Laboratório da Cidade e Instituto Peabiru vão instalar pias itinerantes em Belém
Medida se soma às "Pias Solidárias" do Governo do Estado e são formas de garantir a higiene das mãos enquanto a pandemia não deixa de ser uma ameaça global
Belém vai ganhar pelo menos mais 10 pias comunitárias e itinerantes. O projeto é do Laboratório da Cidade e do Instituto Peabiru. Foi uma das oito iniciativas paraenses aprovadas na “Chamada pública para apoio a ações emergenciais junto a populações vulneráveis”, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os equipamentos vão reforçar as medidas de higiene que reduzem os riscos de contaminação e circulação do coronavírus sars-cov-2, causador da pandemia letal de covid-19.
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Além de uma medida simples de higiene, mas uma das mais eficazes na prevenção da contaminação pelo atual coronavírus, as pias visam levar água a localidades estratégicas da capital, consideradas socioambientalmente vulneráveis. É o que explica o arquiteto Lucas Nassar, coordenador do projeto e diretor do Laboratório da Cidade. Ele cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE): 54,5% dos cidadãos de Belém vivem em aglomerados subnormais, um termo técnico para "favela", onde essas vulnerabilidades são a realidade cotidiana.
As posições iniciais das pias estão sendo analisadas e devem ser fechadas nesta semana. O que ele adianta é que serão em pontos de interesse e intensa circulação, nas áreas onde há maior concentração de casos da doença. Pelos dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), são, por ordem, os bairros Marco, Pedreira, Guamá, Marambaia e Umarizal. Os dados foram colhidos do site oficial de monitoramento, na manhã desta segunda-feira (1).
O Governo do Estado, há alguns meses, iniciou o projeto "Pias Solidárias". Até agora, 52 pias, de um total de 250 previstas, já foram instaladas. Diferente do projeto do Laboratório da Cidade e do Instituto Peabiru, as pias administradas pela Companhia de Saneamento do Estado do Pará (Cosanpa) são fixas. O modelo das pias itinerantes, diz Lucas Nassar, é semelhante ao implantado em Porto Alegre, com parceiros do projeto.
“Nós escolhemos tratar da higienização porque, em uma cidade como Belém, onde mais da metade da população vive em comunidades com carência de infraestrutura, como o acesso à água, esgoto, drenagem, coleta de lixo, entre outros, é muito difícil atender às recomendações de higienização pessoal. A cada um real investido em saneamento, se economizam 4 em saúde. Esse investimento em saneamento poderia salvar vidas, tanto ao prevenir o contágio do coronavírus, quanto ajudando a não sobrecarregar nosso sistema de saúde", justifica o arquiteto.
Projeto terá avaliação constante e já busca padrinhos e madrinhas das pias
Esse projeto, ressalta Lucas, terá avaliação constante. O primeiro ciclo tem previsão de três meses. A aceitação será analisada, para saber se é interessante manter determinada pia numa posição ou ajustar. Ao final do projeto, serão publicados um manual de instalação de pias para multiplicar o projeto pela cidade e relatórios de performance, buscando identificar que condições permitem alcançar melhores resultados. Tanto no controle da disseminação da doença como em aproveitamento público do acesso à água.
Como forma de manter as comunidades sempre participativas na ação, serão escolhidos e formados "padrinhos" das pias, que ficarão responsáveis por manter os equipamentos funcionando. A eles caberá monitorar se tem água e sabão, além de sensibilizar as comunidades a usar, cuidar e aproveitar as estruturas. “A ideia é que, ao longo de três meses, as nossas pias possam promover 45 mil higienizações. Mais que isso: esse projeto vai servir para levantarmos a bandeira de um problema antigo da capital, que é o acesso à água”, argumenta Lucas.
Os integrantes das duas organizações não governamentais (ONGs) e sem fins lucrativos aguardam apenas a assinatura do contrato com a Fiocruz. Isso deve ocorrer nesta semana. Ainda haverá uma preparação com técnicos da fundação. Quem já estiver interessado em ser padrinho ou madrinha das pias, pode entrar em contato pelo telefone (91) 98877-3379 e falar diretamente com Lucas.
Direitos humanos: acesso à água e ao saneamento básico
"Não estamos falando apenas do direito à água, mas do direito à cidade, do direito de conseguir chegar ao trabalho sem atrasar... Em tempos de pandemia, do direito de escolher ir pedalando em segurança ao trabalho usando ciclofaixas. Estamos falando do direito de viver em uma casa digna, onde tenhamos espaço suficiente para praticar o isolamento social, sem pôr nossos familiares em risco. Estamos falando do direito a ter espaços públicos que permitam que fiquemos a 1,5 metro de distancia um do outro, que em alguns lugares é impossível, quando a calçada sequer tem um metro de largura", concluiu o diretor do Laboratório da Cidade.
Ter acesso a água potável e ao saneamento básico é um direito humano, universal e essencial. A determinação é da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2010. A média ideal é de 200 litros por dia. O Brasil é signatário desse ideal, mas raramente consegue garantir isso à sociedade.
Em estudos da ONU, a falta de qualidade da água ou a falta de saneamento básico, anualmente, matam 1,5 milhão de crianças menores de cinco anos. Todos os anos, também, são perdidas 443 milhões de aulas. Não se sabe ao certo as estatísticas locais, mas segundo o Instituto Trata Brasil, o Pará tem um dos piores índices de saneamento do país, com o destaque negativo para a Região Metropolitana de Belém.
Onde já estão as Pias Solidárias do Governo do Estado:
1. Feira do Ver-o-Peso
2. Feira da Estrada Nova
3. Feira Santa Luzia
4. Mercado Municipal do Guamá
5. Feira do Porto da Palha
6. Porto da Palha
7. Mercado de Carne – Ver-o-Peso
8. Feira da 25
9. Mercado de São Brás
10. Feira da Terra Firme
11. Feira São Miguel
12. Complexo do Jurunas
13. Hospital Ophir Loyola
14. Santa Casa – Entrada D.Pedro I
15. Santa Casa, Entrada Bernal do Couto
16. PSM da 14 de Março
17. Mercado de Ferro – Ver-o-Peso
18. Feira da Batista Campos
19. Feira do Açaí – Jurunas
20. Feira da Pedreira – Travessa Mauriti
21. Feira da Pedreira – Avenida Pedro Miranda
22. Feira da Sacramenta
23. Feira do Conjunto Stélio Maroja
24. Praça do Juá
25. Feira do Barreiro
26. Feira do Telégrafo
27. Feira dos Correios – pela Rua Frederico Scheneippe
28. Feira dos Correios – pela Rua Coronel Luís Bentes
29. Feira da Bandeira Branca
30. Praça do Utinga
31. Feira do Entrocamento
32. Feira da Marambaia – Rua da Mata
33. Feira da Marambaia – Avenida Dalva
34. Praça Dom Alberto Ramos
35. Praça Tancredo Neves
36. Praça Gleba I – Próximo ao Centro de Saúde
37. Praça do Gleba II
38. Praça do Gleba III
39. Praça do Conjunto Médice I (Praça Havaí)
40. Praça do Conjunto Médice II
41. Praça do Conjunto Euclides Figueiredo
42. Praça do Conjunto Pedro Álvares Cabral
43. Praça do Conjunto Mendara I
44. Praça do Conjunto Mendara II
45. Feira da Cabanagem
46. Feira do Benguí
47. Feira do Panorama XXI
48. Praça do Panorama XXI
49. Feira do Tenoné
50. Feira do Sideral
51. Feira do Cordeiro de Farias
52. Instituto Médico Legal (IML)
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