Maria Bonita: associação visa proprorcionar saúde mental e física para mulheres com câncer de mama
A associação surge a partir de um momento de luta e vulnerabilidade de Fabize Mouinhos durante o tratamento
Vários sentimentos, pensamentos e fases passam uma mulher durante o tratamento do câncer de mama. Foi a partir dessa experiência e de viver em meio a esse desafio que surgiu a Associação Maria Bonita, um projeto que visa dar apoio a mulheres em tratamento de câncer de mama.
A associação atua de forma independente e presta assistência em diversas frentes a partir de uma rede afetiva. Quem quiser conhecer o trabalho da associação ou solicitar um auxílio, o principal meio de comunicação é por meio do instagram @projetomariabonitabelem.
É pela rede social que qualquer mulher pode solicitar auxílio. A presidente da associação, Fabize Mouinhos, diz que a ideia é de amenizar o sofrimento e a vulnerabilidade que essa mulher passa no período do tratamento. O foco do Maria Bonita é na saúde física e mental.
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A associação possui uma diretoria formada por nove mulheres que recebem as demandas. O trabalho da associação já passou por vários desdobramentos e a cada ano vem recebendo novas ações.
O trabalho nasceu mais voltado para ações sociais e, hoje, está mais focado para o trabalho esportivo como forma de proporcionar maior qualidade de vida a essas mulheres. O principal objetivo da associação é de conseguir um dragon boat, embarcação apropriada para canoagem de mulheres em tratamento de câncer, uma vez que é comprovado que o esporte é um dos mais benéficos nesse processo de reabilitação da mulher.
Fabize Mouinhos disse que sempre teve vontade de remar, mas ao mesmo tempo tinha medo da água. Uma amiga lhe deu força e lhe levou para a canoagem, a partir disso, ela disse que gostaria de dividir a experiência e bem-estar com outras mulheres.
"A associação não tem patrocínio, a gente faz as ações com o nosso próprio dinheiro. Hoje o meu maior desejo é poder ter um dragon boat próprio para dividir essa felicidade com mais mulheres. Mas o custo é muito alto, pois além da embarcação é preciso o frete", explica a presidente da associação.
Já ocorreu situação da associação ganhar a canoa, mas o frete foi o impasse. "Eu já meti na cabeça que vou ter essa embarcação, pois é algo que não vai proporcionar felicidade apenas para uma pessoa, mas sim para várias. Remar traz saúde e bem-estar para todas nós que estamos nesse tratamento", acrescenta Fabize.
Até há alguns anos, as mulheres que passavam pelo tratamento de câncer de mama e pela mastectomia recebiam a recomendação de não realizar exercícios rigorosos e repetitivos na parte superior do corpo. De acordo com os especialistas da época, essa recomendação visava evitar o desenvolvimento de linfedema.
A revolução na reabilitação da doença aconteceu por meio do médico canadense Donald C. McKenzie que, em 1996, ele desenvolveu um programa para determinar o impacto do exercício em sobreviventes do câncer de mama.
Para conduzir sua pesquisa, o médico utilizou uma modalidade de canoagem denominada Dragon Boat, cujos exercícios são intensos e repetitivos. Assim, foram convocadas 24 voluntárias que passaram pelo tratamento da doença entre seus 32 e 64 anos.
Ao chegar no final do programa, constatou-se que nenhuma das voluntárias desenvolveu linfedema. Com isso, foi possível comprovar como a canoagem é benéfica às pacientes, pois seus movimentos atuam como uma espécie de drenagem linfática natural, favorecendo a prevenção do linfedema.
O resultado da pesquisa foi tão promissor que o grupo de voluntárias se tornou a primeira equipe de Dragon Boat de sobreviventes de câncer de mama do mundo.
Fabize faz parte do grupo de remadoras Rosas do Brasil com reconhecimento nacional, já ganhou medalha de ouro.
Como nasceu o projeto
O Maria Bonita nasce a partir do início do tratamento de Fabize Mouinhos. Quando ela estava no 14º dia de quimioterapia e que começou a queda de cabelo. Isso ocorreu no mês de dezembro de 2018.
"Eu fui diagnosticada em outubro, mas o tratamento só começou em dezembro. Eu amei ficar careca, me achava linda. Mas em meio a isso pensei que muitas mulheres não poderiam estar bem como eu estava, pois eu sempre tive uma rede afetiva muito forte", destaca.
Diante disso, começou a pensar em estratégias para que essa rede afetiva pudesse chegar a outras mulheres. Inicialmente, o projeto era realizado com ações pontuais, que ocorriam por meio de eventos. Esses eventos eram em hospitais, espaços públicos e até espaços privados.
A ideia era levar segurança e autoestima para essas mulheres. Vários turbantes foram confeccionados. "O turbante foi o princípio de tudo. Fizemos campanha na internet para doação de tecidos, maquiagem e a ideia era ir até essas mulheres e promover autoestima", destaca.
A questão é que junto com a vontade tem a fragilidade. Era um momento em que Fabize estava com a resistência baixa diante dos vários processos que passa. "A gente tem desde pequenas contaminações a problemas de respiração, de pele, processo alérgico e entre outras questões", pontua Fabize.
À medida que as ações acontecem, os apoios surgem. Uma das ações é a distribuição de próteses para mulheres. Cirurgiões plásticos fazem a doações de próteses que estão para vencer e elas têm de volta a autoestima. Para quem quiser conhecer ou solicitar ajuda ao projeto, pode entrar em contato por meio da rede social.
A ideia é expandir os atendimentos e a rede de apoio.
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