Projeto pretende produzir seis toneladas de maniçoba no Círio deste ano

Será a quinta edição do “Maniçobão do Romeiro”, iniciado em 2018

Dilson Pimentel
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Produzir aproximadamente seis toneladas de maniçoba para distribuir no Círio deste ano. Essa é a meta do projeto “Maniçobão do Romeiro”, que, em 2022, completará sua quinta edição. Será, portanto, a maior quantidade da iguaria produzida no mundo. Idealizado pelo professor Ricardo Frugoli, a ideia do projeto também é divulgar a maniçoba como cultura imaterial alimentar brasileira.

E, para tratar desses temas, o professor visitou, na terça-feira (26), o prefeito Edmilson Rodrigues, que estava acompanhado do titular da Coordenadoria Municipal de Turismo (Belémtur), André Cunha. A pretensão é fazer o projeto ser reconhecido como turismo gastronômico, levando em consideração o selo concedido à cidade de Belém pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A princípio, será usado um espaço na sede da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem), para produzir a maniçoba e distribuir para os romeiros durante a semana do Círio, realizado no mês de outubro.

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Ricardo Frugoli é pesquisador do Círio, para o qual dedicou seu mestrado e doutorado. No mestrado, fez um trabalho falando do almoço do Círio e da hospitalidade das pessoas. E, também, acompanhou famílias fazendo a maniçoba. “Sou gastrólogo. E tentei entender as relações sociais a partir dela. E escrevi um texto chamado 'Almoço do Círio - o banquete amazônico', que trata esse evento importante como um grande banquete”, disse ele, que, à época, ainda não comia maniçoba. O professor é de São Paulo, mas é ligado ao Pará há 25 anos, já tendo recebido os títulos de cidadão do Pará e de Belém.

image Auge do projeto ocorreu em 2019, quando foram atendidas 7.500 pessoas (Arquivo pessoal do professor Ricardo Frugoli)

Perfume da maniçoba anuncia o Círio de Nazaré

Durante a pesquisa, ele identificou que, a partir do começo da semana que antecede a grande procissão do domingo, o cheiro da maniçoba fica no ar. E, nesse trabalho, publicado em 2014, ele escreveu “que é o perfume da maniçoba que anuncia o Círio de Nazaré”.

O projeto começou em 2018 e serviu 2.500 pessoas. “Em 2019, foi o auge do projeto. A gente conseguiu dar trabalho pra muita gente - muitos cozinheiros, artesãos, que fizeram as cumbuquinhas lá em Icoaraci. Foram 7.500 pessoas atendidas com cumbuca, maniçoba de alta qualidade, bastante adubada, como se diz aqui”, disse ele, que é especialista em cozinha brasileira, mestre e doutor em hospitalidade. Em 2020, com o começo da pandemia, e em 2021 o projeto ocorreu, mas em formato menor e sem o espaço para a visitação do público.

E houve a distribuição de caixas individuais nas comunidades carentes. “Os números foram menores. Três mil unidades no Círio”, contou. Em sua quinta edição, o professor Ricardo Frugoli tem pensado o projeto considerando a crise econômica brasileira. “A gente tem pensado o ‘Maniçobão’ com outra visão, o ‘Maniçobão’ para todos, pensando no que tem acontecido no Brasil: muitas pessoas sem condições de comer, muitas pessoas na rua, inclusive. Ou seja: comida para todos. Que possam ir lá na fila e pegar uma porção e possa se deliciar com esse prato”, disse. A equipe técnica é formada por dois chefs gastrólogos, duas nutricionistas e 40 cozinheiros.

Durante o preparo, as pessoas podem mexer no "maniçobão"

Ao falar da cultura imaterial alimentar, que é representada, no Círio, pela maniçoba, o professor afirmou que esse ainda é um prato desconhecido nacionalmente. “A ideia é que, quase como um trabalho de formiguinha, que essas pessoas possam comparecer ao local onde é produzido e terem acesso a informações sobre o prato, degustarem o prato”, disse.   Em 2019, foram produzidas quatro toneladas e meia (maniçoba, arroz e farinha). “Esse ano a gente quer chegar a 5,5, 6 toneladas”, disse.

Como parte do projeto, também há espaço para a participação interativa das pessoas que, com o devido acompanhamento técnico, podem mexer a maniçoba feita em uma grande panela. “A gente colocava uma escadinha. A pessoa ia lá e mexia nesse ‘maniçobão’ e, simbolicamente, estaria mexendo todas as panelas que vão ser distribuídas no domingo”, contou.

Projeto precisa do apoio de empresas e instituições

Durante esse momento, muitas pessoas se emocionam, lembrando da avó e da mãe. “Como ONG, somos um instituto de pesquisa da cozinha brasileira. E, como ONG, a gente monta um espaço também, além do espaço onde está sendo produzida a maniçoba que vai ser distribuída gratuitamente nos dias previstos. A gente tem outro espaço onde a gente vende a maniçoba durante a semana toda, de segunda a sexta, para ajudar as muitas despesas que nós temos. Vende para o turista, se passar por lá, tenha acesso a Belém e possa comprar. E o pessoal de Belém também passa e comprou de quilo”, disse.

Também é feita a distribuição da maniçoba na Casa de Plácido, que atende os romeiros que vem participar do Círio. “Este ano, a gente pretende fazer com cumbucas de cerâmica, ou numa caixa de papel, que não é agressiva ao meio ambiente, gerando muitos empregos. Gera empregos para as famílias lá em Icoaraci, que produzem a cerâmica, geram empregos em Belém, porque são 40 mulheres que são capacitadas, para poder estar na cozinha, de uma forma mais profissional. E a gente vai homenagear as maniçobeiras, as mulheres que eu entrevistei na pesquisa de mestrado”, disse. O projeto precisa do apoio de empresas e instituições. O Instagram do projeto é @manicobao e o WhatsApp é (11) 99595-9962.

 

 

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