Morre o jornalista Celso Freire, referência do radiojornalismo na Amazônia

O jornalista Celso Freire – o radialista mais premiado da região Norte do país e atuante no Sistema Liberal de Rádio - faleceu na madrugada da última quarta-feira (24), aos 52 anos, deixando a esposa e um filho. Nos últimos meses, Freire lutava contra um câncer.  Ele faria 53 anos no próximo dia 30 de agosto. O profissional somava mais de 50 premiações ao longo da carreira, que foi toda dedicada ao radiojornalismo.

Celso Freire também foi um dos profissionais do Grupo Liberal que mais atuou para o fortalecimento do projeto da Redação Integrada de O LIBERAL, contribuindo com conteúdos jornalísticos e entrevistas que ganharam espaço nas plataformas digitais do jornal. Na rádio Liberal AM, Celso comandava o programa jornalístico Panorama Liberal, que era realizado de segunda a sexta-feira, às 10h, com várias entrevistas de temas variados.

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“As matérias que ele fazia eram muito marcantes. Tratava de política, música, saúde e outros temas sempre atuais. As pessoas gostavam muito disso, tanto é que para marcar uma entrevista com ele era muito difícil. Ele chegou a fazer duas entrevistas por dia. Quando veio a pandemia, ele começou a fazer matérias gravadas. Depois, voltou a fazer ao vivo, porém adoeceu”, disse Edmilson Motta, coordenador do sistema Liberal de Rádio.

Celso Freire e a jornalista Cira Pinheiro, durante entrega do Prêmio Sebrae de Jornalismo (Cristino Martins / O Liberal)

Carreira marcada por reconhecimentos em jornalismo

Celso Freire nasceu em 30 de agosto de 1969, em Cabo Frio (RJ). Morava em Belém desde 1994, para onde se mudou para ingressar no curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Celso era um grande sujeito. Engraçado é generoso, além de ótimo profissional. Uma tristeza sem tamanho”, disse Elvis Rocha, jornalista e editor do Grupo Liberal, que também foi colega de turma de Celso na faculdade.

A vocação para o radiojornalismo era uma paixão que Celso dizia ter surgido ainda na infância. Em sua carreira, Freire atuou ainda no jornal Voz de Nazaré e na Rádio Nazaré FM, além da Cultura FM e Unama FM. Pela emissora universitária, em 2018 ganhou o Prêmio MPT de Jornalismo, um reconhecimento nacional, na categoria Região Norte de Radiojornalismo, pela reportagem “Reescrevendo a História de Longe das Ruas”, ao lado do jornalista Mateus Miranda.

O jornalista atuava desde 2000 nas rádios Liberal AM e Liberal FM. Pelas emissoras, também foi agraciado com diversas premiações regionais e nacionais. Entre as mais recentes menções estão a 8ª edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo (PSJ) e o Prêmio Simineral. Ele ganhou o 1º lugar do PSJ com a série de três matérias do tema "A deliciosa fábrica de bolo de chocolate". O jornalista ouviu donas de casa, do município de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém (RMB), e mostrou o passo a passo para um trabalhador sair da informalidade e se transformar num Micro Empreendedor Individual (MEI).

Ele também ganhou o 2ª lugar, da mesma premiação, participando de um trabalho em equipe com Wellyda Farias, também da Rádio Liberal. Celso Freire ficou com o segundo lugar na disputa do Prêmio Simineral, com a matéria "A mulher do Trem da Vale". Ele também dividiu com Ruy Montalvão, o terceiro lugar na categoria, desta vez pela Unama FM, com a matéria "Casa da Cultura forma profissionais para o mercado".    

O início da carreira no Grupo Liberal foi marcado pela atuação como repórter expresso: Celso Freire diariamente ia à cobertura nas ruas percorrendo Belém em uma moto 50 cilindradas. “O Celso começou na Rádio Liberal como repórter expresso. Ele foi um dos contratados junto a Jalília Messias. E quem criou o repórter expresso foi o Ney Messias Jr. O Celso andava nessa motinha e corria atrás das notícias. Ele era um profissional incrível, um cara fantástico. Apaixonado pelo jornalismo, pelo rádio, era o que ele amava fazer”, disse o radialista Markinho Pinheiro.

Luta contra o câncer

Celso foi diagnosticado entre os meses de maio e junho deste ano, após sentir dores no ombro. A doença estava em estado avançado. Com o tratamento, o jornalista precisou se afastar das atividades e teve a condição física comprometida, porém permanecia consciente.

Ele realizou uma cirurgia no mês de junho para retirada de tumores e manteve o protocolo de tratamento, contudo, precisou ser entubado no mês de julho. Na última semana, o estado de saúde era estável, passou por um procedimento de ventilação do pulmão direito, e a respiração havia melhorado. Mas na madrugada de quarta-feira (24), o jornalista não resistiu.

Despedida

O velório de Freire ocorreu na manhã do mesmo dia, no Parque das Palmeiras, na capela da Cidade Nova. Um cortejo funerário foi realizado, seguindo para o cemitério Parque das Palmeiras, na BR-316. O sepultamento ocorreu às 16h. Augusto Medeiros, diretor do Sistema Liberal de Rádios, esteve no velório de Celso, e lembrou dos bons tempos de convivência com o amigo.

“Era um cara sempre prestativo, nunca dizia não para ninguém. Tinha um coração muito bom, foi um grande pai de família, que infelizmente teve que ir tão jovem com 50 anos. O que temos que fazer agora por ele é rezar, pedir a Deus que ele tenha paz, e que a família dele aqui consiga superar essa perda”, disse Medeiros.  

Perda repercute entre profissionais de comunicação 

Em nota publicada na manhã do dia 24, a Secretaria de Estado de Comunicação do Pará (Secom) do governo do Estado disse que "se solidariza com familiares e amigos" do jornalista. "Celso Freire foi autor de reportagens memoráveis no rádio. Com seu talento, conquistou inúmeros prêmios de relevância regional e nacional, deixando importante legado ao jornalismo paraense".

"Celso Freire foi autor de reportagens memoráveis no rádio. Com seu talento, conquistou inúmeros prêmios de relevância regional e nacional, deixando importante legado ao jornalismo paraense",  disse a Secretaria de Comunicação do Pará, em nota

A Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) também emitiu comunicado, lamentando o falecimento do jornalista. "Celso Freire foi um profissional de destaque no radiojornalismo paraense. Em várias ocasiões recorreu à Fiepa para abordar pautas sobre a indústria e o setor produtivo local. Foi vencedor de inúmeras premiações regionais e nacionais, entre elas o Prêmio Sistema Fiepa de Jornalismo. Prestamos nossos sentimentos aos familiares e amigos neste momento tão difícil".

 

 

 

 

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A Rádio Unama FM também comunicou imenso pesar com o falecimento do jornalista e radialista: "Um dos profissionais de rádio mais premiado e respeitado do País, Celso deixa um legado para uma geração de novos profissionais, sobretudo pela sua atuação na produção, edição e apresentação de programas, elaboração de reportagens e orientação de profissionais e estagiários na emissora", disse a rádio em nota. 

"O radiojornalismo do Pará perde um de seus baluartes, pois Celso Freire foi responsável por uma renovação da importância da área no Estado a nível nacional. Com sua excelência, conquistou reconhecimento e divulgou o cotidiano de nossa região em todo o Brasil. Perdemos, sobretudo, um grande amigo de trabalho e da vida, um pai cuidadoso e marido exemplar. Nos unimos à dor da familia, amigos e admiradores. Mas seguimos com o exemplo de um profissional dedicado e companheiro atencioso e bem humorado. Celso Freire, não te esqueceremos", reiterou a emissora universitária.

Com sua excelência, Celso Freire conquistou reconhecimento e divulgou o cotidiano de nossa região em todo o Brasil. Perdemos um grande amigo de trabalho e da vida. Mas seguimos com o exemplo de um profissional dedicado e companheiro", reiterou a Rádio Unama, em comunicado

O Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) também emitiu comunicado lamentando a perda do profissional. "O colega que faleceu aos 51 anos deixa esposa, filho e um legado inestimável ao jornalismo brasileiro no rádio. O talento de Celso ia desde a cobertura do cotidiano da população até grandes reportagens no rádio, que eram sua paixão." 

"Além de um profissional de excelência, outra marca registrada de Celso Freire era o bom humor e a disponibilidade para ajudar as pessoas. Celso estava sempre com um sorriso para auxiliar colegas em pauta, ou amigos na vida pessoal", acrescentou o sindicato, em nota. 

Jornalista durante entrega do Prêmio Fiepa de Jornalismo, em 2021 (Cristino Martins / O Liberal)