Saiba como prevenir infecções sexualmente transmissíveis durante o Carnaval

Entre as principais ISTs que as pessoas podem estar expostas estão herpes genital, sífilis e infecção pelo HIV

Dilson Pimentel
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Durante o Carnaval, aumenta o risco das pessoas contraírem infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Nessa entrevista, a enfermeira Halessa Silva, que é conselheira de Saúde do município de Belém e conselheira do Conselho Regional de Enfermagem do Pará, fala mais sobre o assunto.

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Quais são as principais ISTs que as pessoas podem estar expostas no Carnaval, principalmente durante a prática de relações sexuais?

A gente sabe que, durante o carnaval, há maior possibilidade de exposição às práticas sexuais de risco devido às situações de vulnerabilidade, muitas das vezes até pelo próprio uso do consumo do álcool, por exemplo. E, muitas das vezes, as pessoas acabam tendo maior frequência de relações sexuais com parceiros eventuais. E, pior de tudo, sem uso de preservativo.

Entre as principais ISTs que as pessoas podem estar expostas estão a herpes genital, a sífilis, a gonorreia, infecção pelo HIV, infecção pelo Papilomavírus Humano (conhecido como HPV) e as hepatites virais B e C.

Como essas ISTs se manifestam?

Muitas ISTs podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos, verrugas anais e genitais e sintomas como dor pélvica, ardência urinária, lesões na pele, aumento das ínguas. Muitas das  ISTs também não são sintomáticas para algumas pessoas, especialmente para o público masculino.

Por isso é importante estar realizando exames contínuos de sorologias para poder identificar se a pessoa é portadora de alguma IST, porque as manifestações são diversas e, muitas vezes, o indivíduo pode apresentar infecção, mas pode ser que não esteja manifestando os sinais e sintomas

Como se prevenir contra as ISTs para quem vai curtir o Carnaval?

A principal forma estratégia de prevenção contra as ISTs é realmente o uso da camisinha, seja ela masculina ou feminina, em todas as relações sexuais – seja oral, anal ou vaginal. É muito importante ressaltar também que as pessoas procurem realizar a atividade sexual com o uso do preservativo desde o início da relação sexual e não apenas no momento da ejaculação.

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O beijo pode ser considerado perigoso? Há algum risco de contrair alguma infecção?

O beijo pode ser considerado perigoso sim, dependendo da condição em que a pessoa se encontra. E existe, sim, o risco de contrair alguns tipos de infecções, como mononucleose infecciosa, conhecida como "doença do beijo". Então geralmente acontece a transmissão através da infecção por meio da saliva e a doença é causada pelo pelo vírus Epstein-Barr. Geralmente a doença causa dor de garganta, fadiga, mal-estar e febre.

Temos também outra doença muito conhecida, que é a herpes. Ela é caracterizada por aquela ferida na boca. Ou seja: o principal sinal dela são aquelas feridinhas vermelhas, com pequenas bolhas amareladas, e que muitas vezes causa sensação de formigamento na região da boca. Elas são causadas pelo vírus da herpes HSV-1 e justamente as manifestações são ulcerações nos lábios. Por isso é conhecida como herpes labial.

E temos também a candidíase, que é outra doença conhecida popularmente como sapinho. E ela é causada por um fungo do gênero candida. Quando ela atinge alguns órgãos genitais ela pode ser considerada uma IST. Os sintomas do sapinho geralmente começam com uma lesão avermelhada ou esbranquiçada na língua, que pode ou não doer. E dura em média cerca de cinco dias.

A Mpox  pode ser considerada uma doença de risco nesse período?

A Mpox é uma doença causada pelo monkeypox vírus. Então a forma de transmissão entre os humanos ocorre geralmente por meio do contato pessoal que pode ser através das lesões na pele ou das secreções respiratórias de pessoas infectadas, bem como o contato com objetos recentemente contaminados.

O vírus pode infectar as pessoas por meio de líquidos corporais e acaba sendo uma doença que exige geralmente contato muito próximo e prolongado para transmissão de pessoa a pessoa, que pode acontecer face a face, pele a pele, boca a boca, contato boca pele, inclusive durante o sexo. Especialmente essa pessoa tem que ter tido contato prolongado para que ocorra a transmissão.

Mas o que a OMS (Organização Mundial de Saúde) enfatiza é que esse contato de preferência seja prolongado. Mas se essa pessoa tiver infectada e tiver relações sexuais ela pode sim infectar durante o e sexo, mesmo que seja sexo casual, que, muitas das vezes, acontece no ambiente do Carnaval.

O que são e para que servem a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a ProfilaxiaPós-Exposição (PEP)?

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) são estratégias de prevenção que o Ministério da Saúde adotou para evitar que novas pessoas sejam infectadas pelo vírus HIV. A  PrEP nada mais é que o método preventivo que consiste no uso diário de comprimido antirretroviral por pessoas que não convivem com o vírus HIV, mas que estão expostas a infecções, como, por exemplo, o público composto por gays, homens que fazem sexo com homem, profissionais do sexo, homens e mulheres trans, travestis, casais soro diferente.

Esses casais sorodiferentes nada são mais que um parceiro que convive com o vírus HIV e o outro, não. Já a profilaxia Pós-Exposição é uma medida preventiva de urgência que deve ser adotada até 72 horas - ou seja, três dias e que atende indivíduos já expostos ao vírus, por exemplo, por alguns motivos: uma relação sexual que foi até consentida, porém teve preservativo rompido, uma exposição ocupacional, como é o caso dos profissionais de saúde que estão rotineiramente utilizando materiais perfurocortantes, como agulhas, e violência sexual como no caso de estupro. O tratamento geralmente da  PEP deve ser realizado por meio de medicamentos antirretrovirais diários pelo menos ao longo de 28 dias, de modo a se garantir a eliminação do vírus HIV.

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