Serviço de dragagem da Pedra do Ver-o-Peso já retirou mais de 900 toneladas de lixo do rio
Pescadores elogiam a ação e esperam que área se mantenha limpa
Várias vezes ao mês, o pescador Valdir Calandrini sai de Cachoeira do Arari, no Marajó, e atraca na Pedra do Peixe do Ver-o-Peso, onde descarrega o pescado que traz no barco “Projeto de Deus”, junto com seus familiares. Nos últimos dias, eles têm notado que está mais fácil acessar o local, devido ao serviço de dragagem promovido no último mês: ao todo, 938 toneladas de resíduos sólidos foram retirados do histórico porto de Belém, apenas na primeira fase da limpeza promovido pela Prefeitura.
“É muito boa essa limpeza. Melhorou muito, muito mesmo. Quem dera que fosse o tempo todo assim, se fizessem isso sempre. Essa área aqui estava praticamente abandonada. Ficou muito mais fácil e muito melhor para a gente chegar e trabalhar, fica mais higiênico”, comemorou Valdir , que atravessa a Baía do Guajará para ganhar seu sustento e se diz feliz em ver seu local de trabalho sendo bem cuidado. Ele e os demais tripulantes do barco concordam que, além do serviço de limpeza, o poder público poderia investir mais em fiscalização, para que a área se mantivesse limpa, além de fazer um trabalho de conscientização ambiental que atinja tanto os trabalhadores quanto os frequentadores do ponto turístico.
Para a titular da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), Ivanise Gasparim, a operação do Ver-o-Peso é estratégica para toda a cidade, pois o local é um patrimônio cultural e histórico de Belém. “Não apenas a parte física, mas principalmente, a parte imaterial. Faz parte da nossa identidade o Ver-o-Peso”, diz a secretária. “Lá se tornou um local fétido, pois o acúmulo de lixo por tantos anos sedimentou muito material. Tiramos muito plástico, muito material inorgânico, mas há também material orgânico, além da lama. Garrafas de plástico, panos, e todo material que as pessoas trabalham nos barcos se acumulou e foi retirado”, diz Ivanise Gasparim, que reforça que há 16 anos o local não passava pelo necessário trabalho de dragagem, o que deixou a área menos atraente para o turismo.
Era tanto tempo sem o serviço nas águas do cais que muitos trabalhadores do entorno da Pedra tinham dúvidas sobre a eficácia da dragagem “Acho que não estão limpando direito. Eu vejo muito essa máquina muito parada. Tem que ter mais empenho”, diz o feirante Marcos Pinheiro da Silva que, mesmo que tenha críticas ao maquinário, elogia o serviço de limpeza feito pelos agentes da Sesan. Sobre essa reclamação, a titular da Secretaria de Saneamento explica que o trabalho também depende muito das condições da natureza.
“Como tem água todo dia, as máquinas não podem trabalhar direto. Mas quando a maré baixa, a gente entra com a dragagem. É um processo demorado, mas nós vamos continuar; certamente, temos mais de mil toneladas de lixo para retirar de lá. Inclusive, estamos mudando o equipamento que faz a dragagem, e vamos colocar um equipamento maior para acelerar a limpeza”, adianta Ivanise, que conta ainda que o serviço pode resolver outro problemas antigo da Cidade Velha: os alagamentos. “Com essa dragagem ali, acreditamos que vamos diminuir o nível das águas que sobem e alagam o Ver-o-Peso, pois vai haver uma bacia de retenção de água muito maior”, projeta.
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