Moradores da Grande Belém pedem melhorias no Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi

Segundo a administração do Museu, os investimentos feitos neste ano para o espaço, que somam 20 milhões, ainda não são suficientes

O Liberal

Alguns moradores da Grande Belém estão preocupados com a deterioração do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Eles relataram à reportagem que gostam de visitar o espaço, mas estão insatisfeitos com a falta de investimento. Segundo a administração da instituição, os recursos do Governo Federal garantidos e previstos para 2025 para custear as despesas de diversos serviços, incluindo reformas, cobrem os gastos apenas até agosto do próximo ano. Já os repasses feitos neste ano pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que somam 20 milhões de reais, ajudaram a equilibrar as contas do Museu.

O atual estado do Parque Zoobotânico preocupa a comunidade local, que teme o impacto das restrições orçamentárias no funcionamento e na preservação do patrimônio natural, cultural e científico do espaço, como destaca a estudante de Direito Bianca Oliveira. “[O Museu] é uma das maiores referências do mundo e do Brasil em pesquisa científica na área da biologia, na área de fósseis, etc. E, infelizmente, vemos que não se dá a devida importância para esse núcleo tão importante”, relata.

“A própria população também vem e joga lixo, deixando o ambiente em condições inadequadas. Aqui é um dos poucos lugares 100% verdes no meio da cidade. E percebemos que, só de chegar perto, o clima já é mais ameno, o que faz muita falta na cidade. Então, acho que há tanto uma falta de investimento financeiro do governo federal quanto uma ausência de cobrança social”, completa a estudante, lembrando a importância de preservar o local.

image Estudante lamenta a situação do Goeldi (Fotos: Ivan Duarte / O Liberal)

Já a autônoma Natanaelza Sousa também critica a situação em que se encontra o Parque Zoobotânico do MPEG e afirma que isso afasta os frequentadores que costumavam visitar o local para lazer. “Está muito abandonado, com muita folha velha no chão, realmente descuidado. Mas já foi bem melhor. Tinha mais animais, e muitas pessoas vinham aos domingos, famílias inteiras. Era bem legal. Só de olhar [a área externa], dá para ver o verdadeiro abandono. É um descaso com um lugar desses no centro de Belém”, diz.

O mesmo sentimento de descontentamento é compartilhado pelo arte-educador Edipaulo Cardoso: “Acho que, esteticamente, poderia estar melhor. Não sei como está internamente. Estou devendo uma visita para o meu filho. Mas percebemos [os pontos críticos]”. No entanto, ele elogia como o Museu era em outras épocas. “Gostei dos passeios que fiz lá dentro; foram bem monitorados. Já vim a algumas exposições”, ressalta.

Investimentos

Abrigando cerca de 1.600 animais, entre mamíferos, peixes, aves, répteis e outros, além de aproximadamente 3 mil plantas no Parque Zoobotânico, o Museu também é um centro de referência em pesquisa. Por isso, o diretor do MPEG, Nilson Gabas Júnior, destaca a importância de mais investimentos para que melhorias sejam feitas no espaço. “Sempre tivemos problemas orçamentários. O nosso orçamento, definido pelo Congresso Nacional, historicamente, não tem sido suficiente para pagar as despesas fixas”, enfatiza.

image Diretor do MPEG, Nilson Gabas Júnior, destaca sobre a importância de se ter mais investimentos no Parque (Foto: Ivan Duarte / O Liberal)

“Posso citar a questão da segurança, da limpeza do parque, dos tratadores dos animais, da própria limpeza dos recintos, da manutenção predial e da conta de energia. Não temos orçamento para cobrir nossas despesas fixas. Como temos sobrevivido? Com recursos extras adicionais que busquei e consegui com a ministra Luciana Santos, do Ministério da Ciência e Tecnologia. A excelente notícia é que a ministra destinou 20 milhões de reais”, acrescenta Gabas Júnior, lembrando que esse montante ajudará a cobrir reformas de alguns setores neste ano.

De acordo com o gestor do MPEG, o planejamento orçamentário para o próximo ano já acende um sinal de alerta: “Não tínhamos recursos suficientes para fechar o ano [de 2024]. E posso adiantar que a nossa PLOA, que é o Plano de Lei Orçamentária Anual, está definida em 16 milhões para 2025. Já sei que 16 milhões, no nosso contrato atual, são insuficientes para chegarmos até setembro. Isso é preocupante, porque teremos uma COP sendo realizada aqui em Belém”. Segundo Gabas, essa é uma questão que o Congresso precisa rever.

Foto: Ivan Duarte / O Liberal

Reformas

Apesar desses desafios, entre as reformas mais recentes, o gestor destaca o Aquário Jacques Huber. À medida que mais recursos sejam liberados, o plano é realizar mais ajustes estruturais, como nos viveiros dos animais e recintos — que também promovem segurança aos visitantes —, além da revitalização do muro do entorno do Museu. Também devem ser passar por reforma o prédio da Rocinha, que é o mais antigo do Parque Zoobotânico, o auditório e a Casa de Emílio Goeldi, que é um prédio histórico.

Gabas Júnior ressalta a importância científica do MPEG e o valor do local para o lazer da sociedade, reforçando a necessidade de mais recursos para garantir a continuidade dessas atividades. “Para o próximo ano, precisaremos de mais recursos. Acho que esta instituição tem a capacidade de conjugar emoções e de trazer informações ao público. Precisaríamos de um orçamento anual de 28 a 30 milhões de reais”, observa o gestor do MPEG.

“Nem é tanto. Seriam 30 milhões para manter a instituição, comunicar nossas pesquisas e garantir a disseminação da produção científica nas escolas, na formação de professores e na difusão da pesquisa. Temos aqui um espaço extremamente adequado para essa conjugação entre ciência e cultura”, declara Gabas Júnior. A Redação Integrada de O Liberal solicitou mais detalhes ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) sobre o repasse de mais verbas para suprir as necessidades orçamentárias do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). A reportagem aguarda retorno.

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