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Três marcos ajudam a entender o surgimento da capital paraense

Nossa reportagem fez um passeio com o historiador Michel Pinho por pontos fundamentais que ajudam a contar a história de Belém já ocupada pelos colonizadores: o Forte do Presépio, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a Capela de Santo Antônio

Gabriel da Mota

Em uma viagem pela história de Belém desde a ocupação europeia, o historiador Michel Pinho conduz um roteiro por três pontos emblemáticos da capital paraense, onde o passado ganha forma: o Forte do Presépio, no coração da Cidade Velha; a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a 400 metros de distância pela rua Siqueira Mendes com sua imponente fachada de pedra de lioz; e a Capela de Santo Antônio, no bairro da Campina, marco da expansão urbana no século XVII. Lugares que guardam traços e memórias da ocupação indígena, da presença colonial portuguesa e das transformações que moldaram a cidade nos últimos quatro séculos.

O Forte do Presépio é mais do que uma fortificação militar. Para Michel Pinho, ele é um ponto de partida para entender a história milenar de Belém. “Normalmente falamos da ocupação de Belém a partir de 1616, mas toda essa região está ocupada há mais de 3.000 anos com uma produção agrícola muito importante", explica. Antes da chegada dos portugueses, o espaço já era habitado pelos Tupinambás e marajoaras, cujas marcas estão preservadas no Museu do Encontro. "Dentro do museu, você pode ver as igaçabas e artefatos que mostram a riqueza tecnológica desses povos. É quase uma obrigação como paraense morador de Belém visitar esse museu e entender o que era produzido antes da chegada dos europeus", destaca.

image Com o historiador Michel Pinho, começamos o roteiro pelo Forte do Presépio, na Cidade Velha (Igor Mota / O Liberal)

O nome do forte também guarda curiosidades históricas. Inicialmente chamado de Forte do Presépio em alusão à data de partida da expedição empreendida por Francisco Caldeira Castelo Branco desde São Luís, no Maranhão, até a atual Belém, entre os dias 25 de dezembro de 1615 e 12 de janeiro de 1616, o local também passou a ser conhecido como Forte do Castelo de Santo Cristo em períodos posteriores.

"Os dois nomes se alternam ao longo da história, refletindo diferentes administrações e momentos históricos", afirma Pinho.

Ainda no bairro da Cidade Velha, saindo do Forte do Presépio, a primeira rua de Belém, Siqueira Mendes, nos leva à Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que marcava o limite da Belém colonial do século XVII. “Hoje, a gente entende Belém quase sem limites em relação ao município vizinho, Ananindeua. Mas naquela época, Belém vinha do Forte do Presépio até a porta da Igreja do Carmo, com 400 metros de extensão. Era uma vila muito pequena. Em 1680, você tem no máximo três transversais. O que impedia o crescimento da cidade para além da Igreja do Carmo era o igarapé do Piri; um grande lago sazonal que só foi aterrado por volta de 1840, como fruto da Cabanagem", relata o historiador.

image A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a 400 metros do Forte do Presépio, simbolizava o limite territorial da Belém no século XVII (Igor Mota)

A construção, uma das obras do arquiteto italiano Antônio José Landi, impressiona pela fachada de pedra de lioz, um elemento raro no Brasil. "Os padres Carmelitas voltaram a Portugal, esmolaram e compraram uma das únicas fachadas do Brasil feitas desse material. É uma construção do século XVIII única nesse país", enfatiza.

Capela de Santo Antônio simboliza a expansão urbana

A cerca de 1,5 quilômetro de distância do então núcleo da cidade fica a Capela de Santo Antônio, no bairro da Campina, simbolizando a expansão urbana para áreas mais elevadas. Segundo Pinho, o bairro da Campina se destacou por ser menos alagadiço, favorecendo o crescimento da cidade a partir do século XVII. “A cidade começava aqui, no núcleo da Campina, e avançava em direção à atual Presidente Vargas e Praça da República. O bairro do Reduto, por exemplo, só foi ocupado no século XIX", explica.

image A Capela do Colégio Santo Antônio, na Campina, marca a expansão da cidade a partir do século XVII (Igor Mota / O Liberal)

Além da posição geográfica estratégica, o local também é carregado de significados históricos. "A capela está entre canais importantes que moldaram a cidade, como o canal do Reduto e o canal da Doca, que na época era chamado de Igarapé das Armas ou das Almas", conclui o historiador.

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