'Nós seremos uma gestão de continuidade, mas não de continuísmo', diz reitor da UFPA, Gilmar Pereira

Doutor em Educação, Gilmar começará suas atividades à frente da Reitoria em 15 de outubro, Dia do Professor

Dilson Pimentel

“Nós seremos uma gestão de continuidade, mas não de continuísmo”. É o que afirma o novo reitor da Universidade Federal do Pará, professor Gilmar Pereira, que começará suas atividades no dia 15 de outubro, Dia do Professor. Em entrevista ao Grupo Liberal, o novo reitor falou de suas metas à frente da UFPA, que, disse, é a maior universidade da Amazônia e uma das maiores universidades federais do Brasil.

Há oito anos ele é vice-reitor, cujo titular, professor Emmanuel Tourinho, está deixando o cargo. Gilmar Pereira da Silva nasceu na localidade de Governador Archer, no Maranhão. Já professor da UFPA, titulou-se Mestre e, posteriormente, Doutor em Educação. Foi coordenador do Campus de Cametá, que ajudou a criar e consolidar. Também foi secretário de Educação desse município.

Professor Gilmar, qual será o seu diferencial como reitor da UFPA?

Nós seremos uma gestão de continuidade, mas não de continuísmo. Fui vice-reitor do professor Emmanuel Tourinho nesses oito anos. Tem muitas coisas que eu quero avançar. Uma delas é essa política de multicampia. Fazer com que os campi do interior todos tenham mestrado, doutorado. Se possível, abrir mais um campus. No campus de Altamira, por exemplo, já temos Medicina.

Qual é a importância da UFPA para a sociedade paraense?

A UFPA tem sido o grande instrumento de desenvolvimento deste Estado. Aquele que tiver dúvida do papel da Universidade como instrumento de desenvolvimento da Amazônia e do Pará imaginem o Estado do Pará sem a UFPA. Nosso papel é continuar fortalecendo essa instituição, fazendo com que esse número extraordinário de alunos (50 mil), em torno de 60 mil pessoas circulando diariamente nos diversos campi da UFPA, tenham condições para que a gente possa avançar.

A UFPA tem em torno de 140 programas de pós-graduação de mestrado e doutorado. Temos mestrado e doutorado em todas as áreas do conhecimento. Agora, como reitor, minha responsabilidade é avançar esses números e garantir recursos financeiros. Que, infelizmente, ainda são exíguos, para que a gente continue avançando e fortalecendo essa política em 82 municípios do nosso estado e garanta, neste momento, uma política forte de inovação. A UFPA conta com um quadro de servidores de 2.997 docentes e 2.458 técnicos e oferece 154 cursos de graduação (presenciais ou a distância) em 82 municípios.

Esses dias, por exemplo, inauguramos o primeiro barco elétrico na Amazônia. Quero muito que a gente garanta instrumentos e recursos para essa troca de energia, nesse momento estratégico que estamos vivendo, para que a gente possa fazer com que se reduza não só os gastos financeiros, mas os riscos para a questão ambiental.

Do que o senhor se orgulha em relação à UFPA?

Uma coisa que nos orgulha, a mim e ao reitor (Emmanuel Tourinho), é que nós conseguimos fazer com que a UFPA hoje seja a Universidade com a maior produção de ciência sobre a Amazônia. Antes, era a USP. Hoje é a UFPA. É uma universidade que tem um papel estratégico para esse estado. A UFPA é fascinante. Ela contribuiu para a estruturação do ensino superior na Amazônia. É amada por todos, porque tem um padrão de excelência e de compromisso extraordinários. E tem uma capacidade de sobrevivência espantosa. Mesmo nos momentos mais difíceis, com falta de recursos, com críticas à ciência, a gente viveu e viveu bem.

Reitor, recentemente passamos por um período de negacionismo e ataques à ciência, o que prejudicou a UFPA. Qual a importância de se fortalecer a ciência e a pesquisa?

Eu digo para o reitor que somos um caso a ser estudado. Começamos o nosso mandato com a vigência da Emenda Constitucional 95, que estruturou o teto de gastos em que as universidades ficaram em situações extremamente precária. E, depois, tivemos um governo que, para além de não garantir recursos para as universidades, tinha uma leitura altamente complicada em relação à ciência e aos cientistas, à universidade pública. A gente sentia que havia um interesse de fragilizar as universidades públicas. Eu fico feliz porque a comunidade paraense e brasileira compreendeu o papel da ciência e das universidades públicas. Nós, aqui, fomos acolhidos pela comunidade da região, pelos movimentos sociais, pelas instituições, pela imprensa.

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image O repórter Dilson Pimentel (à esquerda) e o novo reitor da UFPA, professor Gilmar Pereira (Foto: Igor Mota/O Liberal)

 

E qual a sua expectativa para a COP-30 e sobre o papel da UFPA neste evento?

Nós, amazônidas, temos um papel importante no que tange ao clima, à questão ambiental, às nossas florestas. Temos um papel importante em relação à COP. Nós queremos colocar a Universidade à disposição. Temos conversado com cientistas do Brasil e do mundo. A COP tem estratégias interessantes. Queremos fazer da Universidade um grande espaço de diálogo. Diálogo com os cientistas brasileiros e do mundo inteiro. E uma COP que também ouça os movimentos populares e sociais.

Estamos pensando em estruturar mesas que tenham grandes cientistas do mundo inteiro. Mas, ao lado deles, que nós tenhamos gente dos movimentos populares, gente que entende a biodiversidade não como nós na teoria, mas que vive o dia a dia da biodiversidade. O dia a dia da pesca, que combate a pesca predatória, que combate o garimpo ilegal, do sujeito que vive nas periferias das grandes cidades. Acha maravilhoso que a cidade ganhe prédios novos e ruas maravilhosas.

Mas o nosso legado tem que ser também espiritual. Espiritual da fé, mas não só da fé. Espiritual da ciência, da compreensão de que a COP mobilizou a comunidade para ser contra o fogo ilegal, contra a questão do lixo feito de forma irresponsável nas cidades, para compreender que esse legado espiritual é eterno. Legado espiritual, acadêmico, científico. Espero que, depois da COP, nenhuma das nossas instituições seja a mesma. Nós somos diferentes do resto do país e do mundo. A Amazônia é diferente. Ninguém pode falar da Amazônia sem nós. Nós somos os trabalhadores, os professores universitários, os reitores, a imprensa amazônida. Temos uma leitura de mundo de pé no chão, que é da relação com as águas, com os animais, com a floresta, que é no dia a dia.

E, em relação ao tradicional listão do vestibular, o que o senhor tem a nos dizer?

Quero que as rádios divulguem o listão. Vamos fazer com que a juventude ouça seus nomes nas rádios. Cobram muito isso. Ano passado, o professor Emmanuel fez um esforço nesse sentido. Vamos fazer uma mesa para a entrega dos listões e fazendo com que seja um momento de festejo.

 

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