do material para teste é feita nas lesões da pele e o resultado sai bem rápido. A dificuldade está sendo a logística de acionar a vigilância em saúde, esperar os profissionais irem até o local, fazerem a coleta e levar para análise. Em outros estados, tem sido recomendado que o paciente não fique dentro de unidades de saúde para evitar a transmissão.

Qual o nível de mortalidade e possíveis sequelas?

No local de origem do vírus a letalidade é menor, em torno de 1% a 3%. Em outros países é em torno de 10%, então depende da localidade. Atualmente, a monkeypox causa poucas lesões na pele, mas há risco de infecção secundária das lesões, podendo evoluir para sepse.

Já existem vacinas seguras contra monkeypox?

A vacina existe, mas foi descontinuada no fim da década de 1970, porque a doença havia sido erradicada. Quem tomou a vacina contra varíola humana até a década de 1980 está imune. Já existem vacinas mais modernas que estão sendo aplicadas no Reino Unido, em pessoas da área da saúde e grupos especiais. No Brasil, foi feito um pedido de 50 mil doses. O Ministério da Saúde deve aplicar primeiro para esse público de maior risco.

Existem grupos de risco para a monkeypox?

A gente tem visto formas mais graves em crianças abaixo de oito anos e pessoas imunocomprometidas. Nas crianças, essas infecções têm ocorrido dentro do ambiente familiar e elas têm apresentado mais lesões de pele que os adultos. Entre os adultos, 90% dos casos acompanhados no Brasil as lesões são em menor quantidade e geralmente na região genital.

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