Natureza, atividade física e amigos tiram pessoas de casa na pandemia

Maioria das pessoas sai de casa de máscara mas não é raro encontrar gente com as máscaras penduradas no pescoço sem proteger o nariz e a boca, principais portas de entrada e de saída do vírus

Valeria Nascimento
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O bonito pôr do sol e a ventilação no calçadão com área de lazer ao ar-livre às margens do rio Guamá são as principais razões de grupos familiares e de amigos, que, mesmo sem ter esquecido a pandemia do novo coronavírus, passam o final de tarde no Portal da Amazônia, no bairro do Jurunas, ou na Estação das Docas, às margens da Baía do Guajará, no bairro da Campina, em Belém.

A movimentação no fim das tardes na orla do Portal da Amazônia chama a atenção não só pelo grande número de pessoas de todas as idades, mas também pela diversidade de atividades realizadas. De caminhadas às artes marciais, ciclismo, passeios de patins, sessões de fotos, ginásticas ou um simples apreciar silencioso do exuberante rio Guamá.

A Estação da Docas, após quase quatro meses fechada, reabriu os portões no dia 1º de julho, com medidas protetivas obrigatórias para todos, como o uso de máscaras e restrição de capacidade de público nas lojas e restaurantes, e todos parecem já estar adaptados às novas condições do passeio.

No Portal da Amazônia e Estação das Docas, duas situações se repetem. Não é raro encontrar as pessoas com as máscaras penduradas no pescoço sem proteger o nariz e a boca, principais portas de entrada e de saída do vírus no organismo. Daí vem a importância de jamais deixar os lábios e as narinas expostos, conforme recomendam os órgãos de saúde. A segunda curiosidade, é que, entre os grupos, algumas das pessoas mais animadas são justamente as que sofreram com a Covid-19.

Protegidos, mas nem tanto

“Essa Covid-19 é perigosa, é coisa séria’’, disse o engenheiro Francisco Assis, 65, ao lado da esposa Cesarina, 60, que contraiu a doença. Os dois passeavam com a filha Lúcia, 36, e o neto Mateus, 4, na avenida beira rio do Portal da Amazônia, no final da tarde de quarta-feira (29). Todos de máscara, embora, em alguns momentos, Lúcia e Mateus não as usassem protegendo o nariz e a boca.

Lúcia e Mateus chegaram a Belém dia 2 de julho e vão embora para o Rio de Janeiro, neste domingo, 2 de agosto. Lúcia é formada em Administração, mas no momento não trabalha. O marido, que é paulista, foi transferido de Belém para a capital fluminense, e ela e o filho do casal o acompanharam há um ano.

Ela contou que enfrentou uma quarentena rigorosa no Rio de Janeiro, sem sair de casa para nada, o que começou a mudar na medida em que as coisas foram sendo flexibilizadas pelo governo daquele Estado. O confinamento somado às notícias de adoecimento de sua mãe, avó e irmã por Covid-19, em Belém, geraram dias difíceis e Lúcia não via a hora de rever a família.

“Minha irmã é médica, ela, minha mãe e minha avó se trataram em casa com hidroxicloroquina, cloroquina e vermífugo. Estão bem. Eu acho que peguei a doença junto com o Mateus no Rio, não confirmei com exames, e reagi bem, foi logo no início. Minha família é toda de Belém. Eu queria vir e Belém é bonita naturalmente. Salinas é linda’’, disse Lúcia, acrescentando que mal chegou em Belém e viajou para Salinas com os pais e o filho, retornando dia 26 para capital paraense.

A sensação de poder circular nos locais de passeio e rever os amigos fez com que o universitário Clever Batista, que cursa Análise de Desenvolvimento de Sistemas numa faculdade de Belém, organizasse um grupo de passeio ciclístico com seus amigos.

Os jovens têm entre 16 e 20 anos e, na última quinta-feira, todos estavam de máscaras e bikes à procura de distração no Portal da Amazônia. Entre eles, Gustavo Alves contou que ele e toda a sua família foram infectados pelo novo coronavírus. “Não fiquei mal, mas senti febre e dor nos olhos’’, contou o sorridente adolescente, animado em concluir o passeio ciclístico no Portal e, em seguida, partir para a Estação das Docas. A reportagem reencontrou com eles a caminho, de fato, da Estação.

“Novo normal”

O horário de funcionamento da Estação das Docas, lojas e quiosques, é de 10h às 23h. A entrada e saída de pedestres pelo Boulevard Castilhos França está condicionada ao uso de máscara e do álcool em gel. Funcionários da Organização Social Pará 2000, responsável pela gestão do espaço público, contaram que sempre que medem a temperatura das pessoas entre meio-dia e 15h30, há os que se assustam com a alta temperatura, acusando até 38°.

“Mas não é febre, não. É quentura mesmo do sol. A gente diz para a pessoa dar um tempo e voltar, aí, quando a gente mede de novo, está normal”, afirmou o funcionário Daivison Serra, ao lado do colega Marlon Ribeiro, com um termômetro em mãos.

Uma das mudanças que chamam a atenção na Estação das Docas é a fileira de mesas e cadeiras a mais, na área debaixo, já quase rente ao gradil da orla, além das já dispostas tradicionalmente na calçada logo na saída para a área externa. As mesas foram postas no corredor de passeio da orla para assegurar maior distanciamento entre todos.

O biomédico Roberto Rangel jantava com a mulher, três filhos, a nora e a neta na área externa da Estação, mas ainda sobre a calçada e não no corredor de passeio da orla. “Entramos de máscaras, mas aqui tiramos. É ventilado. A gente precisa sair, é uma questão de saúde mental. Ficamos em casa embora eu tenha trabalhado direto durante toda a pandemia, porque trabalho com agendamento, sou micropigmentadora’’, disse Tatiane Cardoso, 35, esposa de Roberto Rangel.

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