Queimadas provocaram proliferação de fumaça em Belém no fim de semana

Especialista acredita que fenômeno foi favorecido pelas condições meteorológicas, mas não devem se repetir em janeiro

Eduardo Laviano
fonte

As queimadas na Região Metropolitana de Belém, em Mosqueiro, Icoaraci e no Aurá neste final de semana chamaram a atenção pela grande quantidade de fumaça que foi observada, acompanhada de um forte cheiro de gás carbônico. O professor Glauber Cirino, da faculdade de meteorologia da Universidade Federal do Pará acredita que o tempo do mês de dezembro ajudou a proliferação da fumaça. "Nessa última semana, as condições meteorológicas favoreceram. Mas elas são passageiras, por conta da chegada da Zona de Convergência Tropical, que se estabelece em janeiro, dividindo a estação que chove menos da estação chuvosa. Essa fase de transição aumenta a influência das brisas e, dificilmente, uma redoma de poluição ficará em Belém por muitas horas", afirma ele.

Glauber acredita que há várias abordagens que podem ser feitas para evitar estes fenômenos. Ele classifica como "ideal" um inventário de poluições na cidade, que até agora não foi feito. "Sem um sistema de controle de poluição da cidade e agência que regule os focos de calor isolados, não dá para dizer a origem, nem fazer a simulação de dispersão do poluente. Sem essas informações, também fica difícil dizer quais propriedades e compostos foram lançados no ar que respiramos. Se há vários focos de uma vez só, a chance disso se alastrar é maior", lamenta ele, que possui doutorado na área de poluição e entende que a baixa resolução dos satélites dificulta, na escala urbana, a avaliação dos impactos das queimadas. 

Especialistas apontaram em agosto a inversão térmica como possível causa de um fenômeno similar que ocorreu na capital paraense. Já agora, considerando a época do ano, Cirino acredita que a tese provavelmente não se aplica ao que os cidadãos belenenses viram no último final de semana. "Inversão térmica é difícil em Belém, pois ocorre em locais de alta perda radiativa e latitudes mais altas. Ocorre mais frequentemente no sul e sudeste do Brasil. Daqui uns dias essa faixa de nebulosidade se estabelecerá aqui, trazendo bastante chuva, que tende a afastar fumaça de queimadas", diz. As perdas radiativas são o resfriamento da atmosfera e do solo, fruto de uma constante troca de calor entre o ar e a superfície e entre o ar e a camada de nuvens sobre um local. Moral da história: a confusão pode ser provocada por conta do resfriamento noturno estar muito relacionado com a formação do nevoeiro do amanhecer. "E também com as geadas! Não estou dizendo que vai ter geada aqui em janeiro. Mas pode ter. Mas proliferação de fumaça, dificilmente terá", prevê o professor. 

Em nota, a Secretaria de Estados de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) diz que o realiza monitoramento de queimadas no Pará por satélites que captam frentes de fogo a partir de 30 m de extensão por 1 m de largura. Segundo a secretaria, há ainda o envio de periodicamente boletins de monitoramento de queimadas e incêndios florestais para a coordenadoria estadual e coordenadorias municipais de Defesa Civil. A secretaria avalia que as queimadas são de pequenas proporções e de curta duração que, por consequência, dificulta a captação da frente de fogo via geoprocessamento, assim como a nebulosidade desta época do ano. 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM