Turma com 20 pessoas em situação de rua aprende a ler e escrever e recebe certificado da prefeitura

Estudantes participaram do projeto 'Movimento Alfabetiza Belém', da prefeitura, e foram alfabetizados a partir do método do educador Paulo Freire, em menos de três meses

João Paulo Jussara / O Liberal
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"A leitura mudou a minha vida, e ainda vai mudar mais". A fala é do artista Arnaldo Matos, que vive em situação de rua e aprendeu a ler e escrever com o projeto "Movimento Alfabetiza Belém", da prefeitura. Na manhã desta quinta-feira (16), ele recebeu o certificado do programa, juntamente com outras 19 pessoas que vivem na mesma situação, atendidas pela Fundação Papa João XXIII (Funpapa), durante cerimônia realizada no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), com participação do prefeito Edmilson Rodrigues.

A primeira turma do projeto foi formada no último mês de setembro, e todos os alunos aprenderam a ler e escrever a partir do método do educador Paulo Freire. "São 20 estudantes em situação de rua, de Icoaraci, atendidos pelo Centro Pop. Fomos até lá conversar com eles, perguntar se eles queriam, e eles disseram que tinham o sonho de poder estudar e aprender a ler. Nós trabalhamos com eles no método Freiriano, hoje eles estão sendo certificados por isso, e já podem se matricular na escola para concluir o ensino fundamental", explicou a titular da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), Márcia Bittencourt.

image Estudantes atendidos pela Funpapa aprenderam a ler e escrever em menos de três meses, a partir do método de Paulo Freire (João Paulo Jussara/ O Liberal)

Natural de Fortaleza, capital do Ceará, o artista Arnaldo Matos, de 53 anos, contou que parou de estudar na oitava série do ensino fundamental. Aos 12 anos de idade, por conta de problemas familiares, ele foi morar na rua, e desde então, passou por vários estados do Brasil, como a Bahia, Maranhão e Amapá, até chegar no Pará, onde conheceu uma mulher natural de Bragança e se casou. Pouco tempo depois, começou a usar drogas e se tornou dependente químico e alcoólatra, e voltou para as ruas.

Há cinco anos ele é atendido pelo Centro Pop, da Funpapa, e desde setembro, começou a fazer parte do projeto de alfabetização da prefeitura. "Com esse projeto, quero continuar e concluir meus estudos. Já sei ler, já sei fazer minha assinatura, isso me ajudou muito e vai me ajudar ainda mais. Para mim foi muito importante. Isso mudou a minha vida e também a dos meus amigos que vivem na rua", disse, emocionado.

Educação infantil

Além do projeto que atendeu as pessoas em situação de rua, durante a cerimônia, educadores da Coordenação de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Coejai), vinculada à Semec, fizeram relatos de experiência em alfabetização, com o tema "A conquista da leitura e da escrita", com a presença de várias crianças estudantes. Escolas municipais apresentaram seus métodos desde a educação infantil até a educação de jovens, adultos e idosos, incluindo alunos da etnia Warao.

image Experiências de alfabetização na educação infantil foram compartilhadas durante a cerimônia (João Paulo Jussara/ O Liberal)

"É um processo de culminância desse ano de 2021, que foi muito difícil pra gente. Quando chegamos na secretaria, a gente ainda estava no ápice da segunda onda da pandemia. Colocamos os professores em teletrabalho, e a gente sabe que a Semec atende 72 mil crianças ribeirinhas, indígenas, assentadas da reforma agrária, das periferias. Então é muito difícil fazer esse trabalho, porque nem todas elas têm acesso à tecnologia. Mas fizemos, seja por Whatsapp, apostilas impressas, de várias formas, e conseguimos. E hoje é uma celebração desse momento", concluiu a Secretária de Educação Márcia Bittencourt.

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