Motociclistas já receberam mais de 2,7 mil multas em Belém de janeiro a maio de 2022

Comportamento de condutores de motos gera riscos ao trânsito na capital e colocam em perigo os próprios motociclistas

Saul Anjos

De janeiro e maio de 2022, foram processadas 2.762 multas relacionadas ao uso de motocicleta em Belém. Os dados são da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob). Dentre as infrações referentes ao emprego de motocicleta, as mais frequentes são: conduzir sem a utilização de capacete ou transportar um passageiro sem este equipamento, que se trata de uma multa gravíssima, com valor de R$ 293,47, sete pontos na CNH, e suspensão da CNH, de acordo com o art. 244 inciso 1, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

A reportagem flagrou o momento em que uma mulher carregava duas crianças na garupa de uma moto, ambos sem capacete assim como o piloto, na frente do Conjunto Natália Lins, no bairro do Mangueirão, em Belém. Em outro momento, a equipe filmou um motoqueiro sendo abordado por uma equipe da Semob, ao pilotar pela via expressa do BRT, em frente a um shopping, localizado no bairro Parque Verde.

É preciso ter mais atenção no trânsito, para não ocasionar acidentes, afirma Euridice Freitas, que ficou revoltada ao falar sobre o assunto. “Um absurdo. A minha filha foi quase atropelada junto com a minha neta por um motoqueiro”, contou.

O policial militar Antônio Carlos, 36 anos, disse que essas atitudes prejudicam o trânsito belenense. “As pessoas mal educadas transformam o trânsito da capital paraense em algo estressante. Eu mesmo fui quase atropelado uma vez”, afirmou.

image Motociclistas fazem retornos proibidos por cima de faixas de pedestres e colocam em risco quem está a pé ou mesmo de bicicleta (Ivan Duarte / O Liberal)

Retorno sobre faixa de pedestres é infração gravíssima, reforça Semob

Em nota, a Semob reforça que, segundo o CTB, ao realizar retorno em faixa de pedestre, o motociclista comete infração passível de multa. "O artigo 206, inciso 3º, determina que executar operação de retorno passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de rolamento, refúgios e faixas de pedestres, é infração gravíssima, somando 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação e multa de R$ 293,47", pontua a nota. 

A superintendência ressalta que mantém fiscalização regular na cidade, por meio de rondas, e tem feito autuações em casos de flagrantes, em conformidade com o CTB, não podendo o agente aplicar multas com base em fotos e vídeos feitos por usuários, somente por radar ou por videomonitoramento, equipamentos regulamentados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Em 2021, até outubro, foram registrados 1.799 acidentes envolvendo motociclistas, destaca a Semob.

A autarquia recomenda ainda ao condutor que se oriente pela regra geral de circulação e deve ter cuidado e atenção, respeitando as leis de trânsito, evitando imprudências e infrações, que podem gerar multas e acidentes.

image Outra comum e perigosa infração é o trânsito de motociclistas por cima de ciclofaixas e ciclovias, colocando em risco os ciclistas que fazem uso desses espaços (Ivan Duarte / O Liberal)

Sindicalista cobra mais fiscalização e pede responsabilidade

Em contato com o presidente do Sindicato dos Mototaxistas e Motoentregadores Autônomos do Estado do Pará (Sindmapa), José de Ribamar Silva, esclareceu que o motivo desses transtornos é a falta de fiscalização no trânsito junto com a falta de agentes fiscalizadores. Ainda segundo ele, as atitudes de alguns mototaxistas afetam a imagem do meio de transporte.

“Não temos fiscalização no trânsito. Existem pessoas imprudentes, mas eu também penso que a orientação iria coibir muito esse tipo de situação. O ser humano pensa em si próprio, mas esquece dos outros. A culpa não é só do poder público, mas se tivéssemos agentes de trânsito seria muito melhor. Infelizmente o que estamos passando hoje é que o povo se acostumou com isso. Só mesmo a punição trará resultados ou quando doer no bolso", diz o sindicalista.

As câmeras colocadas na cidade, diz José Ribamar, deixam dúvidas sobre a veracidade do que elas passam. "Ninguém respeita ciclofaixa, faixa de pedestre ou semáforos. É o que penso. O nosso mototaxista vem sofrendo por pessoas que usam o serviço para praticar crimes. Já aconteceu comigo de algumas dentro do carro se assustarem ao me verem em motocicleta do lado”, conclui.

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