Jader Filho: na COP das Cidades, ‘as pessoas querem preservar e ter direitos urbanos’

Ministro das Cidades concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, destacando os investimentos e o legado da COP 30 para a cidade e a região amazônica

Gabriel da Mota

No marco dos 409 anos de Belém, a capital paraense vive um momento único sendo preparada para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em novembro de 2025. Jader Filho, ministro das Cidades e paraense, falou em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal sobre os investimentos do governo Federal e o impacto da COP 30, ressaltando como o evento será fundamental para transformar a infraestrutura urbana e dar visibilidade às cidades da Amazônia.

O LIBERAL: Ministro, Belém vive uma onda de obras em preparação para a COP 30. Quais são os investimentos do Ministério das Cidades diretamente ligados ao evento?

Jader Filho: Temos investimentos fundamentais para a cidade, como o BRT Centenário, que liga o aeroporto à avenida Almirante Barroso, e a inédita implementação do saneamento básico no Ver-o-Peso, que há mais de 120 anos aguardava esgotamento sanitário. Além disso, entregaremos, em parceria com o governo do Estado, 265 ônibus novos, muitos deles elétricos, com wi-fi e ar-condicionado, alinhados ao compromisso de descarbonizar o transporte público.

O LIBERAL: Como o senhor avalia o andamento dessas obras?

Jader Filho: Tenho ficado bastante feliz com o andamento das obras, tanto do governo Federal, quanto do governo do Estado, como o Parque da Cidade, o Porto Futuro 2 e a nova Doca. Pelo Ministério das Cidades, temos a Estação de Tratamento de Esgoto do Una, que atenderá o centro da cidade, solucionando um déficit histórico de saneamento básico. Estamos avançando bastante.

O LIBERAL: O senhor já afirmou que esta será a "COP das Cidades". O que isso significa e como Belém se beneficia dessa abordagem?

Jader Filho: O debate urbano tem sido cada vez mais frequente nas COPs. Isso iniciou lá em Dubai, onde nós, do governo brasileiro, levamos essa proposta que se fortaleceu em Baku e a gente quer ampliar na COP de Belém. Não tem como a gente ter uma justiça climática sem justiça urbana e social. Por exemplo: na Amazônia, as 28 milhões de pessoas que vivem na Amazônia brasileira não vivem sob copas de árvores; elas estão nas cidades. E essas pessoas querem preservar [a natureza], mas querem ter direito a saneamento, emprego, transporte público, educação, saúde que possam atender às suas famílias. É isso que a gente tem levado, para que o tema urbano seja tratado também. O governo brasileiro vai continuar avançando no processo de preservação, como a redução do desmatamento na Amazônia registrada nos 6 primeiros meses do governo Lula, e a meta de desmatamento zero até 2030. Mas precisamos também inserir as pessoas na discussão ambiental para a COP de Belém e para as que vierem subsequentemente.

O LIBERAL: E como a COP de Belém pode reverberar em outras cidades da Amazônia?

Jader Filho: Quando o presidente Lula levou a proposta para a ONU de que a COP pudesse ser feita em Belém, uma cidade amazônica, é para que as pessoas venham até a Amazônia entender suas potencialidades e problemas, comuns a Belém, mas também a Rio Branco, Manaus, Boa Vista, Porto Velho, Palmas, Macapá. O Brasil está fazendo sua parte, com um processo de seleção do PAC, levando abastecimento de água, cuidando do esgotamento sanitário, mobilidade urbana, renovação de frota, urbanização das nossas favelas, obras de drenagem, saúde e educação, trabalhando conjuntamente, retomando o pacto federativo com os Estados e municípios. Por outro lado, os países que mais poluem precisam fazer o processo de compensação. Isso foi discutido na COP de Paris e a gente precisa cobrar das grandes potências do mundo para que façam a sua parte, ajudando os países que não poluem, como é o caso do Brasil, ou poluem abaixo daquilo que é estabelecido como meta.

O LIBERAL: Existe uma expectativa de que, após a COP, o legado fique, mas que os investimentos continuem sendo feitos na cidade. Para além da COP 30, quais outros projetos do ministério das Cidades estão previstos para Belém?

Jader Filho: O ministério das Cidades, o governo federal de modo geral, não age de ofício. A gente não escolhe os lugares onde vamos fazer os investimentos, nós precisamos ser provocados. Mas eu acredito que o novo prefeito de Belém e o governo do Estado vão apresentar propostas, como em habitação. Por exemplo, no programa Minha Casa, Minha Vida [MCMV], já temos mais de 2.800 unidades habitacionais selecionadas em Belém; fora as entregas programadas para o primeiro trimestre de 2025, como o Viver Outeiro, com mais de mil unidades, e em Santarém, vamos entregar o Moaçara com mais de 1.400 unidades. Retomamos as obras do Viver Pratinha e do Viver Mosqueiro, avançando na questão habitacional. E com certeza, vamos avançar com o MCMV em todo o Estado, não só em Belém, além da nova seleção do PAC prevista para o primeiro trimestre de 2025, com investimentos em: mobilidade urbana, renovação de frota, drenagem, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, abastecimento de água rural e urbano, urbanização de favelas, contenção de encostas e regularização fundiária. Diversos temas por meio dos quais prefeituras e governos estaduais precisam provocar o Ministério das Cidades com projetos a serem analisados. Caso aprovados, colocamos recursos do orçamento da União ou através de financiamentos.

O LIBERAL: Belém foi uma das capitais que mais recebeu investimentos em 2024 por conta da COP 30?

Jader Filho: Sem dúvida. Apenas pelo governo Federal, foram investidos cerca de R$ 4,7 bilhões em Belém. Quando somamos os aportes do governo do Estado e da iniciativa privada, Belém se torna uma das cidades que mais receberam recursos no país em 2024. Isso se dá, obviamente, devido aos 15 dias em que a COP 30 será realizada, para garantir equipamentos disponíveis aos visitantes, entre líderes mundiais e turistas, participantes do maior evento climático do planeta. Mas, após isso e até mesmo antes, essas obras serão para o povo de Belém e para os turistas, que seguramente virão muito mais depois da COP. Pelo aspecto da geração de emprego e de novos negócios, vamos ter dois momentos: antes e depois da COP 30.

O LIBERAL: Que mensagem o senhor gostaria de deixar para Belém neste aniversário de 409 anos?

Jader Filho: Este é um momento muito especial para nossa cidade. Como belenense, faço um agradecimento ao presidente Lula, ao governador Helder e à vice-governadora Hana; fico muito orgulhoso de ver minha cidade avançando e crescendo. E mais orgulhoso ainda como paraense, de poder estar trazendo investimentos ao meu Estado. São R$ 6 bilhões investidos pelo ministério das Cidades só no estado do Pará. Vou continuar aqui em Brasília como embaixador do Pará, trabalhando firme para que mais investimentos em saúde, educação, esportes possam chegar ao nosso Estado. Desejo a todos um 2025 abençoado, que Nossa Senhora de Nazaré nos abençoe e que Deus nos proteja. Tenho certeza de que 2025 será um dos maiores, senão o maior ano da história da nossa capital e do Pará.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM