Psicofobia: entenda o que é a discriminação com quem tem transtornos mentais
No Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, nesta quarta-feira (12), a data tem o objetivo de combater o preconceito e conscientizar a população acerca das doenças mentais
No mundo todo, aproximadamente 720 milhões de pessoas sofrem com transtornos mentais, como apontam dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para além de enfrentar os desafios advindos desses quadros — como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar, TDAH, dentre outros — , muitas pessoas precisam lidar com o preconceito e a não-aceitação nos mais diversos espaços, caracterizando, assim, a psicofobia. No Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, nesta quarta-feira (12), a data tem o objetivo de combater o preconceito e conscientizar a população acerca das doenças mentais.
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A psicofobia se manifesta, negativamente, pela forma como a sociedade reage ao se confrontar com a realidade de pessoas que sofrem de transtornos mentais ou de qualquer quadro de adoecimento relacionado à saúde mental, conforme explica a psicóloga Aline Beckmann Menezes, professora da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Esse tipo de discriminação se dá, principalmente, por comportamentos de rejeição contra quem tem um determinado diagnóstico.
“Nesses casos, vai haver comportamentos do tipo de não confiar numa pessoa porque ela possui um diagnóstico, não dar as mesmas oportunidades, temer essa pessoa, não dar autonomia a essa pessoa. São comportamentos que envolvem uma relação de preconceito, de diminuição do valor de alguém em função do seu diagnóstico psicológico. Para uma pessoa que está em tratamento, a psicofobia pode trazer consequências muito graves”, detalhou Aline.
Consequência
A partir disso, muitos prejuízos e efeitos negativos podem surgir na vida das pessoas ou até mesmo agravar sintomas. Aline lembra que o preconceito impacta, também, no momento em que as pessoas irão começar o tratamento, quando elas optam por não buscar suporte psicológico adequado. “A psicofobia pode trazer consequências muito graves de não seguimento do tratamento ou abandono total. A pessoa para de tomar medicamentos dos quais ela tem necessidade, para de frequentar um psicoterapêutico. Ou ela não se expõe a determinadas situações que poderiam ser saudáveis para ela”, afirmou.
“Uma pessoa que tem um quadro de depressão e é relatado num contexto empregatício de que ela tem esse quadro, de repente os colegas de trabalho param de convidar ela para certos espaços, de envolver em certas tarefas, de dar oportunidade de crescimento na empresa, sob o julgo de que ela é uma pessoa fraca. Então, ao se confrontar com esse monte de falácia, de bloqueio de oportunidades, muitas pessoas acabam agravando determinados sintomas, porque aumentam o isolamento de pessoas que já estão em sofrimento”, complementou a especialista.
A psicóloga conta que é possível, sim, combater a psicofobia. E o melhor caminho é a conscientização e a informação. “As pessoas tendem a temer tudo aquilo que elas não entendem. Quanto mais as pessoas entendem o que são os transtornos mentais, o que são os diagnósticos, as diferenças que todos nós temos, as dificuldades que todos nós enfrentamos e que podem se configurar de maneira diferenciada para um e para outro, você já tem um grande enfrentamento da psicofobia”, pontuou Aline.
“É importante que a gente entenda que todos nós somos maiores do que qualquer diagnóstico. O fato de uma pessoa, por exemplo, que possui um transtorno de ansiedade, não é simplesmente uma pessoa ansiosa. Ela é muito mais do que isso. Ela sempre vai ser uma pessoa que tem diversas características, diversas qualidades, diversas dificuldades e o transtorno de ansiedade vai ser mais uma característica que faz parte do seu todo. Aprender a respeitar essa diversidade de funcionamento do ser humano é algo que é muito importante também”, frisou.
Já quem precisa lidar com situações de preconceito, possui algumas formas de lidar com o problema no dia a dia, de acordo com Aline. “Dependendo do contexto, é importante que ela busque ajuda de terceiros se for uma situação, por exemplo, no ambiente de trabalho, que envolve hierarquias. Ou que ela tente conversar com as pessoas sobre o que está acontecendo. É muito importante, também, que essa pessoa busque ajuda para o quadro e que discuta no contexto psicoterapêutico sobre o seu sofrimento e sobre a psicofobia para poder desenvolver estratégias de melhor enfrentamento da situação e de melhor manejo das situações que está sendo exposta”, finalizou.
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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